segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

Lygia Maria - Fake news estatal

Folha de S. Paulo

Não é função da EBC servir a interesses político-ideológicos do governo

O futuro presidente da EBC (Empresa Brasil de Comunicação), jornalista Hélio Doyle, disse em entrevista para a Folha que, se depender dele, os veículos da organização tratarão o impeachment de Dilma Rousseff (PT) como "golpe".

Em matérias opinativas, não há problema. Afinal, o evento gerou análises divergentes. Contudo, no noticiário factual, é um erro técnico.

O jornalismo é um processo de conhecimento, assim como a ciência, e mantém com ela semelhanças e diferenças. Ambos se baseiam em métodos profissionais que visam à aproximação mais objetiva possível da verdade —e objetividade tem a ver com o método, não com o sujeito.

É justamente por constatar que o sujeito não pode ser objetivo —pois possui crenças, valores etc.— que o método precisa ser. O modo como o jornalista ou o cientista chegou à dada constatação deve ser transparente, para que outros profissionais possam validá-la ou refutá-la. Ou seja, objetividade é intersubjetividade.

Assim, diversos veículos de imprensa cobriram a saída de Dilma Rousseff do poder, e a grande maioria deles atestou que o que se deu foi um processo de impeachment. Para isso, verificou-se, por exemplo, que a popularidade da presidente era baixíssima, que o rito seguiu as exigências legais, foi votado pelo Congresso e referendado pelo STF.

Se a EBC pretende chamar "impeachment" de "golpe", precisa deixar muito claro o método que usou. Precisa explicar por que Lula e o PT estão aliados a partidos e políticos que teriam sido responsáveis pelo tal "golpe". Precisa mostrar o erro cometido pelo ministro do Supremo que o validou. Mais importante, por se tratar de crime contra o Estado de Direito, a EBC tem de exigir que o STF julgue e puna os culpados por esse atentado à democracia.

Caso contrário, é só usar dinheiro público para divulgar fake news. Pior ainda, é usar uma empresa estatal, que deve servir à toda população brasileira, para servir a interesses políticos do governo. Nada mais antirrepublicano.

 

5 comentários:

  1. Anônimo6/2/23 14:20

    Corretíssima análise, eles não aprendem mesmo. Já estão ensaiando até voltar o “nós contra eles”, a raiz de tudo que aconteceu principalmente nos últimos 4 anos e mesmo antes com a ascensão de político sem expressão mas disposto a contestar ou melhor “peitar” o “nós contra…”

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  2. Anônimo6/2/23 17:13

    No meu entendimento o impeachment da Dilma foi injusto porque o Bolsonaro infligiu leis muito mais severamente que
    ela. Se o PT a época tivesse comprado políticos ela não teria sido impeached.
    Depois do Bolsonaro ninguém poderá sofrer um importante impeachment. Dilma se desgastou porque deixou a economia chegar onde chegou. Não havia dinheiro até para devolução do Imposto de Renda que pela primeira vez não pode ser ressarcido. Ninguém aguentava mais eis a verdade, seu governo foi um experimento tragicômico. A culpa foi do .Lula que não teve coragem de peita-la em sua candidatura. Dilma não é muito certa da bola, ela é meio louca .

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  3. Anônimo6/2/23 17:16

    Se Dilma é meio louca, o que dizer do Bolsonaro?? Ou GENOCIDA não entra numa comparação?

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  4. Anônimo6/2/23 21:26

    Ele é louco de pedra além de não ter princípio algum, fora da lei irremediável. Prefiro ela, apesar em teimar de ser presidente quando não deveria. Moralmente, não deveria ser impichada, sendo que este foi muito mais merecedor. Mas que ela é doidinha isso é.

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  5. Anônimo6/2/23 21:28

    Precisa aprender a ler porque eu falo exatamente o que você pensa e sabe de uma coisa? Tchau, mesmo.

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