Amanhã, 01 de janeiro de 2023, uma vez mais o gesto da passagem da faixa não ocorrerá. Mas, desta vez, a questão é um pouco mais séria. Jair Bolsonaro, 38º. presidente do Brasil, optou por um silêncio sepulcral após as eleições e por uma ausência eloquente nos dois últimos meses de poder, deixando um vácuo de liderança a partir do qual brotaram iniciativas estapafúrdias de setores radicalizados do bolsonarismo, envolvendo os atos de vandalismo no dia da diplomação dos eleitos e a preparação de atos terroristas antidemocráticos.
Melhor teria sido que Bolsonaro tivesse
reconhecido os resultados, apesar de suas críticas ao processo eleitoral,
reivindicado a liderança da oposição ao Governo Lula, prometendo uma ação
política oposicionista forte no Congresso Nacional e nas ruas, estimulado a
participação da sua militância no PL e nas eleições municipais, mantendo a
chama acesa, mas dentro das quatro linhas constitucionais.
Vamos acender uma vela e cruzar os dedos
para que nenhum insano tente ofuscar a posse do novo governo com atos
inspirados na cultura do ódio e do golpismo violento. As próprias lideranças
institucionais do bolsonarismo deveriam renovar sua opção pelo jogo democrático
e se posicionar para capitalizar um eventual fracasso do projeto liderado pelo
PT, dentro do princípio da alternância do poder. O terrorismo, na história do
Brasil e do mundo, só semeia pânico e o isolamento político de seus
protagonistas.
Pode-se gostar ou não de Lula, mas ninguém
pode negar que seja um líder político habilidoso e experiente. Nos últimos dois
meses, pacificou a convivência com as Forças Armadas, baixou a temperatura do
relacionamento entre os Poderes, construiu uma ampla base de apoio parlamentar.
Tudo indica que haverá apenas a oposição de direita liderada por Bolsonaro e o
PL, a oposição de centro democrático capitaneada pela federação PSDB/Cidadania
e o relacionamento pragmático do PP de Arthur Lira e dos Republicanos.
A situação é grave e os desafios são
enormes. O foco tem que ser a mais rápida possível retomada do desenvolvimento
inclusivo e sustentável.
Na política monetária e cambial não temos
grandes problemas. O Banco Central independente e o sistema de metas
inflacionárias, por um lado, e o câmbio flutuante com reservas internacionais confortáveis,
por outro, ancoram fundamentos sólidos nestas áreas. O grande “Calcanhar de
Aquiles” se encontra no plano fiscal. E as decisões tomadas nas últimas semanas
demonstram claramente uma baixíssima consciência do problema. Sem estabilidade
econômica e confiança não haverá crescimento econômico, combate às
desigualdades e políticas públicas qualificadas duradouras.
Mas que venha 2023! Vamos na onda de nosso genial octogenário baiano: “Andá com fé eu vou, que a fé não costuma faiá”. Feliz Ano Novo.
Com fé vai se longe,então,fé em Deus e pé na tábua.
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