O Globo
Agora pisaremos no terreno fundamentado da
democracia, e não na zona minada do golpismo
Eu sei: já é quinta-feira e a posse foi no
domingo, quase uma vida atrás. Mas vou falar da posse mesmo assim, porque há
muito tempo eu não via uma cerimônia cívica tão bonita e tão carregada de
símbolos positivos. Nós estávamos muito precisados disso, de beleza e de uma
simbologia representativa do que temos de bom, do lado melhor da nossa
natureza.
Foi exaustivo passar quatro anos sob peso
de rancor e ressentimento, exprimidos em mãos fazendo arminhas, em motociatas
intermináveis e naquele profundo desprezo a qualquer forma de gentileza, de
educação e de diversidade.
Na vida pública tudo é símbolo, e foi uma
alegria imensa rever o Brasil simbólico de que tanto gostamos subindo a rampa
numa celebração de cores; foi um alívio ver seres verdadeiramente humanos em
desfile, na companhia triunfal de Resistência, a Primeira Cã.
O ar está mais leve, respiramos melhor.
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Por falar em símbolos — tenho duas
lembranças marcantes da posse de 2019: a presença imprópria do 02 sentado no
capô do Rolls-Royce e a presença suave da primeira dama fazendo um discurso em
libras. Um símbolo de psicopatia contrapondo-se a um símbolo de afabilidade,
fato e fake na mesma medida.
Que pesadelo.
E que diferença para o Rolls-Royce de 2023,
com dois antigos rivais lado a lado, sorridentes, unidos num ideal comum.
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A ausência do cramulhão permitiu o melhor
da festa. Janja encontrou a receita do verdadeiro significado da subida da
rampa, aquela que, uma vez vista, parece óbvia. É claro que tem que ser assim,
um grupo, a sociedade representada em sua ampla pluralidade.
Haverá tantas combinações possíveis quantas
cabeças se dedicarem a pensar no assunto, mas é isso, um conjunto de pessoas, e
não aqueles casais solitários, raramente à vontade, em que ela poucas vezes foi
mais do que uma sombra.
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Não tenho dúvidas de que vamos passar muita
raiva com Lula e vamos nos desesperar com incontáveis problemas do novo
governo; para já, é duro ter que aceitar uma ministra envolvida com milicianos,
completamente estranha à pasta e que, ainda por cima, se nomeia “Daniela do
Waguinho” em pleno ano de 2023.
(Ou Turismo é um assunto importante e como
tal teria que ser tratado, ou não tem importância nenhuma — e, nesse caso, nem
precisaria de ministério. Do jeito que ficou é uma ofensa a quem leva a área a
sério.)
Ainda assim, daqui para a frente pisaremos
no terreno da Democracia, e não na zona minada do golpismo latente, na região
patológica de uma perversidade indefinível.
A profunda felicidade que sentimos com a
posse não foi necessariamente por Lula, mas pelo Livramento.
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Quem não acompanha os movimentos de
proteção animal talvez não faça ideia da importância da presença de Resistência
na posse. Resistência, a Primeira Cã, apareceu no acampamento em frente à
Polícia Federal de Curitiba, e passou a dar plantão com a militância. Quando
Lula e Janja se casaram, a levaram consigo. Vários recados importantes subiram
a rampa nas suas quatro patinhas, sendo o principal deles o de que os animais
fazem parte indissociável das nossas vidas e merecem todo o respeito.
As redes sociais festejaram.
— Ela é o segundo animal a subir a rampa!
— É, mas ela está com todas as vacinas em
dia.
Sensacional: o animal vacinado X o animal sem vacina e FUJÃO!
ResponderExcluir👏🦴👏
ResponderExcluirAdorei a ''cã'',ela é tão importante quanto qualquer ser humano deste planeta.
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