O Estado de S. Paulo.
Na economia do futuro, o Brasil tem sua grande chance de protagonismo internacional
Não existe ferramenta capaz de aferir, com
precisão, a contribuição de cada país no combate às mudanças climáticas. O
Climate Scanner, apresentado na semana passada em evento em Lisboa, pretende
suprir essa lacuna. A plataforma digital será alimentada com informações
confiáveis sobre financiamento, políticas públicas e governança.
A ferramenta está sendo desenvolvida pela Intosai, entidade que congrega órgãos de controle de diversos países – entre eles o nosso Tribunal de Contas da União (TCU). O Brasil assume a presidência do Intosai em novembro deste ano, quando o Climate Scanner será lançado oficialmente. “Será uma oportunidade de recuperar a liderança e o respeito que sempre tivemos quando falamos em meio ambiente”, diz Bruno Dantas, presidente do TCU. Ele é entrevistado no minipodcast da semana.
Quando se fala em Brasil no exterior, a
primeira palavra que vem à mente é “Amazônia”. Nesta semana o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva visitou seu colega americano, Joe Biden, e recebeu a
chanceler francesa, Catherine Colonna. A Amazônia foi assunto nas duas
conversas, que tiveram a participação da ministra Marina Silva.
Faz sentido que a titular do Meio Ambiente
participe dos compromissos internacionais de Lula. Num país como o Brasil, ela
é tão importante quanto o ministro da Fazenda. Um cuida da economia do
presente; o outro, da economia do futuro – área na qual o Brasil, país-chave no
combate à mudança climática, tem sua grande chance de protagonismo
internacional.
Se, na “economia do presente”, a notícia
tem sido a turbulência com o BC, a “economia do futuro” enviou dois sinais
positivos nesta semana. O novo plano de combate ao desmatamento na Amazônia
(PPCDAm) colocou, acertadamente, a geração de empregos no centro das
preocupações – algo fundamental quando se leva em conta que o crime organizado,
tragicamente, capturou grande parte do mercado de trabalho da região.
O outro é a nomeação da economista Ana Toni
na Secretaria Nacional de Mudanças do Clima. Ela foi a responsável por agregar
acadêmicos, ambientalistas, líderes indígenas e alguns empresários do
agronegócio no Brazil Action Hub, pavilhão da sociedade civil montado nas três
últimas conferências do clima – COPs 25, 26 e 27. O Brasil necessita da união
de vários setores se quiser se tornar voz importante no debate ambiental.
Depois dos sinais, precisamos de
resultados. Que sejam urgentes, concretos e eloquentes a ponto de movimentar o
ponteiro do Climate Scanner. Desses resultados depende nosso protagonismo –
afinal, lá fora, nosso nome é Amazônia.
*Escritor, professor da Faap e doutorando em Ciência Política na Universidade de Lisboa
Curto,simples e direto.
ResponderExcluir