O Estado de S. Paulo.
Se não se meter a fazer obra nova, ministro dos Transportes terá resultados a mostrar
O Brasil tem 8,6 mil obras paralisadas com
recursos da União, de acordo com levantamento mais recente do Tribunal de
Contas da União (TCU). O porcentual de obras públicas paralisadas subiu de 29%
para 38,5% nos últimos dois anos. Os números são assustadores. Falta de
dinheiro, problemas no projeto e omissão política estão entre as razões para o
desperdício de dinheiro público.
Boa parte dessas obras está licitada e contratada. Só precisa de dinheiro para terminar. Mas novos gestores e também senadores e deputados (com emendas parlamentares nas mãos) insistem no erro de anunciar e patrocinar a construção de novas obras.
Novo ministro dos Transportes, Renan Filho,
começa no cargo com R$ 20 bilhões para gastar em obras, como antecipou em
entrevista ao Estadão. É muito dinheiro dada a escassez de recursos para
investimentos nos últimos anos com as restrições do teto de gastos. No campo
das PPPS e concessões, ele vai precisar construir uma modelagem que permita ser
atrativa para os investidores e viável para os consumidores.
Ex-governador de Alagoas, Renan Filho é um
dos poucos ministros da Esplanada que sentaram na cadeira já com um plano de
ação para os primeiros 100 dias de governo: revitalização da malha rodoviária,
preparação para o escoamento da safra, retomada das obras, preparação para o
período de chuva e fortalecimento da pronta resposta para emergências.
Se o novo ministro não se meter a fazer
obra nova, terá grandes chances de chegar ao fim do primeiro ano com resultados
para mostrar.
Para conseguir realizar e gastar o que tem
à disposição, terá de ter ajuda do colega, o ministro da Fazenda, Fernando
Haddad. Dono do cofre, Haddad tem um plano de ajuste que prevê uma diminuição
de despesas em R$ 40 bilhões. Por um erro, a planilha vazou num slide
apresentado na primeira reunião da equipe em uma das fotos para a imprensa.
Como a PEC da Transição afastou restrições
do teto e da meta fiscal, tudo indica que Haddad tentará fazer algum controle
das despesas na “boca de caixa” para entregar um resultado fiscal melhor.
Lula prometeu na campanha aumentar
investimentos. Por isso, a articulação de Renan com Haddad será importante para
não faltar dinheiro.
Não por acaso, Renan Filho defendeu
mudanças no arcabouço fiscal para o Estado tocar os investimentos prioritários
necessários ao crescimento do País. Ele está olhando para 2023, mas sobretudo
para os próximos anos, quando quer garantir mais investimentos. •
Na torcida.
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