domingo, 30 de outubro de 2022

Merval Pereira - Voto pela democracia

O Globo

Os dois candidatos têm altas taxas de rejeição popular, mas os brasileiros irão às urnas para votar a favor da democracia

A reiterada postura do presidente Bolsonaro de testar os limites de seu poder, e não gostar do que viu, deu ao ex-presidente Lula uma vantagem que não teria contra um candidato com história ligada às tradições políticas liberais a defender. A frente ampla em defesa da democracia que se formou em torno de Lula não abriu mão de suas críticas quanto à corrupção nos governos petistas, nem esqueceu o descalabro econômico iniciado em seu segundo mandato, e concluído com o desastroso governo de Dilma Rousseff.

Os sinais de alerta voltaram a se acender com a divulgação da Carta em que esboça alguns pontos de uma política econômica que ameaça repetir erros que deveriam ter ficado no passado, diante do fracasso da adoção de medidas populistas e baseadas no Estado como indutor da economia. O ato falho de Lula no debate da Globo na sexta-feira, desdenhando os empregos gerados pelos MEI (microempreendedores individuais), figura trabalhista paradoxalmente criada em seu governo para desburocratizar as relações de trabalho, explicita que ele ainda não superou uma visão sindicalista antiquada diante das mudanças trazidas pelo anseio individual de progresso independente.

Míriam Leitão - Em defesa da Constituição

O Globo

A grande questão desta campanha foi o respeito à Constituição. Bolsonaro a afrontou insistentemente durante todo o mandato

Havia cinco opções na tela do debate da Globo, e Jair Bolsonaro escolheu “Respeito à Constituição” para tentar fustigar seu adversário naquela arena. Esse foi de fato o grande tema da campanha, o que levou apoios inesperados a Lula, o que tornou a disputa mais tensa e aumentou o nível de estresse institucional. O inesperado era justamente Bolsonaro levantar essa questão que é, evidentemente, o seu ponto fraco. Na sexta-feira, Bolsonaro adicionava mais um fiasco à sua coleção de fracassos, quando o seu ministro das Comunicações, Fábio Faria, disse que se arrependia de ter participado do caso das inserções no rádio.

O caso poderia ter sido um problema menor se não fosse o propósito pelo qual ele foi levantado. A candidatura de Bolsonaro tratou como um grande escândalo um suposto erro de algumas emissoras do Nordeste na veiculação da propaganda. Mas o que se queria mesmo era transformar isso num pretexto para propor o adiamento das eleições. Um detalhe surreal da história foi estar na lista das suspeitas a rádio do próprio ministro Fábio Faria. Bolsonaro chegou a convocar os ministros e aliados na quarta-feira para defender esse adiamento, mas não obteve apoio nem interno. Seu filho Eduardo Bolsonaro foi uma das poucas vozes a defender esse ataque direto à Constituição.

Dorrit Harazim - Valeu, Brasil

O Globo

Chegamos até aqui bem mais conscientes de nossas responsabilidades do que estivemos no primeiro turno

Dias atrás, um fino estudioso da obra de Paulo Mendes Campos foi remexer na papelada do grande cronista e tradutor mineiro. Acabou tropeçando em nove estrofes de “O povo continuará”, título dado por Mendes Campos a um poema do americano Carl Sandburg, pouco conhecido por aqui. Pena, pois Sandburg (três prêmios Pulitzer) fala a todas as gentes. Hoje este espaço será intercalado por algumas estrofes do poema mencionado. Em dia de eleição e esperança, a poesia também volta a ter vez.

O povo continuará./Aprendendo ou fazendo loucuras o povo continuará./Será logrado, vendido e revendido/e voltará a mãe terra pra nutrir suas raízes./O povo é tão bizarro ao progredir e regredir,/que não podemos rir de sua capacidade de topar a parada./O mamute descansa entre seus dramas ciclônicos.

