Valor Econômico
Opinião que mais mudou no Brasil em 2022
foi sobre urnas
Um levantamento inédito da Quaest revelou
que durante a campanha eleitoral de 2022, a desconfiança dos brasileiros em
relação às urnas eletrônicas cresceu 38 pontos percentuais em 18 meses. Em
novembro, logo após o segundo turno, 56% dos brasileiros - mais da metade da
população - declararam não confiar, ou confiar pouco, no voto eletrônico. Em
junho de 2021, esse índice era de 18%.
Este dado pode estar associado ao
redemoinho de notícias falsas sobre o sistema eletrônico de votação que engoliu
parcela expressiva dos brasileiros, principalmente pelas redes sociais, durante
a campanha eleitoral.
Após monitorar 20 mil grupos públicos de WhatsApp no Brasil, e identificar, no período de agosto a dezembro de 2022, 720 diferentes tipos de “fake news”, a Quaest concluiu que 51% do noticiário falso era sobre as urnas eletrônicas.
“É metade de tudo o que se falou no Brasil
durante a campanha”, observou à coluna o diretor da Quaest, Felipe Nunes, que
coordenou o levantamento. “Não dá para afirmar que há causa e efeito, mas a
correlação entre esses dados é absurda”, alertou.
Estes números expõem a desconstrução de uma
relação de confiança edificada entre a Justiça Eleitoral e os brasileiros ao
longo de 27 anos. Foi nas eleições municipais de 1997 que 70 mil urnas,
distribuídas em 57 cidades, processaram os votos de 32 milhões de brasileiros
pela primeira vez.
Até então, não se duvidava da eficiência do
sistema. Bastou um ano e meio de declarações sistemáticas do ex-presidente Jair
Bolsonaro contra o voto eletrônico, disseminadas nas redes sociais pelos seus
asseclas, para que o castelo erguido em duas décadas fosse abaixo.
Bolsonaro até convocou embaixadores
estrangeiros para uma reunião, em julho de 2022, para apontar suspeitas contra
o voto eletrônico sem provas das acusações. O episódio é uma das evidências
usadas contra o ex-mandatário em processo que pleiteia sua inelegibilidade no
Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
“É a opinião que mais mudou no Brasil,
quase ninguém desconfiava das urnas até 2021”, ressaltou Felipe Nunes.
Segundo dados da Quaest, 88% dos
brasileiros acreditam ter recebido “fake news” durante a campanha. Quase metade
dos brasileiros (43%) compartilharam notícias, mesmo se não fossem verdadeiras,
desde que beneficiassem o seu candidato.
A maior parte desse compartilhamento (94%)
era por WhatsApp - um dado alarmante tendo em vista as eleições municipais de
2024, já que entrou em operação no país o WhatsApp Comunidades, ferramenta
capaz de reunir até 5 mil pessoas em um único grupo.
Nunes ponderou que Bolsonaro, ao disseminar
suspeitas infundadas contra as urnas, conseguiu colocar a “pulga atrás da
orelha” de mais da metade dos brasileiros. Para o diretor da Quaest, isso
atesta o poder de convencimento de uma liderança política.
“Quando as pessoas minimizam o efeito das
“fake news” nas falas dos presidentes, não entendem o potencial de dano que essas
declarações podem causar”, alertou. Nunes lembrou que, na campanha, Bolsonaro
questionou as urnas o tempo inteiro. “Houve uma fábrica de distribuição de
notícias falsas contras as urnas, e a gente vê, agora, uma mudança na
confiança”, completou.
Em outra frente, mesmo cinco meses após as
eleições, as falsas acusações sobre as urnas ainda são utilizadas por Bolsonaro
como tática diversionista.
Pressionado pela revelação de que um
militar da comitiva de seu ex-ministro de Minas e Energia, almirante Bento
Albuquerque, tentou entrar no Brasil sem declarar joias em ouro e diamante
avaliadas em € 3 milhões, o ex-mandatário voltou a levantar suspeitas sobre o
sistema eleitoral brasileiro neste fim de semana.
No sábado (4), Bolsonaro subiu ao palco do
Conservative Political Action Conference (CPAC), a conferência conservadora da
direita americana, em Washington, para sugerir mais uma vez, sem provas, de que
teriam ocorrido irregularidades nas eleições brasileiras.
“Eu tive muito mais apoio em 2022 do que em
2018. Não sei por que os números mostraram o contrário”, discursou. Os
brasileiros presentes no evento responderam ao líder político com um coro de
“fraude, fraude”, segundo reportagem da BBC Brasil, que acompanhou o evento. Na
sequência, um empresário ligado ao ex-presidente Donald Trump subiu ao palco
para afirmar que Bolsonaro, na verdade, teria “ganhado de lavada”.
É nessa conjuntura de uso sistemático das
“fake news” como tática diversionista que os dados do novo levantamento da
Quaest servem de alerta à Justiça Eleitoral, ao governo federal e à sociedade
civil pró-democracia de que devem se unir em uma frente ampla que atue para
reverter a desconfiança sobre o sistema eleitoral. O presidente Luiz Inácio
Lula da Silva já declarou que a ofensiva das “fake news” é uma mazela global, e
que levará o tema à cúpula do G-20, que ocorrerá na Índia.
O levantamento sobre o impacto das “fake
news” na campanha de 2022 é resultado de um cruzamento inédito de dados de
pesquisas realizadas pela Quaest, por encomenda do Banco Genial, em 2021 e
2022.
"O poder de convencimento de uma liderança política"
ResponderExcluirQuando deveria liderar uma campanha de vacinação contra Covid e, antes, de PREVENÇÃO contra a pandemia que se alastrava, o GENOCIDA SABOTOU as diversas vacinas que surgiram (e foi especialmente contrário à desenvolvida em SP pelo Butantan comandado pelo governador Doria) e as MÁSCARAS que reduziam a probabilidade de contágio.
Resultado: MUITO MAIS CONTAMINADOS e muito mais brasileiros MORTOS do que haveriam se a pessoa mais importante do país não fosse o canalha Jair falso messias Bolsonaro! Que estimulou a morte de MILHARES de brasileiros, com suas omissões e ações intencionais contra a saúde pública!
Provado: máscara não reduz coisa nenhuma o vírus COVID 19 transmite pelos olhos. Biden não tirava a máscara e pegou, sua mulher também. Muita suposição sem comprovação científica. Vacina também não é infalível.
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