Folha de S. Paulo
Por que, durante quatro anos, ele desceu da
cadeira todos os dias para demitir e nomear delegados?
Diz a velha frase que o pior de uma
ditadura não é o ditador, mas o guarda da
esquina. Não caia nessa. O ditador pode tudo, inclusive nomear os
guardas da esquina —os delegados, investigadores e comandantes das forças
policiais que o ajudarão a implantar a ditadura. E é impressionante como, em
todos os escândalos criminais, financeiros ou institucionais do governo
Bolsonaro, sempre houve alguém da Polícia Federal, da Polícia
Rodoviária ou da Polícia Militar envolvido.
Enquanto não se fizer a completa desratização, continuará a haver. Mesmo com Bolsonaro fora do Planalto, os ataques em Brasília denunciam a ação ou omissão de policiais, escoltando os terroristas pela rua ou lhes dando passe livre para invadir e depredar. Não por acaso, um dos acusados pela conspiração, iniciada já na diplomação de Lula, é um policial, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro e que acabara de ser nomeado para o cargo-chave de secretário de Segurança do DF.
Escalar delegados para este ou aquele posto
é uma função que um presidente normal confia a seus subordinados da Justiça.
Mas, dia após dia, por quatro anos, Bolsonaro desceu da cadeira para cuidar
disso em pessoa. Era como se a presença de tal policial, não outro, mesmo nos
cafundós, fosse fundamental para a condução do país —e, no caso, era. Bolsonaro
trocou dezenas de delegados em cargos de chefia, bastando que um deles
relaxasse na proteção de um seu familiar ou acólito ou insinuasse algo que
significasse menos do que submissão total (e nada deixava de chegar aos seus
ouvidos).
Enquanto nos ocupávamos do seu ostensivo
processo de corrupção do Exército, Bolsonaro, em surdina, estava implantando um
Estado policial. Teve tempo para infiltrar as polícias de todos os estados com
elementos de sua confiança ou identificados com ele.
E não necessariamente para atacar, mas para
garantir os levantes civis que não se limitarão aos de Brasília.
Bolsonaro nadou de braçada, diante da impressionante cegueira de nossa imprensa estrelíssima!
ResponderExcluirA imprensa criticou o tempo todo,faltou o congresso barrar o cara.
ResponderExcluirO Ademar falou tudo! Imprensa e STF seguraram as piores manobras, mas o Congresso (através do Lira) e o MPF (através do Aras) fizeram pouco.
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