O Estado de S. Paulo
Com PT x PT, Haddad ajusta PAC e vinculações constitucionais na nova âncora fiscal
De boas intenções o inferno está cheio e
elas são irmãs siamesas de “ideias geniais” que pululam em Brasília, animam a
plateia, atiçam interesses e dividem o governo. O presidente Lula virou
mediador entre a “criatividade” de Fernando Haddad, o “esquerdismo” do PT e a
“genialidade” de ministros afoitos.
O pacote fiscal de Haddad empacou na reunião com Lula na sexta-feira, quando Rui Costa (Casa Civil) vocalizou a pressão do PT e de ministros gastadores por “maior amplitude” para obras e investimentos no teto de gastos. Eram 4 a 2: os petistas Lula, Haddad, Costa e Esther Dweck, vinculada ao partido, “contra” os liberais Geraldo Alckmin (PSB, ex-PSDB) e Simone Tebet (MDB). O problema, porém, foi PT contra PT.
Haddad corre para ajustar as vinculações
constitucionais e o “novo PAC” (Programa de Aceleração do Crescimento) no
pacote para anunciar tudo junto antes da viagem à China, no fim de semana.
Enquanto ele toureia o PT e aguarda a
decisão de Lula, ideias “geniais” não param. Sem aval do Planalto, Márcio
França (Portos e Aeroportos) lançou o “Voa, Brasil”, com trechos a R$ 200 para
estudantes, aposentados e servidores públicos federais, estaduais e municipais.
Lindo, não é? Mas quem paga a conta, ou a passagem? Vem aí um grupo de
trabalho.
Carlos Lupi (Previdência), que manda no
conselho do setor, também teve ideia genial sem combinar com os russos,
Planalto e Fazenda: juros de 1,7% para empréstimos consignados de aposentados
do INSS. Bacana, mas... os bancos não topam, BB e CEF entram na dança, o BC
volta aos holofotes e as centrais sindicais vão às ruas. Enquanto isso,
aposentados estão sem consignado nenhum.
França é do PSB, Lupi é do PDT e os dois
partidos acertam federação com o Solidariedade, para marcar posição e
fortalecer a centro-esquerda nos embates com o PT. Além de adversários e
inimigos, Lula enfrenta guerrinhas de aliados e ameaças de “aliados”, tipo
União Brasil.
E com o Supremo no meio. De saída, Ricardo
Lewandowski, amigo de Lula, votou para liberar geral a ida de políticos (e
companheiros?) para estatais; André Mendonça, o “terrivelmente evangélico” de
Jair Bolsonaro, pediu vistas; Lewandowski transformou o voto em decisão
monocrática; Mendonça jogou o julgamento – já do mérito – para o plenário.
Durma-se com um barulho desses.
Se a coisa já é assim no Executivo e até no
Judiciário, imagine-se a nova âncora fiscal e a reforma tributária no Legislativo,
com 513 deputados, 81 senadores e Arthur Lira no comando... Haddad, que faz a
parte dele, avisa: Agora é com o próprio Lula.
Muito interessante esta síntese feita pela colunista! Parabéns a ela e ao blog por informar tão bem os seus leitores!
ResponderExcluirDedo no olho e chute no pescoço não valem
ResponderExcluirSó faltou a Kátia cantando,não está sendo fácil...
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