quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

Mariliz Pereira Jorge - Pau nos golpistas

Folha de S. Paulo

Que índole democrata permanece inabalada após quatro anos num país contaminado pela raiva?

Não me reconheço nesses tempos estranhos em que temos vivido. Diante das imagens de uma Brasília sendo destruída por uma horda de vândalos, pensei: pau nos golpistas. Que índole democrata permanece inabalada depois de quatro anos num país contaminado pela raiva?

Se a Monja Coen perdeu a paciência por causa de futebol, imagine o que se passa nas entranhas do cidadão comum que vê o país sob a tentativa de golpe. Percebi o movimento sorrateiro do fascistinha que habita mesmo o íntimo de todos nós que acreditamos que a democracia é inegociável. Tão inegociável que me peguei gritando pau nos golpistas.

A falta de civilidade bolsonarista mergulhou o país numa crise de empatia coletiva. Se tem um bolsonarista triste, tô feliz. Se tem bolsonarista preso, tô mais feliz ainda. Se essa corja ensandecida acha que pode tomar o poder na marra, que não reclame de prisões e da qualidade da comida. Ou pede ditadura ou recorre aos direitos humanos.

Mas quando soltei um "pau nos golpistas" não pretendia ser literal. A intolerância com a intolerância não pode passar pela violência. Talvez um sprayzinho de pimenta, uma lufada de gás lacrimogêneo, uma enquadrada pela cavalaria. Entre um Di Cavalcanti esfaqueado e um patriota asfixiado por uma bomba de efeito moral, sinto muito.

Os vândalos apreendidos reclamam das más condições e compartilham suas "denúncias" por meio das redes, com acusações de que vivemos um regime de exceção, que idosos e crianças estão sendo maltratados. Mentira. A maioria dos golpistas presos é nascida nos anos 1960 e 1970, gente que engatinhava quando a ditadura pela qual eles lutam pela volta matava em seus porões.

Não se fazem mais ditaduras como antigamente. Na de agora, todos com celular fazendo o que eles mais gostam: espalhar notícia falsa. Que tudo siga o princípio do devido processo legal, mas só consigo pensar: cadeia nos golpistas! Namastê.

 

3 comentários:

  1. Tá qui nem nóis: cananeles!

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  2. Os patriotários são completamente idiotas. Eles querem AI-5, admiram o torturador Lambuzado (de fezes e sangue) Ustra e reclamam das condições de prisão da democracia. A seguir o que aconteceu com Cesar Benjamin que foi preso pela ditadura de 64 quando era menor de idade: "Eu estive preso durante mais de cinco anos no último regime de exceção brasileiro, apesar de nunca ter sido condenado. Durante três anos e meio, fiquei em cela solitária. Não havia habeas corpus.
    Na Polícia do Exército da Vila Militar, eu ficava nu em uma cela sem nada, tão pequena que não me permitia deitar no chão de ladrilhos. Conseguia ficar recostado/agachado ou em pé. A única água disponível era a da descarga do “boi” que dividia o espaço comigo. Comia com as mãos. Passava as noites em claro, tremendo de frio.
    Eles (os patriotários) querem que o Brasil retorne a esses tempos, mas só para os outros". Namastê!

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