Folha de S. Paulo
Ao prorrogar desoneração dos combustíveis,
Lula torna sua manobra irresponsável de Bolsonaro
O papel e a atmosfera, por onde se propagam
as ondas sonoras, aceitam tudo, daí que devemos ter cautela na interpretação
dos discursos de posse de Lula. É como a Bíblia. Dá para pinçar deles o que
desejarmos.
Os mais entusiasmados com a nova administração ressaltarão que Lula prometeu, sim, bondades, mas foi inequívoco ao afirmar que em seu governo não haverá "gastança" e que a responsabilidade com as finanças foi a marca de suas gestões anteriores, que produziram até superávits fiscais. Os mais céticos lembrarão que o presidente falou em estruturar um novo PAC e ficou muito perto de prometer a volta dos juros subsidiados a campeões nacionais, duas políticas que causam arrepios nos economistas que não acreditam muito em sortilégios de inspiração keynesiana.
Não penso que as aporias tenham solução,
daí que defendo que prestemos mais atenção nos atos do governo do que em
intenções manifestadas em discursos. Para permanecer nas metáforas religiosas,
acho que a justificação passa pela fé e pelas obras, não apenas pela fé. E o
que nos dizem as obras?
A primeira medida econômica do novo
governo, o prolongamento da desoneração dos combustíveis, me deixa mais
preocupado do que tranquilo. Como informou a Mônica Bergamo, o ministro Fernando Haddad,
que pretendia retomar os impostos, perdeu a queda de braço para a ala política
da administração, que não quer nem ouvir falar em aumento da gasolina na
primeira semana de governo.
Acho que é um erro, econômico e político. Econômico porque estamos falando de abrir mão de dinheiro grosso, algo como R$ 50 bilhões por ano. E político porque, se Lula tivesse deixado o decreto da desoneração vencer no dia 31/12, estaria só expressando a verdade se explicasse que a medida era uma manobra populista irresponsável que Bolsonaro fizera na tentativa de vencer a eleição. Agora, ao estender a desoneração, Lula torna sua a manobra irresponsável.
O ruim sera se o Lula seguir i’os precedentes do Bolsonaro, os trambiques , perseguição e abuso da criatividade e o tudo eu posso bastando comprar o Centrão diretamente na penumbra, mais fácil que no petrolao.
ResponderExcluirO mensalão deixa muito rastros e o Centrão muito eficaz em disfarça-los
ResponderExcluirEm se tratando de política aprende-se rápido as malandragens.
ResponderExcluirO governo Lula já ia começar com o preço dos combustíveis aumentando,um mau começo.
ResponderExcluirSempre há uma desculpa, esfarrapada. Tomara que não siga os outros mal feitos do Bozo. Nada dele deveria ser reaproveitado, a tendência é seguir o enredo
ResponderExcluirdas mazelas, aguardo para ver, a isso chamamos de política o que muda é o chefete, o resto é tudo igual, o mais puro fingimento.