O Globo
A hora é de acudir a emergência, mas o
governo já pensa o que fazer, na prática, para aumentar a proteção contra os
desastres
Há como adaptar o Brasil para os eventos
traumáticos como o do Litoral Norte de São Paulo, e as últimas horas foram de
atitudes que podem levar a essa adaptação. O Cemaden alertou que haveria chuvas
fortes, em Brasília e no norte de São Paulo, e depois, com a água já descendo,
deu um alerta de “altíssimo risco”. O que fazer diante desses avisos? “Ter
sirenes em todas as áreas de maior risco já mapeadas no Brasil, e planejar
antecipadamente para onde as pessoas devem ir”, afirmou o climatologista Carlos
Nobre.
O Cemaden foi criado após a tragédia de Petrópolis em 2011. O que as ministras Marina Silva e Luciana Santos querem agora é construir um plano para os 1.038 municípios que já estão mapeados pelo centro e pelo Instituto Geológico. Neles foram identificadas áreas de risco e de eventos recorrentes.
— Da mesma forma que o PPCDAm foi o plano
de ação contra o desmatamento, a ideia que está sendo elaborada pelos
ministérios do Meio Ambiente e da Ciência e Tecnologia é fazer um plano de
prevenção para o enfrentamento das consequências da mudança do clima — explicou
Marina Silva.
Em Brasília, o
presidente Lula fez uma reunião ontem à tarde com vários ministros para
enfrentar o que está ocorrendo agora no Litoral Norte de São Paulo, da liberação
de recursos até às ações emergenciais. Dois fatos positivos dos últimos dias
foram a naturalidade com que as autoridades federais e estadual uniram
esforços, e a rapidez com que foi acionada a iniciativa privada para levar
remédios, alimentos, produtos de necessidade urgente. Não havia morfina no
hospital. Chegou num dos voos de helicóptero.
— Para mim, o evento ainda está
acontecendo. Então, é preciso pensar no que fazer agora — disse uma autoridade
que estava na reunião no Planalto.
É bom que haja um grupo na emergência e
outro na prevenção da emergência futura. O Cemaden, Centro de Monitoramento e
Alertas de Desastres Naturais, surgiu em um momento assim, na tragédia de 2011
em Petrópolis, quando morreram 918 pessoas. O ministro Aloizio Mercadante ligou
para o cientista Carlos Nobre, do INPE, que estava em Tóquio numa reunião e
pediu que ele pensasse num sistema de alerta. Amanhecia no Brasil, mas era
noite no Japão. Nobre passou a noite escrevendo. De manhã, tinha um esboço. A
então presidente Dilma convocou uma reunião, teve conhecimento do projeto e
mandou realizar.
Dois desses fundadores do sistema de alerta
estavam na reunião dessa terça-feira em São Paulo com as ministras Marina e
Luciana, o cientista José Marengo e Carlos Nobre. No Rio e em Petrópolis, há
sirenes e isso tem ajudado a mitigar os desastres.
— Dos últimos desastres, apenas um não foi
previsto, o de 15 de fevereiro do ano passado, em Petrópolis, porque nenhum
sistema do mundo conseguiu prever. Foi totalmente anômalo. Morreram 241 pessoas.
O de 20 de março, também em Petrópolis, foi previsto. As sirenes tocaram, e
morreram nove pessoas. O do sul da Bahia, no fim de 2021, e o de Minas foram
previstos. O do Recife em maio, quando morreram 130 pessoas, foi alertado com
dois dias de antecedência. Foram enviados avisos pela Defesa Civil, que usou o
SMS, que não é tão efetivo quanto a sirene — diz Nobre.
O Cemaden tem instalados 3.000 pluviômetros
em 1.038 municípios. Tem 44 pluviômetros entre Ubatuba e Bertioga e 12 em São
Sebastião, mas lá não há sirenes instaladas. É preciso instalar sirenes.
— Vamos fazer um grande seminário em
Brasília com a comunidade científica para pensar como pode ser esse plano de
prevenção contra os efeitos da mudança climática — afirma Marina.
O governador Tarcísio de Freitas foi com a
ministra a São Sebastião e juntos gravaram um vídeo. “Com esse ambiente de
cooperação, vamos dar grandes passos”, disse o governador.
Será necessário fazer um grande programa de
restauração florestal, do topo dos morros. Segundo Carlos Nobre, 80% dos
deslizamentos que ocorreram em Petrópolis em 2011 foram originados em morros em
que não havia vegetação no topo.
Agora é acudir as emergências, mas, antes
que venha o próximo desastre, é preciso tomar as medidas certas no sistema de
alertas e ter uma boa política habitacional e de planejamento urbano. É
difícil, mas é possível adaptar o Brasil aos desastres climáticos. A ciência
informa: eles vão acontecer com mais frequência e mais intensidade.
O astronauta Marcos Pontes, atual senador eleito pelos paulistas, ficou 4 anos como ministro da Ciência e Tecnologia e quase NADA fez no comando da pasta.
ResponderExcluirNa pandemia, o astronauta-ministro prometeu que em poucas semanas apresentaria um remédio contra a Covid que seu ministério estava pesquisando. TAL MEDICAMENTO NÃO APARECEU até hoje!
Quanto o diretor do INPE anunciou que o órgão havia detectado aumento de queimadas na Amazônia, Bolsonaro criticou o INPE, DUVIDOU dos dados (que depois foram confirmados aqui e fora do Brasil) e o ministro-astronauta DEMITIU o diretor do INPE, um dos 100 mais importantes cientistas do mundo na época.
Por 8 anos, este mentiroso vassalo e cúmplice de Bolsonaro vai viver em Brasília, depois de ter AFUNDADO a Ciência brasileira e de NADA ter produzido enquanto esteve à frente do Ministério de Ciência e Tecnologia.
Marcos Pontes sempre foi borboleta deslumbrada.
ResponderExcluirCarlos Nobre é um nobre e correto cientista.
Misericórdia!
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