domingo, 1 de maio de 2022

Dorrit Harazim: Consciência

O Globo

Convém não confundir as coisas — enquanto o cérebro nos é dado pela biologia, é a vida que transforma esse cérebro em mente. Há mais de 5 mil anos poetas e filósofos, sumidades religiosas e Prêmios Nobel de Medicina tentam desvendar os mistérios dessa dualidade. Avançou-se relativamente pouco. Embora o conhecimento científico dos atributos físicos e do comportamento do cérebro tenha dado saltos triunfais, a composição metafísica da mente humana continua fugidia. Isso porque ela pode ser definida como essência, não substância. A mente reflete tudo o que o corpo inteiro percebe e sente. Em suma, é o universo privado e subjetivo com que respondemos a emoções, medicamentos, enzimas, poluição, genes, hormônios, percepções e tudo o mais. Na mente de cada um também mora a consciência, que por vezes vem acompanhada de busca do saber, coragem de ver e ouvir. E de reagir.

Esta semana foi infame para a História do Brasil, pois não reagimos.

Merval Pereira: Novos olhares da política

O Globo

Foi-se o tempo em que a vitória do ex-presidente Lula nas eleições de outubro era dada como certa, e provavelmente no primeiro turno. Pesquisas recentes, feitas por diversos métodos e institutos, alertam para uma tendência de crescimento do presidente Bolsonaro, que em algumas delas já se aproxima de um empate técnico que os bolsonaristas acreditam que em julho estará superado a seu favor.

Erros na campanha petistas já estão sendo detectados, como a mudança do marqueteiro, e o isolamento dentro do partido de Franklin Martins, que não se sabe se continuará na coordenação da comunicação. Mas não é só isso. Existem queixas sobre a abordagem do PT nas coligações partidárias, tanto que a federação de esquerda não é integrada pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), apesar da indicação de Geraldo Alckmim para vice na chapa petista.  

Também o partido Rede Sustentabilidade, que decidiu oficialmente apoiar a candidatura de Lula, não teve a adesão do grupo de sua principal líder, a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva. Não que Marina não admita apoiar Lula, muito menos que, como Lula alega, tenha mágoa com o PT, mas seu grupo acha que não se deve dar apoio incondicional a ninguém antes que um programa específico seja negociado. Não deixaram de notar, por exemplo, que a palavra “sustentabilidade” não foi usada por Lula em nenhum momento de seu discurso na solenidade de oficialização do apoio.

Bernardo Mello Franco: A tática do abafa

O Globo

A oposição parece ter entendido a tática da comunicação bolsonarista. Falta deslocar o debate para o que importa

Lula levou cinco dias para comentar o indulto de Jair Bolsonaro ao deputado que incitou a violência contra ministros do Supremo. Na terça-feira, o petista foi questionado sobre o decreto do capitão. Depois de chamá-lo de “estúpido” e “medíocre”, justificou o próprio silêncio.

“Eu nem comentei nada porque tudo o que ele queria era o que aconteceu. Ele abafou o carnaval”, afirmou. “Ele fez isso na quinta-feira. Ficou quinta, sexta, sábado, domingo, segunda e terça no auge do noticiário. Tudo o que ele quer é permanecer no noticiário, e ele não tem nenhum interesse se é coisa boa ou ruim”, prosseguiu.

Bolsonaro sabe como desviar o foco de assuntos incômodos. Nos dias que antecederam o decreto, o IBGE registrou a maior inflação para março em 28 anos. O governo foi obrigado a admitir que os pastores lobistas do MEC estiveram 35 vezes no Planalto. O noticiário revelou novas suspeitas de desvios na Codevasf, estatal loteada entre deputados do Centrão.

Elio Gaspari: A crise tem data marcada

O Globo

O Brasil corre o risco de viver a sua maior crise institucional desde o dia 13 de dezembro de 1968, quando o marechal Costa e Silva baixou o Ato Institucional nº 5. Ela tem data e hora marcadas: a noite de 2 de outubro, quando se conhecerá o resultado da eleição.

O cenário é previsível: fecham-se as urnas, totalizam-se os votos e, caso Jair Bolsonaro seja derrotado, ele anuncia que não aceita o resultado.

