Folha de S. Paulo
Indefinição sobre dinheiro de emendas e
cargos travou votação de pacotão de gasto
Luiz Inácio Lula da
Silva pode até conseguir aprovar o aumento de gastos
previsto no pacotão da PEC. A votação
ficou para terça-feira que vem e ainda não há acordo sobre como vai
ficar a emenda. Se aprovada a PEC, mesmo aos trancos e barrancos, seria uma
demonstração de força política. Mas força muito provisória. Além do mau começo
econômico, há desarranjo político.
Diz-se que a PEC enroscou porque Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, estaria cobrando muito caro pela aprovação da emenda, em termos de cargos para si e seu grupo. Pode ser. Mas se ouve de muito mais gente o ranger de dentes pela falta de promessas firmes de lugar rendoso no governo Lula 3
Talvez mais importante, causa problema a
indefinição de quais serão as regras
de distribuição de emendas de relator, o dito orçamento secreto, e do
dinheiro que de fato haverá para distribuir por estes escaninhos em 2023.
Não há cargos bastantes e talvez nem
dinheiro, mesmo com o pacotão de pelo menos R$ 145 bilhões da PEC. Tem deputado
que diz ser "inacreditável" a história de que pode não haver
Orçamento suficiente para pagar emendas —história que diz ter ouvido de
lulistas.
Para piorar, reclama-se da falta de um
"ministro político".
"Tem o Lula e muita gente falando, mas
ninguém sabe qual é a decisão, quem fecha acordo e fica responsável por pagar a
conta", diz um deputado relevante. A queixa vai do aliado MDB a parte de
partidos da coalizão bolsonarista que quer vaga no novo governo, passando pelo
União Brasil.
O sururu vai além, pois até cacique
partidário vaza por aí que, se Lira quer reeleição, precisa partilhar parte do
butim que o presidente da Câmara levaria com a aprovação da PEC.
Sem acordo sólido, aliás muito difícil
antes da posse do novo Congresso, de algumas nomeações para o ministério e de
arranjos de poder no comando do Congresso (comissões principais etc.), é fácil
ouvir de parlamentares que não vale a pena dar a Lula dois anos de
"licença para gastar". Ainda que se aprovem PEC e Orçamento neste
ano, "a luta continua" e, pior, pode haver tensão até na reeleição de
Lira. Curiosamente, faz duas semanas, não era esse o clima em relação a PEC.
Agora, até a vergonha da mexida
na Lei das Estatais, de interesse de Lula e
do Congresso quase inteiro, está na dança.
As dificuldades com a PEC eram tamanhas
que, nesta quinta-feira, discutia-se até qual gambiarra legal inventar para
garantir, ao menos, o pagamento do Bolsa Família de
R$ 600, o que é pouco, pois há outras emergências. Não é dinheiro que
justificasse gasto extra de R$ 145 bilhões ou até quase R$ 169 bilhões, como
está na PEC, mas o governo, dadas as despesas obrigatórias, está no osso e
parte da administração federal pode emperrar sem algum alívio orçamentário.
Em resumo, os problemas se embaraçaram:
cargos, indefinição sobre emendas de relator, reeleição de Lira, falta de
clareza de onde virão os fundos para as emendas, montagem de coalizão e o fato
de o comando político de Lula 3 apenas ter sido quase oficializado agora.
Alexandre Padilha deve ir para a Secretaria de Governo, sendo o negociador
oficial do Planalto, com Jacques Wagner (PT-BA) na liderança do Senado e José
Guimarães (PT-CE) na Câmara.
Quanto às emendas de relator, afora falta
de entendimento da divisão do butim pelo Congresso, com porcentagens estritas,
vai ser preciso esperar a decisão do Supremo sobre o assunto. Ficou para a
semana que vem, até porque ainda vai haver essa coisa esdrúxula de negociação
de ministros do STF com líderes do Legislativo.
Feira livre
ResponderExcluirFeira livre no meio do esgoto...
ResponderExcluirA impressão é que o Bolsonaro continua e continuará fazendo das suas por muito tempo mais. É preciso de um “Despacho” urgente ou ele continuará como o seu ídolo Trump, sem desencarnar.
ResponderExcluirEles só pensam neles,o povo que se ferre.
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