O Globo
Fala de Alexandre de Moraes de que
responsáveis por ataques à democracia serão "integralmente
responsabilizados" é indireta direta para Bolsonaro
Os discursos de Lula e de Alexandre de
Moraes na diplomação do presidente e do vice-presidente eleitos foram pródigos
em recados, em mais uma mudança de paradigma entre as tantas de 2022: o que é
mais um ato protocolar do processo eleitoral ganhou simbolismo maior diante das
persistentes tentativas de deslegitimar o processo eleitoral por parte de
apoiadores de Jair Bolsonaro. O principal desses recados veio do presidente do
Tribunal Superior Eleitoral justamente para o ainda presidente, ausente como
tem estado desde 30 de outubro: os responsáveis pelos ataques à democracia já
estão sendo detectados e serão "integralmente responsabilizados".
Moraes fez de seu discurso na posse um
desabafo diante de todos os ataques que sofreu na pessoa física e das
tentativas de solapar o Judiciário e o processo eleitoral. Acabou se estendendo
mais que o próprio Lula, roubando um pouco a cena de uma solenidade na qual não
era o protagonista. Mas acabou sendo, como foi na eleição como um todo.
Esse protagonismo não foi buscado por ele ou pela Justiça em primeira mão, mas também não foi evitado. Tanto que ele próprio disse que o Judiciário mostrou que é forte e altivo, e não se acovarda. Moraes listou três pilares que são atacados quando se tenta subverter a democracia no mundo: a liberdade de imprensa, o sistema eleitoral e a independência do Judiciário. Listou as formas como esse tripé foi atacado nos últimos anos no Brasil e a forma como as redes sociais foram usadas por milícias extremistas para esse intento.
Lembrou que ao longo das várias eleições em
que foi usado o sistema eletrônico de votações nunca houve uma fraude, além dos
avanços em termos de transparência e franqueamento de acesso ao sistema para
entidades brasileiras e internacionais.
Os discursos do presidente do TSE e de Lula
tiveram como ponto central a defesa da democracia e a constatação de que ela
está sob ataque deliberado. Nenhum deles citou Bolsonaro ou o bolsonarismo, mas
não era necessário. A descrição do processo e dos métodos evidenciou o destino
dos recados.
A fala sobre responsabilização cairá como
uma bigorna sobre a cabeça de um presidente que abdicou dos dois últimos meses
de seu governo para ficar num bunker incitando tramoias golpistas, com
postagens pseudo-enigmáticas e infantis nas redes sociais, ou mesmo com falas
propositalemente dúbias para os apoiadores do cercadinho.
Se Bolsonaro pretendia se fiar na costura
de algum acordão que evitasse que passe por um processo de incitação a uma
insurreição, está claro que não funcionará. Outra prova disso veio da
diplomação: com exceção dele e de seus ministros no ocaso da atividade, toda a
República estava ombreada na sede do TSE reconhecendo a vitória e a diplomação
de Lula e Alckmin, a etapa que encerra o processo eleitoral.
Com a divulgação de mais ministros e a
esperada aprovação da PEC da Transição nesta semana, novas etapas da passagem
de bastão se cumprirão. Se Bolsonaro e seus seguidores que ainda estão
acampados em quartéis aceitarão a realidade, são outros quinhentos. Mas as
falas desta segunda-feira não deixam espaço para maquinações ou margem para
manobras. Os militares certamente perceberam isso e entenderam a mensagem, caso
o capitão ainda esteja em negação.
Pimba!!!
ResponderExcluirBigorna neles!
Cadeia para o GENOCIDA, após processos e condenações!
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