Elio Gaspari - Bial foi o melhor do debate

O Globo

Infelizmente, no último encontro os dois candidatos foram agressivos e repetitivos

Hoje as urnas falarão. Infelizmente, no último debate os dois candidatos foram agressivos e repetitivos. É verdade que, sendo repetitivo, Lula falava do seu governo, tinha um acervo que falta a Bolsonaro. Houve uma pandemia, mas sua conduta não o credencia. Bolsonaro falava do seu governo e instalou-se na crítica que o beneficiou em 2018. Ambos diziam que o outro é mentiroso. Como disse Bolsonaro, “chegamos a um impasse aqui”. Quem ficou preso no impasse foi o eleitor.

As únicas propostas transmitidas durante as duas horas do debate vieram nos comerciais, com Pedro Bial pedindo doações para os refugiados das Nações Unidas, contando a história da menina Ana. Além dele, o Programa Médicos sem Fronteiras, pedia doações de R$ 30 mensais.

Bernardo Mello Franco - Uma escolha existencial

O Globo

Atrás de Lula nas pesquisas, Bolsonaro chega ao dia da eleição com os nervos à flor da pele

Jair Bolsonaro chega ao dia da eleição com os nervos à flor da pele. Até hoje, nenhum presidente brasileiro fracassou ao tentar o segundo mandato. Para quem diz não acreditar em pesquisas, ele parece atormentado com o risco de quebrar a escrita.

Na semana decisiva, a tensão presidencial só aumentou. Na quinta-feira, Bolsonaro se destemperou em comício na Zona Oeste do Rio. Aos gritos, chamou o prefeito Eduardo Paes, que apoia seu adversário, de “vagabundo” e “mal-agradecido”. “Encheu os cofres da prefeitura com dinheiro nosso”, vociferou.

Os insultos combinam desinformação, patrimonialismo e falta de autocrítica. O dinheiro da União não é do presidente. Pertence ao contribuinte, e deve ser repartido com estados e municípios por dever constitucional. Além disso, o capitão não é exatamente um aficionado por trabalho. Seu expediente dura em média quatro horas por dia, interrompidas por uma soneca no gabinete.

Marina Silva* - O valor da promessa que une diferenças pela democracia

O Globo

A lógica da frente ampla pode estar mais centrada no seu objetivo maior do que num programa específico ou até no candidato

Quando a democracia está em pleno funcionamento, precisando apenas ser mantida e ampliada, as formas de defendê-la são bastante variadas. Porém, quando ela está visivelmente ameaçada, e sobretudo quando ela depende do voto que está em nossas mãos, ou a defendemos por esse meio ou não a estaremos defendendo em nada.

Na normalidade democrática, o povo mobiliza-se para eleger um candidato, um partido, um programa. Em situações evidentes de possível ruptura institucional, a parte da sociedade identificada e comprometida com a manutenção das estruturas democráticas se move para tornar vitorioso um candidato que se comprometa, antes de tudo, a manter plenamente o regime democrático.

Luiz Carlos Azedo - Na escolha de destino, o povo fará a sua parte

Correio Braziliense

Ao fazer suas escolhas, entre o ex-presidente Lula e o presidente Bolsonaro, os eleitores estão cumprindo o seu dever. O por fazer depende das instituições e de quem for eleito

Hoje teremos o segundo turno das eleições, com 156 milhões de eleitores aptos a votarem. A grande incógnita da disputa é o comportamento dos que não votaram no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e no presidente Jair Bolsonaro (PL) no primeiro turno, que receberam 57.259.504 (48,4%) e 51.072.345 (43,2%) dos votos, respectivamente. Aproximadamente 10 milhões de eleitores votaram nos demais candidatos — principalmente Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT), que obtiveram 4,22% e 3,06% dos votos válidos. Por gravidade, haveria uma distribuição proporcional entre os dois candidatos, mas não é assim que as eleições funcionam.

