Valor Econômico
Aliados querem que presidente se pronuncie
hoje
Dois meses atrás, entre o primeiro turno e
o segundo, o humor daqueles que frequentavam o Palácio da Alvorada oscilava
entre a preocupação com o desempenho do morador da residência oficial da
Presidência na reta final da campanha e um relativo otimismo com uma virada.
Esta não aconteceu, mas a atenção com o comportamento de Jair Bolsonaro
permanece.
Os que ainda têm livre acesso a ele tentam,
em reunião nesta quarta-feira, convencê-lo a fazer um pronunciamento à nação.
Uma despedida.
O formato ainda se discute. Pode ser a
última das suas famigeradas “lives” ou, até mesmo, uma postagem protocolar nas
redes sociais. Mas o apelo é para que Bolsonaro, sem foro privilegiado a partir
do domingo e decidido a viajar aos Estados Unidos para não prestigiar a posse
do sucessor, pelo menos dirija algumas palavras aos seus eleitores e aos
apoiadores que se recusam a aceitar a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva.
Ele não deve voltar antes do carnaval. Seus interlocutores defendem que espere os primeiros cem dias de Lula III para ver a popularidade do rival, retomando, na sequência, o projeto de viajar pelo país.
Uma declaração o recolocaria na condição de
potencial líder da oposição. E poderia acalmar os ânimos daqueles que,
acampados em frente a quartéis, já ultrapassaram a fronteira da legalidade e
adotaram métodos terroristas.
Incentivada pelo silêncio do presidente,
essa turma vive de “fake news" no “Bolsoverso” - espécie de metaverso onde
se experimenta uma vivência paralela fomentada por notícias falsas relacionadas
a uma ruptura institucional. Outro dia, por exemplo, afirmou-se que a posse não
poderia ocorrer até que fosse publicado um despacho específico no “Diário
Oficial da União” formalizando a diplomação do eleito. Mentira.
Em outro caso, espalhou-se a informação
falsa de que estava se dando mais respaldo jurídico para as Forças Armadas
agirem como poder moderador, como pregam interpretações equivocadas do artigo
142 da Constituição. Eles se referiam a uma portaria regulamentando as
atribuições da consultoria jurídica do Ministério da Defesa. Entre elas, “fixar
a interpretação da Constituição”.
Na vida real, fora do “Bolsoverso”,
regimentos internos de diversas pastas contêm exatamente o mesmo parágrafo.
Segundo ele, cabe à consultoria jurídica do órgão em questão “fixar a
interpretação da Constituição, das leis, dos tratados e dos demais atos
normativos, a ser uniformemente seguida na área de atuação do Ministério,
quando não houver orientação normativa do Advogado-Geral da União”.
Foi também a vida real que atrapalhou os
planos da reeleição na reta final da campanha, quando a vantagem de Lula nas
pesquisas diminuía.
As sondagens internas do comitê de
Bolsonaro captavam sinais semelhantes. Segundo esses levantamentos, o
presidente estava numa curva ascendente: projetava-se que ela poderia cruzar
com a linha gráfica que representava as intenções de voto em Lula no fim de
semana anterior ao pleito. Isso, claro, se tudo corresse bem.
Depois de muita resistência e seguidas
medidas eleitoreiras que ainda terão efeitos duradouros nas contas públicas,
Bolsonaro chegou a admitir que não agira corretamente durante a pandemia. E
intensificou a agenda de rua em Estados estratégicos.
Lula, por sua vez, ia ganhando adesões de
peso. Criadores do Plano Real, outros economistas de renome e empresários
importantes sinalizavam apoio ao petista, fortalecendo a construção da frente
ampla que semanas depois o conduziria em seu caminho de volta para o Planalto.
À medida que se aproximava o prazo
estipulado pelos estrategistas da campanha bolsonarista para a tal possível
virada, crescia a tensão no entorno do presidente. Perguntado se havia tempo
suficiente, um importante ministro avançou: Vocês estão achando que a volta de
Lula e do PT vai ser legal, vai ser boa para o país? Sem esperar a réplica, ele
mesmo respondeu. Disse que via o Brasil como a mocinha do icônico videoclipe da
música “Thriller”, de Michael Jackson.
No início do filme, o protagonista passa a
imagem de bom partido. Todo arrumado, pede a moça em namoro. “Os dois vão ao
cinema, assistem a um filme, comem pipoquinha.” Depois caminham, até passarem
por um cemitério, quando aquele que parecia um galã atrai zumbis para fora de
suas covas.
Na peça de ficção, o suposto mocinho
transforma-se, ele também, em monstro. E sai dançando, em coreografia, com as
criaturas que retornaram de outro plano. Com a alegoria, o auxiliar de
Bolsonaro criticava aqueles que estavam, na sua visão, deixando-se seduzir por
alguém que, apesar de um discurso brando durante a campanha, retornaria mal
acompanhado e com políticas públicas antiquadas.
O recado até poderia sensibilizar aqueles
que dão expediente na Faria Lima. Para baixo da pirâmide social, contudo, o
jogo era mais difícil.
Com sua postura negacionista na pandemia,
Bolsonaro perdeu pontos e mais pontos entre mulheres de classe média. Na visão
da ala política, o governo demorou a implementar o Auxílio Brasil e, quando o
fez, adotou um valor modesto. Defendia-se um benefício de R$ 800, para que o
efeito nas pesquisas eleitorais fosse mais rápido.
Bolsonaro acreditou que o discurso
religioso seria mais importante do que falar de economia, da vida real.
Percebeu que isso não era verdade quando, em um misto de inocência política e
arrogância, integrantes do governo fizeram uma reunião para planejar 2023 antes
de concluída a disputa. Nela, discutiu-se, entre os possíveis cenários, do mais
exequível ao mais remoto, a desindexação do salário mínimo. Documento vazado,
estrago eleitoral feito.
Aquele fim de semana usado como potencial
ponto de inflexão pela campanha bolsonarista chegou e, com ele, o criminoso
ataque do ex-deputado Roberto Jefferson a agentes da Polícia Federal. Na
sequência, a deputada Carla Zambelli ameaçou um homem negro com uma arma, após
ter uma discussão política.
Os episódios afastaram aqueles que ainda
poderiam apoiar a reeleição do presidente, mas se assustaram com o nível de
violência. Esta preocupação inexiste no “Bolsoverso”, mas inclusive lá a posse
de Lula será uma realidade no domingo.
"He, he, he!",
ResponderExcluirdiria a Madre Superiora, que, graças ao Bom Deus, não entende nada de metaversos e quetais...
Os milicianos bolsonaristas, muitos armados e violentos, acampados na frente dos quartéis, vivem de delírios e mentiras, que seriam nossos pesadelos se viessem a se concretizar! Bye, bye, GENOCIDA! Deixa os milicianos otários chorando a tua partida... Até a volta! A Justiça e a CADEIA te esperam!
ResponderExcluirA viagem de Bolsonaro pros EUA mostra toda a COVARDIA do canalha... Foge daqui louco de medo de ser preso no começo do ano!
ResponderExcluirSe a campanha durasse mais um mês,Bolsonaro venceria a eleição.
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