O Globo
A coisa mais perigosa do mundo é arriscar
previsões sobre o comportamento de Jair Bolsonaro. Mesmo assim, é indiscutível
que, depois da missão Michel Temer, em setembro do ano passado, ele baixou o
verbo com os ministros do Supremo Tribunal Federal. Parece que a nota do
almirante da reserva Antonio Barra Torres, diretor-presidente da Anvisa,
levou-o a baixar a bola também no ridículo conflito em torno da vacina das
crianças. Se disso resultar uma moratória de Bolsonaro diante da pandemia, o
ano de 2022 terá começado melhor.
Desde que o coronavírus entrou na agenda
mundial, o capitão errou todas. A “gripezinha” matou mais de 620 mil pessoas, e
a cloroquina serviu para nada. A boa notícia veio do funcionamento do programa
de imunização, área em que o Brasil tinha um desempenho histórico louvável. A ele,
somou-se o comportamento da população, vacinando-se. Nem o declínio na
qualidade da gestão do Ministério da Saúde foi suficiente para anestesiar os
brasileiros.
Se Bolsonaro parar de exercer ilegalmente a medicina, deixando a pandemia para os médicos, todo mundo ganha.