O Globo
Governo Bolsonaro sai mal na foto na
comparação com o passado e também não faz boa figura na comparação com outros
países no presente
Chega ao fim o governo Bolsonaro. O saldo
final da sua gestão soa divorciado do ufanismo oficial. Abaixo figuram as taxas
de crescimento da renda per capita em diversos governos do país, assumindo um
crescimento do PIB de 3% em 2022.
Foi preciso fazer algumas simplificações,
resultantes do fato de que os governos no passado não começavam em janeiro e de
que alguns presidentes apenas completaram o mandato de outros, mas
resumidamente o desempenho do PIB per capita seguiu a trajetória mostrada no
gráfico 1, em termos de taxas médias anuais (%).
Noves fora as oscilações (com destaque para a reconstrução no governo Temer), mantivemos o quadro de relativa estagnação econômica no qual mergulhamos depois de 2010. Há um quê de ironia no fato de que no período 1995/2010, no conjunto dos governos FH e Lula — período ao qual o ministro Paulo Guedes costumava se referir como expressão do que ele denominava “fracasso social-democrata” — o país tenha experimentado um crescimento da renda per capita de 1,9% a.a. e, no período no qual o outrora crítico virou ministro, o crescimento do mesmo indicador sequer tenha alcançado 1% a.a.
Se aquilo era um “fracasso”, os últimos
quatro anos teriam sido o que? É inevitável lembrar a avaliação feita pelo
mesmo personagem décadas atrás, acerca das peripécias de um antecessor no
cargo, quando ele disse, em outro contexto, a sentença de que “quando se coloca
um bom ministro em um mau governo, quem mantém a reputação é o governo — e quem
perde é o ministro”. É difícil não concluir que se tratou de uma frase
profética.
Alguém poderia alegar, com razão, que a
comparação com o passado estaria prejudicada pelo fato de que, em 2020, o país
e o mundo foram sacudidos por um evento sem paralelo nos outros períodos acima
considerados. Isso é verdade, não obstante o que, dois anos depois daquele ano
fatídico, o resto do mundo já se recuperou da crise, assim como o Brasil.
A rigor, se o governo Bolsonaro sai mal na
foto na comparação com o passado, ele também não faz boa figura na comparação
com o presente.
Para isso, podemos cotejar o país com
outros países relevantes do mundo, considerando critérios de representatividade
e relevância para a economia mundial ou em termos populacionais. É isso o que é
mostrado pelos outros números expostos no gráfico 2, referentes ao crescimento
médio do PIB nos quatro anos entre o ano-base de 2018 e 2022, também em termos
de taxas médias anuais, para um conjunto de países ou grupos de países
selecionados.
E, evidentemente, cabe sempre lembrar que
estamos tratando aqui de um indicador agregado (PIB), que procura refletir o
grau de bem-estar geral, mas que a avaliação de um país vai muito além desse
indicador. No caso brasileiro, se na economia estamos longe de ter tirado uma
nota espetacular, para qualquer outro indicador que se olhe — número de mortes
por milhão de habitantes na pandemia, situação da educação, níveis de
desmatamento na Amazônia etc. — o resultado é trágico.
Se o desempenho econômico não foi
brilhante, a verdade é que, com a inflação a caminho de ficar abaixo de 6%
quando em 12 meses tinha chegado a 12%, com uma dívida bruta em relação ao PIB
inferior à do final do governo anterior e com um crescimento de 3%, afirmar que
a economia brasileira está devastada é simplesmente ridículo.
Por outro lado, olhando para o período de
quatro anos e, principalmente, para o desastre observado em todas as áreas
tirando a economia, o presidente Bolsonaro tem todo o direito de pretender ser
novamente candidato à presidência em 2026, mas a pergunta que cabe fazer é:
após o resultado das políticas públicas em 2019/2022, revanche em nome do que?
O DESgoverno Bolsonaro é resultado da incompetência do GENOCIDA e do servilismo do Paulo Guedes. Ambos, adoradores do PODER acima de tudo, e pouco preocupados com a população que esteve sob suas influências malignas. Foi um DESgoverno das trevas!
ResponderExcluir"Governo Bolsonaro sai mal na foto na comparação com o passado e também não faz boa figura na comparação com outros países no presente"
ResponderExcluirA dupla bozo/jegues é um fracasso total. Mas toca o berrante e o gado segue atrás. Perdemos 4 anos. Reconstruir será muito custoso.