sexta-feira, 11 de março de 2022

Vera Magalhães: Gasolina no palanque

O Globo

A guinada no discurso público de Jair Bolsonaro sobre o preço dos combustíveis mostra a dificuldade, até aqui, de o presidente conseguir equacionar este que é claramente o assunto que mais lhe tira o sono hoje, pelo potencial de estrago eleitoral que tem.

Nos últimos dias, as conversas interministeriais, com o mercado e com a direção da Petrobras tinham sobre a mesa algumas alternativas, todas heterodoxas e fora do receituário liberal clássico, para conter a alta da gasolina, do diesel e do gás de cozinha.

Enquanto isso, esses preços vinham sendo represados sem anúncio formal, desde janeiro no caso dos combustíveis, há 152 dias no do gás. Até que a Petrobras acabou abrindo as comportas, e as reações a uma alta significativa dos três itens foram de espanto e corre-corre em busca, de novo, de uma solução pretensamente simples para um problema cada vez mais complexo, em virtude da imprevisibilidade da guerra na Ucrânia.

Bernardo Mello Franco: O vai ou racha dos ruralistas

O Globo

A caravana dos artistas não comoveu os profissionais do Congresso. Na quarta-feira, uma trupe liderada por Caetano Veloso percorreu gabinetes e lotou a Esplanada num ato pela Amazônia. No plenário, os deputados ignoraram os visitantes ilustres e avançaram com o projeto que libera a mineração em terras indígenas.

O texto pró-garimpo passará a tramitar em regime de urgência. Pelos planos de Arthur Lira, deve ir a votação definitiva em abril, às vésperas do Dia do Índio. Parece provocação — e talvez seja mesmo.

O lobby da devastação perdeu o medo da opinião pública. Com a vitória de Jair Bolsonaro, madeireiros, garimpeiros ilegais e grileiros de terra já haviam conquistado as chaves do Planalto. Agora eles também contam com a cumplicidade e o apoio do presidente da Câmara.

Fazendeiro em Alagoas, Lira já comandou a aprovação de ao menos quatro projetos que criam riscos graves ao meio ambiente. “Em todos os casos, atropelou-se o processo legislativo com regimes de urgência e votações sem debate, baseadas em mentiras”, critica o advogado Mauricio Guetta, professor de Direito Ambiental na PUC-Rio.

Flávia Oliveira: Alta na bomba, risco à mesa

O Globo

A guerra na Ucrânia aporta na vida real das famílias brasileiras nesta sexta-feira, quando entra em vigor o reajuste da Petrobras nos preços da gasolina (18,8%), do óleo diesel (24,9%) e do gás de cozinha (16,1%) nas refinarias. O tarifaço segue a política de paridade da estatal ao câmbio e à cotação internacional do petróleo. Economistas foram às contas. Estimam impacto de 1 a 1,5 ponto percentual na inflação oficial no bimestre março-abril. O economista André Braz, responsável pelos índices de preços da FGV, estima que o IPCA de março pode chegar a 1,5%, se o aumento dos combustíveis for inteiramente repassado (0,9 ponto percentual) aos consumidores, a partir do dia 11. Confirmado, será o maior resultado para o mês desde os 1,55% de 1995, ano seguinte ao Plano Real. E ainda restaria resíduo de 0,4 ponto percentual para os dez primeiros dias de abril.

O impacto, sobretudo, da gasolina na inflação é o lado mais facilmente mensurável — mas não o pior —do choque global nos preços das commodities decorrente do conflito na Europa. O produto é o item de maior peso (6,58%) no índice da meta de inflação e interessa à classe média, fatia barulhenta do eleitorado. Em ano de corrida presidencial, foi içado pelo mundo político ao topo de um arcabouço de medidas de custo alto e efeito incerto. O governo acena com subsídio bilionário, que pode favorecer quem anda de carro e neglicenciar os que precisam do gás para cozinhar, mas podem nem ter comida para levar ao fogão.

