O Globo
Em algum
momento, os comandantes militares devem parar essa roda, pois já há gente
chamando generais de 'melancias'
É velha como a Sé de Braga a afirmação de
que quando a política entra num quartel por uma porta, a disciplina sai pela
outra.
No princípio, um general pensa de
uma maneira, e outro, de outra. Depois, a divergência passa aos coronéis, e
assim sucessivamente.
Em algum momento, os comandantes militares
devem parar essa roda, pois já há gente chamando generais de “melancias”
(verdes por fora, vermelhos por dentro). Chegou-se ao ponto de um sargento
lotado no Gabinete de Segurança Institucional postar uma mensagem dizendo que
Lula não subirá a rampa do Planalto no dia 1º de janeiro.
A turma da transição quebrou a
cabeça para escolher um ministro da Defesa. Pode ser importante, mas não é
tudo.
Os três novos comandantes das Forças
assumirão seus postos com a tarefa de colocar ordem nas casas.
Há chefes militares que empurram a disciplina com a barriga (Lyra Tavares, desastrosamente, em 1969) e chefes que a defendem com o pulso (Leônidas Pires Gonçalves de 1985 e 1990, e Orlando Geisel de 1969 a 1974).
Estão aí, calados, dois comandantes
que chefiaram o Exército sem tumultos: Enzo Peri (2007-2015) e Gleuber Vieira
(1999-2003).
Os dois sabem das coisas e
afastaram-se da vida pública. Ouvi-los pode ser boa ideia. Ambos estão
esquecidos, graças a duas regras de ouro do profissionalismo militar: se você é
paisano e não sabe quem é um general, ele é um grande oficial, e se ele passou
por um grande comando e você se esqueceu dele, foi um grande comandante.
Quem
matou Jane Stanford?
Saiu
um excelente livro nos Estados Unidos, é “Quem matou Jane Stanford?” (“Who
killed Jane Stanford”). Seu subtítulo diz tudo: “Uma história de assassinato,
enganos, espíritos e o nascimento de uma universidade”. Todo baseado em fatos
reais e documentados. O autor, Richard White, é professor de Stanford e já
escreveu outro livro, sobre o surgimento das ferrovias americanas.
Leland Stanford e sua mulher, Jane, seriam
um casal a mais na história americana se o filho, Stanford Jr., não tivesse
morrido aos 19 anos na Itália. Eles quiseram lembrá-lo e criaram na Califórnia
uma universidade com seu nome.
O filantropo Leland foi um dos
Barões Ladrões do seu tempo e cravou o prego de ouro na estrada de ferro que
uniu as duas costas dos Estados Unidos. Jane, sua mulher, foi uma senhora
esquisita, que recebia mensagens do marido e do filho mortos. Nesses tempos, o
presidente dos Estados Unidos e a rainha da Inglaterra também se comunicavam
com o outro mundo. Jane Stanford foi envenenada em 1905, aos 76 anos.
Viúva, ela se metia com os
currículos da Universidade Stanford e pedia a demissão de professores.
Encantou-se com um jovem que se parecia com o filho morto. Desconfiava dos
parentes, um dos quais dizia ter fotografado o espírito de Stanford Jr.
Sem dúvida, alguém tentou
envenená-la com estricnina ainda em 1904, e ela sabia disso.
O professor White narra a vida de
milionários e futricas acadêmicas, e na sua lista de suspeitos estão o mordomo,
assistentes, criados, mestres e herdeiros. White conta sua história conhecendo
a vida dos milionários e as intrigas universitárias.
Jane Stanford embarcou para o Havaí
em fevereiro de 1905. Levava muitas malas, uma caixa de remédios, joias que
valiam US$ 2 milhões em dinheiro de hoje, e uma caixa de remédios.
No dia seguinte ao desembarque
passeou, jantou, tomou os remédios, passou mal e morreu. O médico, ao provar o
que seria o bicarbonato da senhora, percebeu que nela havia estricnina. A
autópsia achou vestígios do veneno.
Nunca se soube quem matou Jane Stanford.
O professor White ocupa metade do livro lidando com a pergunta. A investigação
deslizou para o submundo do crime de Chinatown e da polícia da Califórnia.
White prova que todos os suspeitos mentiram — das assistentes de Jane ao criado
chinês. Grandes interesses precisavam que não houvesse estricnina nem
envenenamento. Se Jane Stanford tivesse morrido de causas naturais, a
universidade ficaria com uma boa parte da herança.