Em 1951, essa cartada foi tentada contra a posse de Getúlio Vargas, com o argumento de que ele não conseguira a maioria absoluta dos votos. Não prosperou, mas o desconforto militar reemergiu e em 1954 custou a vida ao presidente.

Em 1951, tratava-se de uma chicana conceitual. Hoje o presidente é um crítico do sistema de coleta e totalização dos votos. Chega a dizer que foi eleito em 2018 no primeiro turno, mas surrupiaram-lhe a vitória. Faltam cinco meses para a eleição e Bolsonaro faz sua campanha hostilizando o Judiciário e propondo que as Forças Armadas participem do processo de totalização.

Bolsonaro revelou parte da questão:

“Uma das sugestões das Forças Armadas é que, ao final das eleições, os dados vêm pela internet para cá (Brasília) e tem um cabo que alimenta a sala secreta do TSE. Uma das sugestões é que desse mesmo duto seja feita uma ramificação para que tenhamos um computador do lado das Forças Armadas para que possamos contar os votos no Brasil.”

Luiz Carlos Azedo: Da Internacional ao 1º de Maio, os sinais estão trocados

Correio Braziliense / Estado de Minas

O estrago que o velho hino está fazendo às imagens de Lula e Alckmin não foi aferido, mas o meme faz a festa bolsonarista. Nada mais simbólico para a falsa tese de que Lula e Alckmin são comunistas 

Quando o Partido Comunista Brasileiro (PCB) foi fundado, em 25 de março de 1922, Astrojildo Pereira e seus oito companheiros de origem anarquista não sabiam cantar A Internacional, como registrou em seu poema Ferreira Gullar. Desde então, apenas os mais empedernidos comunistas sabem a letra do hino composto em 18 de junho de 1888 por Pierre Degeyter — um operário anarquista de origem belga, residente na cidade francesa de Lille —, com base no poema do também anarquista Eugéne Pottier, operário francês membro da Comuna de Paris.

O hino se tornou conhecido na França e se espalhou pela Europa após o congresso do Partido Operário Francês, em 1896. A ideia original de Pottier era fazer uma paródia da Marselhesa, o hino da Revolução Francesa, mas Degeyter deu-lhe vida própria. C’est la lutte finale./Groupons-nous et demain/L’Internationale/Sera le genre humain, o refrão original, na tradução portuguesa ficou assim: “Bem unidos façamos, / Nesta luta final, / Uma terra sem amos /A Internacional”.

A versão em russo serviu como hino da antiga União Soviética de 1917 a 1941, quando foi criado o hino soviético por Stalin, mas A Internacional continuou sendo o hino da maioria dos partidos comunistas. Entretanto, alguns partidos socialistas e social-democratas também haviam adotado o hino, antes do racha da II Internacional, por ocasião da Primeira Guerra Mundial. Hoje, são raros os que o mantêm.

Sérgio Augusto: Teatro de Molière é perfeito para definir o tempo em que vivemos

O Estado de S. Paulo

Metáforas de ‘Tartufo’ se aplicam aos hipócritas que nos cercam

Alguém só um pouco mais crescido que o menino que aporrinha o pai até descobrir o significado da palavra “plebiscito”, no antológico conto de Artur Azevedo, perguntou-me o que quer dizer “tartufo”. Não a homônima guloseima à base de chocolate, que ele já conhecia sob a forma de sorvete, mas os bípedes dignos desse epíteto; ou seja, aqueles indivíduos dados a cometer tartufarias ou tartufices. Gente que, evidentemente, não presta.

Como são muitos ao nosso redor, vez por outra não resisto à tentação de aludir ao traste que lhes deu origem e nomeada, substituindo com seu eufônico nome – Tartuffe (entre nós, Tartufo) – adjetivos bem mais corriqueiros como hipócrita, fingido, dissimulado, impostor, velhaco, espertalhão.

As gerações mais velhas e mais bem escolarizadas sabem de onde veio a palavra e quem a celebrizou: Molière, o maior comediógrafo da França, o Shakespeare gaulês. Dos tipos inesquecíveis que ele imortalizou no palco – o avarento Harpagão, o hipocondríaco Argan, o palerma Orgon – o farisaico Tartufo foi, et pour cause, quem mais impacto popular causou. Nenhuma outra de suas peças foi tão encenada desde sua primeira apresentação, em 12 de maio de 1664.

