sábado, 7 de janeiro de 2023

Adriana Fernandes - Renan precisa da chave de Haddad

O Estado de S. Paulo.

Se não se meter a fazer obra nova, ministro dos Transportes terá resultados a mostrar

O Brasil tem 8,6 mil obras paralisadas com recursos da União, de acordo com levantamento mais recente do Tribunal de Contas da União (TCU). O porcentual de obras públicas paralisadas subiu de 29% para 38,5% nos últimos dois anos. Os números são assustadores. Falta de dinheiro, problemas no projeto e omissão política estão entre as razões para o desperdício de dinheiro público.

Boa parte dessas obras está licitada e contratada. Só precisa de dinheiro para terminar. Mas novos gestores e também senadores e deputados (com emendas parlamentares nas mãos) insistem no erro de anunciar e patrocinar a construção de novas obras.

Novo ministro dos Transportes, Renan Filho, começa no cargo com R$ 20 bilhões para gastar em obras, como antecipou em entrevista ao Estadão. É muito dinheiro dada a escassez de recursos para investimentos nos últimos anos com as restrições do teto de gastos. No campo das PPPS e concessões, ele vai precisar construir uma modelagem que permita ser atrativa para os investidores e viável para os consumidores.

Ex-governador de Alagoas, Renan Filho é um dos poucos ministros da Esplanada que sentaram na cadeira já com um plano de ação para os primeiros 100 dias de governo: revitalização da malha rodoviária, preparação para o escoamento da safra, retomada das obras, preparação para o período de chuva e fortalecimento da pronta resposta para emergências.

Se o novo ministro não se meter a fazer obra nova, terá grandes chances de chegar ao fim do primeiro ano com resultados para mostrar.

Para conseguir realizar e gastar o que tem à disposição, terá de ter ajuda do colega, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Dono do cofre, Haddad tem um plano de ajuste que prevê uma diminuição de despesas em R$ 40 bilhões. Por um erro, a planilha vazou num slide apresentado na primeira reunião da equipe em uma das fotos para a imprensa.

Como a PEC da Transição afastou restrições do teto e da meta fiscal, tudo indica que Haddad tentará fazer algum controle das despesas na “boca de caixa” para entregar um resultado fiscal melhor.

Lula prometeu na campanha aumentar investimentos. Por isso, a articulação de Renan com Haddad será importante para não faltar dinheiro.

Não por acaso, Renan Filho defendeu mudanças no arcabouço fiscal para o Estado tocar os investimentos prioritários necessários ao crescimento do País. Ele está olhando para 2023, mas sobretudo para os próximos anos, quando quer garantir mais investimentos. •

 

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