O Estado de S. Paulo
Quanto mais Bolsonaro e bolsonaristas radicalizam, mais cresce a união nacional pró-Lula
Daqui a pouco, o presidente Lula vai se
sentir tentado a acender velas para o antecessor Jair Bolsonaro e os
bolsonaristas mais golpistas. Quanto mais eles radicalizam, mais ele une o País
em torno dele e da democracia e, desde domingo, reúne um impressionante leque
de apoios, internos e internacionais. Faz do limão uma limonada. E que
limonada!
Os ataques às sedes dos três Poderes não
produziram só medo, lágrimas e imagens chocantes de vidros despedaçados, móveis
históricos arrebentados, obras de arte danificadas e relíquias roubadas.
Produziram, também, um imenso movimento de união nacional.
Esse movimento vem desde a própria campanha eleitoral, quando o medo de Bolsonaro e das ameaças à democracia, às eleições e às urnas eletrônicas jogou no colo e no balaio de votos de Lula importantes personagens de centro e até de direita, do mundo político ao econômico, do jurídico ao cultural.
Também na posse, Bolsonaro deu uma
forcinha, ao fugir para Orlando, nos EUA, dois dias antes e abrir caminho para
Lula gerar, para o Brasil e o mundo, as imagens mais impactantes da sua volta
ao poder: a subida na rampa do Planalto com oito representantes da rica
diversidade brasileira, de quem recebeu a faixa presidencial.
Agora, vejam bem o que vem ocorrendo desde
domingo. Entidades patronais e de trabalhadores, sociais e do agronegócio, de
todas as tendências e regiões, se uniram num grito uníssono, de solidariedade e
defesa da democracia.
Se não fossem os atos terroristas, Lula
teria reunido 27 governadores de todos os Estados e do DF numa cerimônia de
solidariedade e atravessado com eles a Praça dos Três Poderes, a pé, para
homenagear um Supremo depredado e em choque?
Teria se reunido com os presidentes dos
demais Poderes, para repudiar a selvageria, reforçar a democracia, obter um
compromisso inarredável com a paz e a civilidade política, inclusive com o
presidente da Câmara, Arthur Lira? Apesar de ter votado com os interesses do
governo Bolsonaro, Lira nunca ultrapassou uma linha, a da democracia. E reforça
isso com Lula.
E, não fosse o domingo, Lula teria se
reaproximado tão rápido das Forças Armadas? Em reunião com os comandantes do
Exército, da Marinha e da Aeronáutica, ele falou de sua indignação e irritação.
Ouviu de volta a condenação aos atos, a defesa da democracia e a solidariedade
aos Poderes – e a ele.
Bolsonaro está isolado, há 1.500 presos e
os financiadores estão na fila. Quem se deu bem? Lula, um homem de sorte até no
azar. Segundo o vice Geraldo Alckmin, “é na adversidade que a democracia cresce
mais”. Lula também.
O golpismo de Domingo, em Brasília, realmente fortaleceu Lula mas o governo ainda é fraco, desinformado e pouca autoridade. Ainda não comanda as Forças Armadas. Democracia e Estado de direito ainda em risco. Dependente da sociedade civil, do movimento associativo dos trabalhadores e demais forças políticas democráticas.
ResponderExcluirIsso, Eliane!
ResponderExcluirNo centro do alvo, como uma boa sniper do jornalismo.
Eliane acertando em cheio na análise.
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