As pesquisas mais recentes mostram a repetição de um fenômeno ocorrido no primeiro turno: uma reação dos eleitores antipetistas contra o favoritismo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que está provocando um empate técnico entre ambos, embora Lula permaneça sendo o favorito. Como não existe o mesmo fator surpresa do primeiro turno a favor de Bolsonaro, pode ser que isso resulte também no aumento do comparecimento dos eleitores que rejeitam o presidente da República e não votaram no primeiro turno. Ou seja, a eleição é imprevisível. Tudo vai depender do percentual de abstenções.

Cristovam Buarque* - O aval da Simone

Blog do Noblat / Metrópoles

Lula chega na frente graças a seu carisma pessoal, às lembranças das boas ações do seu governo, mas muito ao aval de Simone Tebet

O Brasil atravessou 2022 dividido em três partes: os obstinados por Lula ou por Bolsonaro, e uma terceira via democrata, mas antipetista. Alguns poucos críticos ao PT se manifestaram em defesa de uma unidade com o Lula. Temiam que o histórico isolamento deste partido impedisse os apoios necessários para derrotar Bolsonaro; e também que o primeiro turno provocasse disputas tão acirradas entre os democratas, que o apoio ao Lula no segundo turno ficasse difícil. Ciro foi prova de que este temor se justificava. Lula teve o bom senso de atrair Alckmin para sua chapa; apesar disto, a campanha continuou como disputa entre o PT e Bolsonaro, não entre o Brasil e o abismo bolsonarista.

Entrevista | Bolívar Lamounier: ‘A sociedade hoje está dividida de alto a baixo’

Cientista político e autor de obras como ‘Os partidos e as eleições no Brasil’ e ‘Tribunos, profetas e sacerdotes’

Uma sociedade dividida, com polarização sem precedentes na história

Eduardo Kattah,e Marcelo Godoy / O Estado de S. Paulo.

“Não havia tanto rancor na sociedade. Hoje, tem famílias que não se falam mais por razões políticas.” “Estamos perdendo a segunda década com o nosso melhor ativo: apesar da desigualdade, não tínhamos grandes violências. Hoje, temos a do crime organizado e um começo de violência política se esboçando.” “Nosso destino, se não revolucionarmos o País no bom sentido da educação, vai ser uma tragédia.”

O cientista político Bolívar Lamounier afirma que a divisão atual da sociedade não tem precedente em nossa história. “Esta crise é muito mais perigosa e pode levar a um período razoavelmente longo de conflito.” Ele conclui que o País está diante de uma segunda década perdida. “O que vamos ter, a partir do segundo turno, são duas massas antagônicas muito fortes.” 

A seguir, trechos de sua entrevista:

Luiz Inácio Lula da Silva* - Unir o país para mudar o Brasil

Folha de S. Paulo

Povo deve voltar a ser o centro das atenções

Neste domingo (30), o Brasil vai decidir seu futuro. Vamos escolher entre o caminho da prosperidade ou o da fome, dos livros ou das armas, da paz ou do ódio, da democracia ou do autoritarismo. Por isso é tão importante que cada cidadão e cidadã exerça o direito de votar. E votar com consciência, pensando no amanhã, no país que vamos deixar para nossos filhos e nossos netos.

Ao longo desta campanha, tive a oportunidade de reencontrar nosso povo nas ruas e praças do país. E o que eu vi nos olhos das pessoas foi o brilho da esperança e a vontade de mudar a vida para melhor. Este é o sentido da nossa candidatura: resgatar milhões de brasileiros e brasileiras da fome, da pobreza e da exclusão, por meio do crescimento sustentável e com distribuição mais justa da riqueza.

Vinicius Torres Freire - Bolsonaro, a era das trevas de 2018-2022 e depois

Folha de S. Paulo

Refazimento do país não depende só de coalizão ampla, mas de invenção de novos atores políticos

Aos trancos e barrancos, formou-se uma frente de apoio a Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Não era a "frente ampla". É uma frentinha, até porque não havia como fazer mais. Não há partidos ou movimentos sociais e políticos grandes e organizados que pudessem se aliar a Lula, mesmo que Lula e o PT tivessem feito um esforço mais intenso de firmar alianças.