Luiz Carlos Azedo: Impacto da guerra chega ao Brasil com aumento de combustíveis

Correio Braziliense

As sanções econômicas de EUA, Canadá, Inglaterra e União Europeia contra a Rússia serão mais duradouras do que a guerra da Ucrânia

Os efeitos da guerra da Ucrânia na economia brasileira chegaram muito mais rápido do que se imaginava, com o aumento de 24,93% dos combustíveis anunciado, ontem, pela Petrobras. O reajuste teve impacto imediato na opinião pública e em segmentos que apoiam o presidente Jair Bolsonaro, sobretudo os caminhoneiros, cujos líderes já estão estrilando nas redes sociais. O preço do gás de cozinha leva os ecos da invasão russa para dentro de casa. Guerras sempre foram momentos disruptivos na economia dos países, dessa vez mais ainda, em razão de um mundo globalizado e conectado em redes.

Ontem, o ministro da Economia, Paulo Guedes, tentou minimizar os efeitos do reajuste dos combustíveis, a partir de medidas que estão sendo tomadas como a mudança no ICMS aprovada ontem pelo Senado: a criação de uma Conta de Estabilização dos Preços dos combustíveis (CEP). A proposta ainda precisa do aval da Câmara dos Deputados, cujo presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), reagiu duramente em relação ao aumento: “Me causou espanto a insensibilidade da Petrobras com os brasileiros — os verdadeiros donos da companhia. O aumento de hoje (ontem) foi um tapa na cara de um país que luta para voltar a crescer”, disse.

Reinaldo Azevedo: Bolsonaro ainda pode vencer

Folha de S. Paulo

Presidente é o primeiro direitista que consegue dar expressão popular à voz da reação porque fala aos simples

Chegamos a meados de março, e a candidatura de Jair Bolsonaro à reeleição não derreteu como muitos previam. Nunca apostei nessa possibilidade, como sabem os que me acompanham aqui e alhures. Ao contrário: escrevi, e mantenho a avaliação, que ele deve chegar competitivo ao segundo turno.

Subestimá-lo, ignorando a arena sanguinolenta das redes sociais em que também se trava a disputa, foi o erro mais tolo cometido em 2018. Por "competitivo", entenda-se: o presidente pode ser reeleito.

Lula parece ter a mesma avaliação. Em encontro com lideranças femininas na manhã desta quinta (10), foi direto: "A luta não será fácil. Não existe essa do ‘já ganhou’. Eleição, a gente só sabe o resultado depois da apuração".

Bruno Boghossian: Banco de reserva

Folha de S. Paulo

Manobra no PSD realça dificuldade na faixa que ainda tenta se espremer entre Lula e Bolsonaro

Notícias do território separatista da terceira via: o senador Rodrigo Pacheco desistiu de concorrer ao Planalto e deve ser substituído pelo governador gaúcho Eduardo Leite como presidenciável do PSD. Com o anúncio, sai um candidato que marcava 1% nas pesquisas e entra um nome que marca, no máximo, 3%.

A troca tem tudo para deixar a disputa eleitoral exatamente como está, mas também revela uma dificuldade crescente na faixa do mercado político que ainda tenta se espremer entre Lula e Jair Bolsonaro.

A busca do PSD por um candidato reserva realça a ideia de que o partido não está na corrida para valer. O lançamento de Pacheco era visto como uma manobra para evitar o alinhamento de políticos da sigla com o PT ou com o bolsonarismo ainda no primeiro turno. É difícil acreditar que Leite seja escalado para desempenhar um papel muito diferente.

Hélio Schwartsman: Segurar preço pode ser má ideia

Folha de S. Paulo

Russos experimentarão as piores dores das sanções, mas o resto do mundo também sofrerá

É possível que as sanções econômicas que a comunidade internacional baixou contra a Rússia surtam efeito. Empobrecer repentinamente a elite e a classe média de um país é uma receita infalível para minar a popularidade do governante de plantão. A incógnita é se Putin ainda depende do apoio de seus súditos para manter-se no poder ou se já criou uma estrutura sólida o bastante para resistir a pressões internas.