José Roberto Mendonça de Barros*: Sem perspectivas de crescer

O Estado de S. Paulo

O Brasil empobreceu nos últimos quatro anos, e não há populismo que seja capaz de alterar esse fato

A pré-campanha eleitoral segue numa polarização cada vez mais raivosa e, tudo indica, assim vai continuar. Lamentavelmente, do ponto de vista econômico só não se discute o principal: estamos sem crescer há muito tempo e sem perspectivas à frente. 

O debate de conjuntura está focado nos próximos meses. Discute-se, furiosamente, se o crescimento deste ano será de 0,5% ou 1%, sem atentar que essas diferenças pouco significam. Considerando os anos de 2019 a 2022, o crescimento médio será de 0,55% ao ano se o PIB corrente crescer 0,5%, ou de 0,68% se crescermos 1%, como prevê o Banco Central (a projeção do Focus está em 0,65%). 

Eliane Cantanhêde: Sem choro nem vela

O Estado de S. Paulo

Terceira via agoniza, União Brasil, PSD e Podemos vão liberar geral, cada um por si

A terceira via agoniza, com o União Brasil fora, o PSDB se autodestruindo, o MDB revirando suas velhas agonias e o Cidadania impotente, enquanto a "opção única” vai deslizando do improvável para o patético e nem se sabe mais se haverá anúncio de qualquer coisa em 18 de maio, à espera de um milagre. Desfecho melancólico.

Com fundo eleitoral gigante, tempo de TV para dar e vender e ramificação pelo País, o União Brasil conseguiu engabelar os parceiros de terceira via, matou a candidatura Sérgio Moro e inventou a de Luciano Bivar. A turma esquece rápido. Quem é Bivar? É o que deu a sigla PSL para Jair Bolsonaro em 2018.

A jogada do União Brasil, fusão artificial de PSL e DEM, que abortou lamentavelmente um belo voo, é liberar geral – especialmente pró-Bolsonaro. Esse movimento se repete com o Podemos, de onde Bivar arrancou Moro para jogar no vazio, e com o PSD, que foi parar em Irajá. Seu líder Gilberto Kassab tende para Lula, mas ele e o resto vão com quem for ganhar.

Bruno Boghossian: Uma prévia do segundo mandato

Folha de S. Paulo

Com apoio de Congresso e quartéis, presidente quer força para expandir seus poderes

Jair Bolsonaro ofereceu mais uma amostra de seu projeto para um segundo mandato. Nas recentes crises fabricadas pelo capitão, o governo voltou a ser uma engrenagem a serviço dos planos de expansão dos poderes do presidente, com o apoio de congressistas e militares bem alimentados pela máquina pública.

Bolsonaro sempre sonhou com uma autoridade sem limites. Ainda na campanha, falava em aumentar o número de cadeiras no STF para produzir uma maioria artificial na corte. Desde o início do governo, aparelhou órgãos de controle e trabalhou abertamente para emparedar um Congresso que o incomodava.

Hélio Schwartsman: Por onde os ratos escapam

Folha de S. Paulo

'The Ratline' conta a história de Otto Wächter, que governou territórios da Polônia e da Ucrânia

Duas semanas atrás falei aqui do livro "East-West Street", de Philippe Sands. Poucas horas após a publicação da coluna, três amigos cuja opinião respeito muito me escreviam para recomendar uma segunda obra de Sands, "The Ratline" (o caminho dos ratos), que devorei.

"The Ratline" conta a história de Otto Wächter, que governou territórios da Polônia e da Ucrânia na ocupação nazista. Wächter foi acusado de crimes contra a humanidade, mas conseguiu fugir. Passou três anos perambulando pelos alpes austríacos e depois desceu para Roma onde, com o apoio de hierarcas do Vaticano e beneplácito dos EUA, se preparava para fugir para a Argentina. Em julho de 1949, morreu na capital italiana sob circunstâncias suspeitas.