No dia 24 de março, quando Jane Stanford
foi sepultada em San Francisco, deu-se o cenário inverso do “Assassinato no
Expresso Oriente”, de Agatha Christie: naquele, foram todos; neste, não foi
ninguém. Jane teria morrido por causa de uma miocardite crônica.
Diante desse desfecho White
escreveu:
“A história não termina aqui. Alguém
matou Jane Stanford.”
O professor White tem um irmão que
escreve romances policiais. Conversando e lendo documentos e memórias,
acreditam que desvendaram o crime.
Transparência
Perguntado
se aceitaria um lugar no Ministério de Lula, o empresário Josué Gomes da Silva
respondeu: “Sim.”
Se toda a equipe de Lula assumir com
esse grau de sinceridade, as coisas vão melhorar.
José de Alencar, pai de Josué, foi o
vice de Lula nos seus dois mandatos. Manteve suas opiniões e a fidelidade ao
presidente.
Fiesp
Passadas
algumas demandas do naufrágio da tentativa de golpe contra Josué Gomes da Silva
na presidência da Federação das Indústrias de São Paulo, fortaleceu-se a
impressão de que a trama nasceu no Conselho Superior do Agronegócio da
instituição.
De
olho no Sistema U
Lula
está de olho em alguns ministérios (não todos) e no comando da
Controladoria-Geral da União, bem como na Advocacia-Geral da União.
Lula
e a Alemanha
Lula
ganhou um argumento para negar cargos a figuras que são favoritas na bolsas de
apostas:
Isso acontece. A Alemanha foi
eliminada na Copa do Catar.
Imposto
sindical
Cozinha-se
no comissariado dos sindicatos a ressurreição do imposto sindical.
Extinto no governo de Michel Temer,
ele mordia compulsoriamente um dia de serviço anual dos trabalhadores. Com a mesma
cara, ele não voltará.
Poderá vir, disfarçado de
contribuição destinada a remunerar o trabalho do sindicato em serviços de
assistência e na negociação de dissídios.
O coração do problema está na
contribuição compulsória, inclusive para trabalhadores que não se
sindicalizaram.
Há sindicatos que não prestam quaisquer
serviços e, nos dissídios, consultam primeiro os empregadores.
Estatística
O
ministro Alexandre de Moraes, que cuida dos inquéritos das manifestações
golpistas, está diante de duas estatísticas. Uma é horrível, a outra é
didática.
A horrível é de Pindorama: ninguém
foi preso pela baderna dos caminhoneiros de 2018. Ela quebrou uma perna do
governo de Michel Temer, foram abertos dezenas de inquéritos, e ninguém foi
para a cadeia.
A outra vem dos Estados Unidos. No
dia 6 de janeiro de 2021, uma multidão golpista invadiu o Capitólio. Pelo menos
955 cidadãos estão espetados na Justiça, cerca de 800 passaram pela cadeia e
perto de 200 já foram condenados.
Faro
De
duas pessoas que conhecem a política americana:
A primeira garante que Donald Trump
acabou.
A segunda acha que seu lugar será ocupado por Ron De Santis, atual governador da Flórida, muito mais perigoso que Trump, por ser mais inteligente.
"Em algum momento, os comandantes militares devem parar essa roda, pois já há gente chamando generais de 'melancias'"
ResponderExcluirNão importa se são melancias ou não. Importa q a indisciplina não é boa pras FA. Porém, interessa ao genocida. Impressiona a facilidade com q altas patentes foram cooptadas pelo palerma da República. O prejuízo pra imagem dos milicos é gigantesco - pazzuelo jogou na lama a imagem de competência das FA mais do q o PT faria mesmo q tentasse.
Pra q as FA armadas aceitem de bom grado este baque bolsonarista, é necessário q acreditem q tiveram ganho em outro ponto.
Isso nos leva à ideologia militar ensinada em quartéis - nosso milicos de alta patente são Quixotes modernos q se creem lutando contra um inimigo, o comunismo, cuja expressão mais ameaçadora é o PT.
COMO NÃO HÁ AMEAÇAS COMUNISTAS REAIS NESTE PAÍS , AS FA FICAM SÓ COM O PREJUÍZO À IMAGEM SEM O GANHO ILUSÓRIO DA VITÓRIA CONTRA O COMUNISMO.
LULA TERÁ ENORME TRABALHO PRA DESPOLITIZAR AS FA.
Cruzes!
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