De certo, temos que, se são os russos que experimentarão as piores dores das sanções, o resto do mundo também sofrerá.

Ruy Castro: O Brasil ripado

Folha de S. Paulo

Teme-se pelas riquezas culturais e se sobrará alguma coisa quando o pesadelo acabar

"A Funai acabou", disse o fotógrafo Sebastião Salgado ao Globo. A instituição que hoje usa os mesmos nome, endereços, verbas, aviões e mordomias não é a mesma que, em seus primeiros 52 anos, fez o que pôde para proteger os índios. A Funai dos últimos três anos parece querer exterminá-los. Salgado responsabilizou-a pela contaminação em massa com Covid dos indígenas korubo, povo do Vale do Javari, no Amazonas, pelos invasores estimulados pelo governo. E esse é só um dos povos ameaçados.

Outra instituição, a Biblioteca Nacional, está à deriva há muito tempo. Seu ex-presidente nominal, um discípulo de Olavo de Carvalho, foi removido para a Secretaria Especial de Cultura, ex-Ministério da Cultura, este reduzido a humilhante apêndice do Ministério do Turismo, cujo atual titular é o sanfoneiro particular de Bolsonaro. Para dirigir a Biblioteca, indicaram um oficial da reserva da Marinha. A Biblioteca Nacional, uma das dez maiores do mundo, já teve como presidentes em seus 224 anos Raul Pompéia, Celso Cunha, Plínio Doyle, Eduardo Portella e Muniz Sodré. Nenhum deles jamais comandou um navio.

Celso Ming*: A pancada da gasolina e do diesel

O Estado de S. Paulo.

A pancada da correção dos preços da gasolina (+18,7%), do óleo diesel (+24,9%) e do gás de cozinha (+16,0%) terá efeitos econômicos e psicológicos.

Há meses o governo vem dando trombadas sucessivas entre seus ministros na tentativa de substituir o critério de definição dos preços internos aos equivalentes aos das importações (Paridade dos Preços Internacionais). Por não conseguir eleger outro critério, a Petrobras tem de aplicar o que está a seu dispor.

A ideia de que a variação dos preços internacionais não deve ser aplicada imediatamente, mas com certo intervalo, tem o inconveniente da superdosagem: em temporada de alta, quando feitos os reajustes nessas condições, a paulada pode ser bem menos suportável, como agora. Desta vez, a Petrobras ficou 57 dias sem corrigir os preços dos combustíveis.

O principal impacto econômico dessa correção é mais inflação na veia, que não acontece apenas por meio do aumento de custos.

Simon Schwartzman*: O apagão do ensino médio

O Estado de S. Paulo.

O que se tem é uma reforma confusa, sem ter quem a lidere e com alunos prejudicados por dois anos de escolas fechadas

Levantamento recente da Secretaria de Educação de São Paulo mostra o impacto da pandemia no ensino médio do Estado, que já não vinha bem. Em Língua Portuguesa, em 2019, os alunos que terminavam o ensino médio já estavam, em média, 3,83 anos atrasados em termos do que haviam aprendido, ou seja, sabiam menos do que o esperado no 9.º ano do ensino fundamental. Em 2021, este atraso havia aumentado para 4,24 anos. Em Matemática, o atraso, que era de 5,14 anos, aumentou para 6,53 anos, ou seja, tinham o nível próximo ao esperado no 5.º ano. É provável que, no resto do País, o impacto tenha sido maior.

É assim que estes estudantes estão entrando, em 2022, no novo ensino médio, estabelecido em 2017. Pela lei, os estudantes que entram no ensino médio como um caminho para o ensino superior deveriam escolher as áreas de estudo de sua preferência; para a maioria, sobretudo da rede pública, que não irá além do nível médio, seria possível obter uma qualificação profissional valorizada no mercado de trabalho.