Vinicius Torres Freire: A economia a cinco meses da eleição

Folha de S. Paulo

É preciso interpretar conjuntura com o realismo que a oposição carnavalesca costuma desprezar

salário médio não era tão baixo fazia uma década. Sem-teto montam vilas de barracas nas calçadas de bairros ricos de São Paulo. No fim deste ano, a renda (PIB) per capita ainda será menor do que em 2010 (dois mil e dez: não é erro de digitação). Ainda não se conhece projeto político que apresente um plano crível para dar conta dos problemas crônicos do crescimento ("reformas", com ou sem aspas).
É a pior crise da República.

Isto posto, se a conversa muda para o curtíssimo prazo e trata do ambiente político-eleitoral, é fato que a economia não afundou ainda mais, como a oposição esperava. A cinco meses da eleição, alguns bodes até saem da sala.

Há números melhores no emprego, na confiança de consumidores e empresários, no crédito. A receita do governo é a maior desde 2014 (como proporção do PIB), o que facilita favores eleitorais.

Míriam Leitão: A escalada de Bolsonaro

O Globo

A crise da democracia brasileira piorou muito nos últimos dias. O presidente Bolsonaro escalou o conflito institucional ainda mais. Fez chacota com o Supremo dentro do Planalto, exigiu que as Forças Armadas façam apuração eleitoral paralela, disse que as eleições podem ser suspensas. Nada foi de impulso. Tudo foi de caso pensado. O que está sendo plantado por Bolsonaro é a tentativa de impugnar a eleição, caso o resultado não seja satisfatório a ele.

O diálogo entre o general de divisão Heber Garcia Portella e o TSE, nas trocas de mensagens, é uma clara demonstração de que Bolsonaro conseguiu costurar o respaldo de lideranças das Forças Armadas para alimentar a suspeição sobre a eleição. Uma das dúvidas levantadas pelo militar, indicado pelo Ministério da Defesa para Comissão de Transparência das Eleições, foi sobre o que aconteceria se houvesse perda de voto por mídia eletrônica. O TSE respondeu que trabalha com duas mídias, mas, mesmo com essa redundância, se houver falha, é possível recuperar os dados. Mas o general insistiu, querendo saber o que aconteceria no caso de os votos descartados, por falha, serem em número suficiente para alterar o resultado. A resposta do TSE foi que nessa “remota hipótese” ficaria valendo o que está disposto nos artigos 187 e 201 do Código Eleitoral. O artigo 201 fala que, em caso de os votos anulados serem o suficiente para alterar o resultado, serão realizadas novas eleições. “Esse é o ovo da serpente, ele está plantando a impugnação das eleições”, me informou um jurista que ocupou altos cargos públicos.

Cacá Diegues: Eu não disse?

O Globo

Vamos rumo à eleição mais tensa e histérica do Brasil moderno, clímax de todos os erros que cometemos desde o Império

Não acredito nos argumentos viciados que começam com uma frase irritante, a afirmar a superioridade sobre o outro: “Eu não disse?”, diz o interlocutor infeliz que, embora em maus lençóis, ri do fracasso de quem não previu para onde estávamos indo. O que estão querendo nos dizer com um sorriso de satisfação, embora seja o sorriso do infeliz derrotado e humilhado, é que o outro é um imbecil que não percebeu o valor da intervenção feita no passado. Uma intervenção decisiva que, uma vez ouvida, nos salvaria da merda em que hoje rolamos.

Claro que não é isso o que desejo impor aqui. Mas não posso deixar de lembrar o que escrevi nessa mesma coluna na segunda metade de outubro de 2018, às vésperas do segundo turno de nossa última eleição para presidente.

“Nesses dias antes do voto decisivo”, eu escrevia, “não quero fazer proselitismo. Já o fiz no primeiro turno e meu candidato favorito ficou atrás dos dois que disputam essa final. Um montado na sela de velho cavalo que já desapontou tanto o povo que o aplaudia; outro nos assustando, a prometer o demônio armado para conter nossos desejos inocentes”.

Agora estamos no rumo da eleição mais tensa e histérica do Brasil moderno. Não é que todas as outras tenham sido mais saudáveis. Mas essa pode se tornar o clímax de todos os erros que cometemos desde o Império, quando o imperador bonachão deixava que os dois partidos, o Liberal e o Conservador, ficassem dando golpes um no outro. Ou igual à primeira eleição de Jair Bolsonaro, que se tornou presidente da República mesmo com suas ideias assustadoras (que ele aliás nunca escondeu).