Seja qual for o resultado da eleição, a situação política depois dos anos de catástrofe e trevas (2018-2022) será um problema grave, tanto para um governo prestante ou, no caso de acontecer o pior, como para uma tentativa de evitar o desfazimento autoritário do país.

A frente eleitoral pró-Lula é precária principalmente porque não havia partidos para uma aliança que fosse além da esquerda ou similar (toda de partidos muito pequenos ou minúsculos). A maioria do Congresso é de partidos compostos de gente de extrema direita, direita dura ou direita negocista.

Hélio Schwartsman - Democracia sem festa

Folha de S. Paulo

O bolsonarismo não irá embora, mesmo que o atual mandatário vá para a cadeia

Não muitos pleitos atrás, descrevia-se o dia da eleição como festa da democracia. Tratava-se, afinal, do momento em que o eleitor exercia seu poder de mando, definindo os nomes daqueles que o governariam pelos próximos quatro anos. Contestar as regras do jogo ou trabalhar para minar as próprias instituições era algo que ficava fora do radar. A situação hoje é mais sombria. Seria um exagero afirmar que a democracia no Brasil acabou ou está com seus dias contados, mas é forçoso reconhecer que ela se encontra em mau estado e pode piorar.

No cenário menos provável e mais dramático, Jair Bolsonaro vence o pleito e dá continuidade à escalada autoritária. Seria muito ruim, não apenas em termos institucionais mas também administrativos. A atual gestão foi especialmente destrutiva em relação a meio ambiente, educação, ciência e cultura e não há nenhum sinal de que isso possa mudar.

Bruno Boghossian - Uma eleição de duas torcidas

Folha de S. Paulo

Fatos da campanha despertaram no eleitor pouco interesse em trocar de time

Uma pesquisa feita pelo Datafolha há 535 dias desenhava o que seria a corrida presidencial. Recém-saído da prisão, Lula mostrava que havia mantido o domínio da esquerda, aparecendo como favorito. Mesmo desgastado pela tragédia da pandemia, Jair Bolsonaro tinha mais que o triplo das intenções de voto de outros nomes de direita, fechando espaços para uma candidatura alternativa.

O embate entre um presidente e um ex-presidente populares, com plataformas e defeitos públicos, fez com que a eleição se desenrolasse como uma disputa de torcidas. Movido por uma sensação de pertencimento, o país se alinhou de maneira firme em cada lado da arquibancada e reduziu o potencial de mudanças bruscas provocadas pela campanha.

Muniz Sodré* - O sétimo círculo do inferno

Folha de S. Paulo

Entre nós, uma política preventiva deveria começar desmistificando a imagem romantizada do país

Nada é mais perigoso do que uma ideia quando não se tem outras. Isso soa clichê, mas resume à perfeição o programa de governo atual: a ideia fixa da violência armada. Para essa questão social, potencializada pela triplicação da posse de armas no país, é fraquíssima a oposição do discurso progressista. Talvez porque seja fraca a percepção democrática da diferença entre força e violência. Vale uma mirada etimológica: a origem da palavra ("vis") traduz as duas noções.

Não há sociedade que prescinda da força, nem história social de que esteja ausente a violência, seja como condição ou como ato. É disruptiva tanto coletivamente, em caso de guerra, quanto individualmente, como anomia. Na Divina Comédia, Dante reserva aos violentos o vale do Flegetonte, o sétimo círculo do inferno. A modernidade tenta proteger-se com o monopólio estatal do fenômeno.

Janio de Freitas - Destino da vergonha

Folha de S. Paulo

Estender esses anos até o inimaginável ou retomar o caminho que a Constituição pavimentava até o golpe contra Rousseff

Nossas vidas de brasileiros aflitos, seja por necessidades materiais ou por turbulências políticas, transpõem neste domingo uma dramática divisória existencial.

Encerrarmos o dia com reeleição de Bolsonaro será o início da marcha forçada para um país dominado por violência, fanatismo falsamente religioso, exclusão dos direitos civis, silêncio cultural, político e pessoal.

