sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

Eliane Cantanhêde - Extermínio deliberado?

O Estado de S. Paulo.

Bolsonaro combateu os Yanomamis a vida toda; o STF liderou a resistência

Pelos dicionários, e não precisa nem de aspas, genocídio é o extermínio deliberado de um povo, definido por etnia, religião, raça ou delimitação geográfica. Logo, se houve exatamente uma tentativa de exterminar, de dizimar a reserva e o povo Yanomamis, houve uma tentativa de genocídio, certo? Quem sabe para não “atravancar o progresso”...

Com o relatório final da CPI da Covid e a avalanche de falas e ações de Jair Bolsonaro sobre os Yanomamis e indígenas em geral, desde deputado e principalmente no governo, é difícil considerá-lo inocente. Na sua visão muito particular de mundo, Brasil, ambiente, educação, saúde, cultura, diplomacia, ele nunca escondeu o desprezo da vida toda pelos indígenas e quilombolas. Uma frase resume tudo: “Índio gosta é de celular e internet”.

Não. Indígenas e quilombolas exigem respeito e direito à vida, a suas terras, suas florestas, rios e meios de subsistência. E o que eles não querem é o que está num projeto de Bolsonaro, escancarando as reservas a garimpo, agricultura, pecuária, até ao turismo. Ou seja: dizimando as reservas, logo, os indígenas.

Por trás dessa visão, há o de sempre nas manifestações e ações de Jair Bolsonaro e seu governo: ideologia, uma ideologia sem substância, sem objetivos honrosos, movida a ódio e fake news. Ele, seus filhos, generais, ministros e seguidores nunca entenderam o poder e a força da Amazônia, do ambiente, dos povos originários.

Ambientalistas e indigenistas, ao contrário do que dizia o ex-chanceler Ernesto Araújo, não são agentes da esquerda internacional para destruir o Ocidente cristão, permitir que a China domine o mundo e instalar o comunismo nos quatro cantos do planeta. Isso é só delírio.

Já nos anos 1970/80, o senador e ex-ministro da Indústria e Comércio do governo Geisel – logo, nada esquerdista e comunista – já era fotografado cercado por Yanomamis, aliás, saudáveis, cheios de vida. Ele era culto e humanista, não tosco, muito menos genocida. Décadas depois, a tragédia dos Yanomamis soca nossa consciência e nosso amor próprio como Nação e joga a imagem do Brasil, como sistematicamente nesses quatro anos, no fundo do poço.

Bolsonaro vetou uma lei do Congresso que distribuía remédios, macas, respiradores e água potável para as reservas; desarticulou órgãos de proteção; estimulou garimpeiros e madeireiros ilegais; poluiu rios com mercúrio; aliou-se a governadores, como o de Roraima, contra os Yanomamis, pró-devastação. E quem liderou a resistência? O Supremo Tribunal Federal, o mais vandalizado por golpistas que não são só contra a democracia, mas ameaçam a vida.

 

3 comentários:

  1. Texto BRILHANTE! Parabéns à colunista e ao blog que nos mostra este trabalho tão qualificado. Bolsonaro sempre DESPREZOU os índios, como a colunista demonstra! No poder, o canalha direcionou seus preconceitos e novos crimes contra estes povos, através de todo tipo de MALDADES DELIBERADAS! GENOCÍDIO é só um dos muitos crimes cometidos pelo grande mentiroso! CADEIA PARA O GENOCIDA!

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  2. "Ele, seus filhos, generais, ministros e seguidores nunca entenderam o poder e a força da Amazônia, do ambiente, dos povos originários."

    Impressiona q, sempre q tem coisa errada no desgoverno do genocida, aparecem milicos, e sempre generalecos.
    Q q se passa no EB?

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  3. Xingamento não leva à nada.

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