Janio de Freitas: Conclusão da ONU sobre Lula é esmagadora para Moro e Deltan

Folha de S. Paulo

Resultado exposto por autoridades internacionais do Comitê de Direitos Humanos é a impunidade brasileira

A conclusão dos seis anos de exame, na ONU, dos processos contra o ex-presidente Lula é esmagadora para Sergio Moro, mas seu alcance não cessa na condenação moral desse ocupante ilegítimo de uma cadeira de juiz.

Moro e Deltan Dallagnol, também objeto da condenação moral, sem poderosos coadjuvantes não conseguiriam subverter algo tão relevante como é o processo de eleição de um presidente da República.

Não receberem menção direta da ONU não é excluir da condenação moral esses coautores. Outros dos muitos sentidos implícitos, mas não obscuros, na conclusão das duas dezenas de autoridades internacionais do Comitê de Direitos Humanos da ONU é a grande impunidade brasileira.

O velho vício nacional de caráter se impõe, paradoxal, com a inconsequência penal das transgressões judiciais e da articulação eleitoralmente violadora. O ministro Gilmar Mendes, para surpresa de muitos, criou um caso raro.

Sua decisão individual de impedir, sem base jurídica ou factual, que Lula fosse ministro da presidente Dilma abriu o caminho para o golpe no processo eleitoral de 2018, com a retirada forçada de Lula. Na prática, a entrega a Bolsonaro da vitória ilegítima.

Cristovam Buarque*: Tanto chão, cara

Blog do Noblat / Metrópoles

Tanto chão para fazer no Brasil uma democracia, onde as urnas não temam ameaça das armas, uma democracia justa

Há 47 anos, o povo português deu exemplo ao mundo: como sair de regime autoritário e obscurantista para construir uma sociedade moderna, com coesão e rumo. Na época, nosso Chico Buarque compôs uma poesia engajada politicamente sem abrir mão da qualidade estética. Com “Tanto Mar, Pá”, Chico uniu a graça da arte com a força da política. Com a imagem do mar nos passou a imensa distância a percorrer para sair da ditadura reacionária brasileira, até construir a democracia progressista nos moldes de Portugal.

Dez anos depois, conquistamos nossa democracia, mas ainda não encontramos a coesão social e o rumo histórico “para fazer do Brasil um imenso Portugal”. Já não cabe sonhar com o outro lado do Atlântico, mas caminhar em frente: não mais o “tanto mar, pá”, mas “tanto chão, cara”.

Tanto chão para fazer no Brasil uma democracia, onde as urnas não temam ameaça das armas, uma democracia justa, sustentável, eficiente, coesa. Tanto chão para fazer as reformas que nossa economia precisa e competir no mundo global, tanto chão para realizar as reformas sociais e a eficiência servir a todos, não apenas a uma minoria privilegiada; tanto chão para eliminar os resquícios da escravidão que até hoje beneficia os descendentes sociais dos senhores e oprime com desigualdade e racismo aos descendentes sociais ou raciais dos escravos.

O que a mídia pensa: Editoriais / Opiniões

Editoriais

Brasil precisa dar prioridade ao setor de turismo

O Globo

Outrora chamado de “indústria sem chaminé”, o turismo tem reagido com rapidez às mudanças na economia. Impactado pela pandemia, amargou contração a partir de 2019. Com o recuo do coronavírus, já tem demonstrado grande poder de reação, mesmo com a economia em marcha lenta. Mereceria maior atenção dos governos e dos políticos.

De acordo com reportagem do GLOBO, o faturamento do setor em 2021 foi de R$ 7,1 bilhões — 77% acima de 2020, embora 44% abaixo de 2019, antes do coronavírus. Em viagens, porém, as operadoras já fizeram 7,4 milhões de embarques no ano passado, ou 14,2% mais que em 2019. E, no primeiro trimestre deste ano, as receitas foram 25% superiores à do mesmo período do ano passado. A previsão é chegar a 60% de crescimento em 2022, retornando ao nível anterior à pandemia.