Pedro Doria: MBL e a política da dopamina

O Estado de S. Paulo / O Globo

Mais que afundar a carreira política do deputado estadual paulista Arthur do Val (sem partido), o impacto das mensagens em áudio que ele gravou e foram vazadas traz lições importantes. Algumas são lições bastante antigas, bastava ter lido qualquer guia derivado de Maquiavel que se proponha à autoajuda do político iniciante. Mas outras não são tão triviais. Tratam dos limites do tipo de ação política digital usado pelo MBL, pelo bolsonarismo e mesmo pelo que alguns chamam de neobolchevismo digital. Arthur foi abatido pelas armas que sempre usou. Mais: por causa das armas que sempre usou.

É bom antes definir que arsenal é esse. É tratar política de forma histérica. Tudo é escândalo, e nunca há possibilidade do diálogo. O objetivo é manter o giro do conteúdo das redes sociais, um conteúdo que mobilize, deixe os seguidores sempre alertas. Como o escândalo de anteontem é sempre esquecido, é preciso se manter no ataque. É uma política movida a altas doses de dopamina. O neurotransmissor surgiu no processo evolutivo para nos deixar em estado de alerta quando há risco de vida, também regula o prazer, por isso mesmo é aquele jorro fugaz. A dopamina ativa aquilo que o viciado sente. Explode, aí passa rápido.

Fernando Abrucio*: 2013 foi o ovo da serpente

Valor Econômico / Eu & Fim de Semana

Se quisermos mudar o país para termos um futuro melhor, a renovação não pode se pautar pelo despreparo, insensibilidade social e moralismo hipócrita

A história humana é repleta de eventos paradoxais. Um dos mais comuns é a existência de momentos marcados pela busca do novo, que, ao final, resultam em retrocessos. A Revolução Francesa gerou Napoleão Bonaparte; a Russa, o totalitarismo de Stalin. No Brasil, multidões foram às ruas em junho de 2013 para pedir a renovação da política brasileira. Apostou-se muito no que viria daquele movimento cívico de massas. Porém, os principais grupos surgidos daquele episódio demonstraram ser o inverso do que diziam: só representam o retrocesso de tudo que o país conquistou desde a redemocratização.

Na verdade, nunca nutri grande esperança no discurso presente naquelas jornadas de junho de 2013, especialmente quando ouvia as soluções propostas para os problemas do país. Estava na avenida Paulista no dia 20 de junho, saindo do trabalho, e ouvi grupos gritando: “Sem partido”, frase que me lembrou a Marcha sobre Roma comandada por Mussolini em 1922. Parecia mais com a metáfora do ovo da serpente, para citar o famoso filme de Ingmar Bergman sobre as origens do nazismo. Pressenti tempos sombrios e, infelizmente, eles vieram.

Não se trata de criticar uma parte da agenda de problemas apresentados pelas ruas, como a necessidade de melhorar os serviços públicos, mas sim o ideário vencedor desse processo político. Ele se baseava num discurso agressivo, tanto na forma como no conteúdo, contra a velha política e as instituições sociais mais relevantes, em nome de uma mistura mal combinada de um ultraliberalismo quase infantil com um conservadorismo moral modernizado pela linguagem das redes sociais. Havia um sentimento de superioridade muito grande naquelas lideranças, quase todas muito jovens, que imaginavam que sabiam tudo e que podiam se contrapor aos seus adversários de forma desrespeitosa e pouco democrática.

José de Souza Martins*: O Estado suspeito

Valor Econômico / Eu & Fim de Semana

É preocupante que cheguemos às eleições de 2022 sem que as estruturas paralelas do poder abusivo e corrupto tenham sido devidamente investigadas, denunciadas e neutralizadas

Menções a corrupção e suas variantes têm sido frequentes no Brasil, as mais recentes relativas ao transporte, pela FAB, de parentes e amigos de membros do governo. Iniciativas têm sido tomadas para regulamentação tópica de anomalias como essa. Mas só essa. O resto permanece.