Encerrarmos o dia com a derrota de Bolsonaro será mais um reencontro, talvez o último, com a esperança de um país enfim digno. Chegar a este dia é um êxito, mas não honra o Brasil.

Eliane Cantanhêde – A história, não, mas os números se repetem

O Estado de S. Paulo

No mapa eleitoral de 2022, Lula repete Dilma e Bolsonaro replica Aécio em 2014

Luiz Inácio Lula da Silva não é Dilma Rousseff, Jair Bolsonaro não é Aécio Neves e os tempos são outros, mas há uma forte relação entre a eleição de 2022 e a de 2014, em que o tucano Aécio venceu no Sudeste, no Sul e no Centro-Oeste, mas perdeu a Presidência para a petista Dilma. O mapa de votos tende a reproduzir isso neste domingo, a favor do também petista Lula. Mesmo com o seu governo já fazendo marola e a economia morrendo na praia, Dilma surfou na onda do PT e de Lula. Venceu com enorme margem no Nordeste (que tem 27% dos votos nacionais), no Norte (8%) e… em Minas. O suficiente para subir novamente a rampa do Planalto.

O que fez a diferença foi Minas, estado natal de Aécio e Dilma. Ele venceu no Sudeste graças a São Paulo (maior colégio eleitoral), mas Dilma ficou na frente no Rio (terceiro colégio) e em Minas (segundo), a grande surpresa. Aécio perder ali?

Sebastião Ventura Pereira da Paixão Jr.* - A quem interessa um Brasil iliberal?

O Estado de S. Paulo

É hora de olhar para a frente, compor soluções. É hora de os autênticos liberais assumirem sua responsabilidade histórica com a democracia no País.

A importância da eleição presidencial brasileira vai além das fronteiras nacionais. As sérias e graves pulsões da geopolítica mundial indicam o transitar de uma nova dinâmica de poder, com novos players soberanos e corporativos (em especial as Big Techs), a ensejar redesenho estrutural de alianças estratégicas e de parcerias comerciais, acarretando impacto profundo nas lógicas econômicas internacionais. A tragédia do ontem – materializada na pandemia de covid-19 – expôs a frágil dependência ocidental à hegemonia industrial chinesa, tensionando a relação entre Washington e Pequim em arranjo sem conformação final definida, mas cujo desfecho passa necessariamente pelos desdobramentos de vetores da questão em Taiwan. Por sua vez, a eclosão da guerra na Ucrânia e as insuficiências diplomáticas no entabulamento de soluções céleres expuseram o bloco europeu a consideráveis riscos econômicos e energéticos na antevéspera da chegado do inverno; e, paralelamente, os movimentos bélicos de Putin fazem ressurgir ventos de ameaça nuclear, reacendendo ameaças de destruição total, hibernadas desde o tempo da guerra fria.

O que a mídia pensa - Editoriais / Opiniões

Uma eleição crucial

Folha de S. Paulo

São candidatos muito diferentes; Folha reafirma jornalismo crítico e apartidário

Os quase quatro anos de Jair Bolsonaro (PL) na Presidência colocaram em xeque as instituições do país, no maior teste de estresse pelo qual passou a democracia brasileira. Colocaram sob escrutínio também o jornalismo apartidário, pedra basilar deste jornal.

Conforme o país se prepara para fazer sua escolha, a Folha se mantém convencida de que o apartidarismo é a melhor forma de fazer jornalismo crítico, isento e independente, o de maior utilidade pública.

Neste domingo (30) o eleitor brasileiro tem duas opções bastante distintas a sua frente.

Se a escolha for por Bolsonaro, o voto recairá no político que deixou de lado as responsabilidades de governo para se dedicar a seu projeto tirânico de eliminar limites ao poder presidencial.

O que está em jogo não são apenas os próximos quatro anos. São as quase quatro décadas de exercício pleno da democracia no Brasil, exemplar em qualquer lugar do mundo. É essa conquista fundamental da sociedade que está sob a ameaça do projeto cesarista de Bolsonaro.