Folha de S. Paulo
Ex-presidente queria encenar retorno
heroico no 1º dia, mas teste será feito nos 1.284 dias seguintes
Jair
Bolsonaro queria uma festa em seu retorno
ao país. Planejou recepção no saguão lotado do aeroporto, desfile em carro
aberto e discurso para uma multidão. A ideia era encenar uma espécie de retorno
heroico, como se o
isolamento de três meses nos EUA não tivesse sido a escolha livre de
um político abatido.
O programa foi vetado
por órgãos de segurança de Brasília, mas não seria prudente descartar uma
nada espontânea quebra de protocolo. A experiência bolsonarista já mostrou que
o líder e seus seguidores se alimentam de um desafio infantil a autoridades e
regras em geral.
O primeiro dia de Bolsonaro em solo brasileiro como ex-presidente dirá pouco sobre seu futuro ou sobre o vigor da extrema direita. Esse teste será feito nos 1.284 dias seguintes, até 2026. O capítulo desta quinta (30) será apenas uma demonstração de como ele pretende ser visto.
Como movimento populista, o bolsonarismo
precisa de um líder cultuado. A derrota para Lula em 2022 caiu mal dentro do
grupo porque as urnas quebraram essa imagem, somando-se ao incômodo com a
ausência do ex-presidente durante o autoexílio americano.
Bolsonaro gostaria que o roteiro de seu
retorno fosse uma prova de que não houve popularidade perdida nesse processo. O
ex-presidente quer criar e manter a ilusão de que seu nome tem apoio
majoritário —um adjetivo que ele não consegue reivindicar, ainda que seja um
dos políticos mais populares do país.
Aliados vêm dando pistas da plataforma que
Bolsonaro pretende explorar na oposição. O ex-presidente deve buscar
principalmente más notícias na economia para atacar o discurso de campanha de
Lula, além de enfrentar o governo em temas ligados à segurança pública. Nessas
horas, deixará de lado o fiasco de seus quatro anos no Planalto.
Bolsonaro, aliás, passará os próximos
tempos assombrado pelo passado. As ações de inelegibilidade e as
investigações sobre as joias sauditas estarão na porta da mansão que o
PL alugou para abrigá-lo.
E a puliça desbolsonarizada também vai estar lá
ResponderExcluirO Minto apenas espera a chegada do próximo oficial de justiça. Vão fazer fila na porta da casa dele. Depois virão os julgamentos e as condenações, e então os recursos e a PRISÃO. Contagem regressiva já iniciada... Vai voltar a choramingar e se dizer perseguido!
ResponderExcluirPois é.
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