Há ainda os casos de uso de dinheiro público para viagens de membros do governo nem sempre claramente justificadas como sendo viagens por razões propriamente de Estado. É tal a falta de clareza que pesa sobre elas a suspeita de objetivos que não as justificam.

Ainda não se fez uma pesquisa consistente sobre a história da corrupção no Brasil para explicar-lhe as causas, as metamorfoses e a persistência. Pesquisa que abranja desde a época colonial, quando ainda não se usava essa palavra e o que hoje chamamos de corrupção ainda era outra coisa, mas era.

Claudia Safatle: Governo quer conter impacto da guerra sobre o diesel

Valor Econômico

Redução a zero da alíquota de PIS e Cofins sobre o combustível custará ao país R$ 13,5 bilhões

Uma decisão está tomada: assim que o projeto de lei complementar nº 11, aprovado ontem no Senado, for submetido à Câmara e sancionado pelo presidente Bolsonaro, o governo anunciará a redução a zero do PIS e da Cofins cobrado sobre o diesel. A medida valerá até o fim do ano e custará aos cofres públicos cerca de R$ 13,5 bilhões. São arrecadados com esse tributo cerca de R$ 18 bilhões por ano. Se tudo der certo, a redução dos impostos sobre o diesel valerá por nove meses e terá um impacto sobre o preço final do produto de algo entre R$ 0,30 e R$ 0,50 por litro.

Essa medida não afeta a lei do teto do gasto público e é, por enquanto, a única inciativa pronta do governo para enfrentar a substancial elevação de preços do óleo no mercado internacional, em decorrência da guerra da Ucrânia, país invadido pela Rússia no dia 24 de fevereiro.

A decisão da Petrobras de anunciar, ontem, o reajuste de 18,7% nos preços da gasolina e de 24,9% nos do diesel, aguçou o senso de urgência tanto no Senado quanto no Executivo. Passou-se da conversa para votação de duas propostas. Ambas foram aprovadas.

O que a mídia pensa: Editoriais / Opiniões

EDITORIAIS

Norte para o STF deveria sempre ser o comedimento

O Globo

Duas decisões recentes do Supremo Tribunal Federal (STF) trazem certo alívio em relação a uma questão, ao mesmo tempo, espinhosa e crítica para o futuro da democracia brasileira: o risco representado pelo ativismo judicial.

Na primeira, o Supremo manteve o trecho do Orçamento que destinou R$ 4,9 bilhões ao fundo eleitoral deste ano. Embora o relator, ministro André Mendonça, tivesse em seu voto de estreia defendido uma posição mais razoável dos pontos de vista político e moral — limitar o fundo aos valores de 2018 corrigidos pela inflação —, o Supremo não tem autonomia para mexer em destinações orçamentárias, atribuição constitucional do Parlamento.

Na segunda decisão, a Corte se recusou a rever o prazo que a Lei da Ficha Limpa estabeleceu para a inelegibilidade dos condenados: oito anos depois do cumprimento da pena. Como o STF já se pronunciara sobre a lei e, de lá para cá, não houve nada que justificasse reexaminar a questão, os ministros novamente se contiveram. Nem deram conhecimento à liminar do ministro Nunes Marques, que estipulava prazo de oito anos depois da condenação.

Poesia| Bertold Brecht: Precisamos de você

Aprende - lê nos olhos,
lê nos olhos – aprende
a ler jornais, aprende:
a verdade pensa
com tua cabeça.

Faça perguntas sem medo
não te convenças sozinho
mas vejas com teus olhos.
Se não descobriu por si
na verdade não descobriu.

Confere tudo ponto
por ponto – afinal
você faz parte de tudo,
também vai no barco,
"aí pagar o pato, vai
pegar no leme um dia.

Aponte o dedo, pergunta
que é isso? Como foi
parar aí? Por que?
Você faz parte de tudo.

Aprende, não perde nada
das discussões, do silêncio.
Esteja sempre aprendendo
por nós e por você.

Você não será ouvinte
diante da discussão,
não será cogumelo
de sombras e bastidores,
não será cenário
para nossa ação