O Estado de S. Paulo
A ‘criatividade’ fiscal de Dilma deu em
recessão; e a de Lula vai dar no quê?
A estratégia do presidente Lula para
sobreviver, primeiro, e para o sucesso, ao fim e ao cabo, passa por um tripé:
popularidade, governabilidade e desenvolvimento. A coisa balança nesse último
pé, lembrando que os três vão se fechando ao longo do governo e vão definir,
para o bem ou para o mal, a eleição de 2026 e a história.
Na questão da popularidade, Lula tem
discurso, certezas e ações firmes, anunciadas em eventos regados a emoção, que
miram o apoio decisivo da base da pirâmide, que vem desde sempre e foi
fundamental em 2022: miseráveis e a massa de até dois salários mínimos, que
decantam para o eleitorado feminino, pretos e nordestinos.
É basicamente para eles que Lula reativa e prioriza Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida, Merenda Escolar e isenção do IR e lança o Desenrola (renegociação de dívidas da baixa renda com garantia do Tesouro). Sem falar no reajuste das bolsas da Capes e do CNPq, que atinge também a classe média.
Na governabilidade, o foco está em Arthur
Lira, que tem controle raramente visto do Congresso e tem lá seu preço, mas
Lula não vai regatear. Conta com Lira e os governadores para impedir a CPI do
golpe e aprovar onze MPs, nova âncora fiscal e reforma tributária. Ninguém ganha
todas, mas Lula está bem colocado. “É mais fácil negociar com o Congresso do
que com a Gleisi (Hoffmann)”, diz-se na área econômica.
O pé que balança é a economia. Não há
desenvolvimento sustentável sem responsabilidade fiscal, mas Lula atira contra
o BC, ironiza o rigor com o dinheiro público e só fala em gastos, nada sobre
receitas. Dinheiro não nasce em árvore e a última de Lula foi animar a plateia
falando da “criatividade” de Fernando Haddad e Simone Tebet, o que remete à
“contabilidade criativa”, ironia de Delfim Netto para o desmanche fiscal de
Dilma Rousseff, que deu em dois anos de recessão.
Estudiosos e representantes do setor
produtivo e da área financeira têm um pé atrás, acham o governo sem rumo e Lula
3 mais populista e esquerdista, gastador e voluntarioso. Mas com o benefício da
dúvida: será só jogo político? Lula faz populismo, Haddad cuida da economia?
A resposta virá nesta semana, com a nova
âncora fiscal. O “criativo” Haddad está serelepe, convencido de que sua
engenharia para equilibrar receita e gastos, reoneração e investimento social é
uma beleza. Fazer mistério para depois surpreender positivamente é um bom
marketing, assim como o slogan de Lula que Haddad encampou: “Pobre no Orçamento
e rico no Imposto de Renda”. Justo é. Resta saber o quanto e se a conta fecha.
Se pegar, pagou
ResponderExcluirSe pagar, pegou
É isto aí.
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