O Estado de S. Paulo
Presidente vai criar canal de comunicação nas redes sociais e busca apoio de classe média
Antes de completar cem dias de governo, o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer estrear um programa semanal nas redes
sociais, em formato de podcast, na tentativa de estabelecer um canal direto de
comunicação com o público. A primeira sugestão dada a Lula foi a de fazer uma
live, mas ministros políticos são contra, sob o argumento de que pareceria uma
cópia da estratégia usada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Foi então que
surgiu a proposta do podcast.
Se tudo seguir como o roteiro traçado, e nada atrasar, a ideia em discussão no Palácio do Planalto prevê que até o fim de março Lula apareça todo início de semana em um programa nas plataformas digitais.
O estilo será dinâmico: o plano não é
apresentar o presidente sentado atrás de uma mesa para comentar assuntos e
criticar a imprensa, como fazia Bolsonaro, mas, sim, mostrar cenas do seu
cotidiano.
Lula vai aparecer ora em conversas com
ministros, ora em tête-à-tête com deputados, senadores e outros personagens.
Será garoto-propaganda de projetos do governo e pretende até mesmo entrevistar
beneficiários do Minha Casa, Minha Vida, do Bolsa Família e do
Microempreendedor Individual (MEI). Nos dois primeiros mandatos, de 2003 a
2010, ele tinha um programa de rádio chapa-branca batizado de Café com o
Presidente.
Diante de um cenário de dificuldades na
economia, briga com o Banco Central para baixar os juros e cotoveladas do
Centrão por mais regalias, em troca da aprovação de propostas cruciais, como a
reforma tributária, Lula corre contra o tempo. Até hoje sem novas marcas para
apresentar nos primeiros cem dias, aposta na retomada dos investimentos
públicos e da política externa e busca apoio da classe média.
Mas ainda há uma dúvida no horizonte: o
governo que vai prevalecer é o que rima distribuição de renda com
responsabilidade fiscal ou aquele que “frita” o ministro da Fazenda, Fernando
Haddad?
Dizem que o ano só começa depois do
carnaval. Espera-se agora que, após uma temporada marcada por ataques
golpistas, crise Yanomami, queda de braço com o Banco Central e tragédia no
litoral norte, frases como “Acabou a eleição” e “Estamos juntos” – proferidas
por Lula ao lado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas –, não se
dissipem nesta Quarta-Feira de Cinzas.
Tomara mesmo.
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