Na entrada do século XIX as mazelas e
injustiças produzidas pelo novo sistema capitalista industrial geraram o
movimento socialista, como expressão política inicial da nascente classe
operária.
A década de 1830 foi marcada por diversas insurreições dos trabalhadores na França. Na Inglaterra, em 1831, foi fundado o Partido Cartista, o primeiro partido operário. Em 1848, eclodiu a Comuna de Paris. Mesmo ano, em que o “Manifesto do Partido Comunista” foi publicado. O movimento sindical se fortalecia na Europa Ocidental.
Tudo isto foi uma reação às péssimas
condições de trabalho e vida dos trabalhadores à época. Jornadas de trabalho de
16 horas com apenas meia hora de intervalo. Trabalho infantil e feminino em
condições desumanas. O numeroso contingente de trabalhadores deslocados do
campo para cidade, no novo cenário urbano-industrial, submetidos a condições
terríveis de moradia e saneamento. A criminalidade e a prostituição crescendo. A
concorrência selvagem entre empresas e países provocando desigualdades e
guerras. O exército de reserva adensando com o desemprego provocado pela
evolução do maquinismo e da energia a vapor. Tudo isto jogou lenha na fogueira
da luta de classes e assustou a nova classe hegemônica, que ainda lutava para
extinguir os resquícios feudais e a da monarquia absoluta.
Inicialmente, as lutas tinham caráter
sindical e reformista. No campo das ideias surgiu o chamado “socialismo
utópico” de Sant Simon, Fourier, Robert Owen, Proudhon, e mais à frente, já no
ambiente do movimento socialista internacional, o reformismo de Eduard Bernstein,
e depois, Kautsky. Algumas conquistas foram alcançadas. Mas com suas diferenças,
nas ideias e no tempo, não colocavam uma perspectiva revolucionária de tomada
do poder. Tratava-se de humanizar o capitalismo e valorizar a democracia.
Marx, Engels e Lenine rompem com essa
tradição. Os fundadores do marxismo partem do princípio de que toda a história
da humanidade é a história das lutas de classe. E elas são fruto das relações
econômicas expressas no modo de produção e nas relações sociais de produção, que
determinam, em última instância, as instituições políticas, jurídicas,
filosóficas, religiosas e culturais. Fundam o que chamam de socialismo
científico, a partir do materialismo histórico e dialético. Uma visão
totalizante – visão integrada das ideias filosóficas, morais, intelectuais,
naturais, históricas e a economia política – e, teleológica – um destino final
a conquistar. Nisto, também se diferenciam do pensamento conservador,
democrático, republicano e liberal.
Os trabalhadores seriam explorados pelos
capitalistas, que extraem o excedente produzido por eles, a mais-valia, para
além do custo de produção. O capitalismo em suas etapas avançadas implicaria na
anarquia da produção, produzindo crises cíclicas de superprodução e subconsumo,
desajuste crônico e cíclico entre oferta e demanda efetiva.
Só a revolução proletário com a tomada de
poder pelos trabalhadores, a ditadura do proletariado, a extinção do Estado e
das classes, a abolição da propriedade privada, harmonizariam o modo de
produção e o caráter social da produção, das trocas, a apropriação do excedente
e o fim da anarquia substituindo as leis de mercado pela planificação
centralizada. Assim se prepararia o advento da sociedade comunista sem Estado e
classes.
O que seguiu não correspondeu à utopia. E a
revolução na URSS deu no período stalinista, na guerra fria, no agigantamento
do estado (Estado Máximo), no nascimento de uma nova elite no aparelho
governamental e no partido único. A dissolução da URSS e a queda do Muro de
Berlim marcaram a ascensão e a queda, em cerca de um século e meio, da
sociedade criada a partir do pensamento marxista-leninista.
Para quem quiser conhecer as bases desta corrente de pensamento sugiro a leitura do “Manifesto Comunista”, de Marx e Engels, do texto de Engels, “Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico”, e de Lenine “O Estado e a Revolução”.
O artigo apresenta alguns erros históricos. Por exemplo, a Comuna de Paris foi em 1871 ao contrário de 1848. O autor poderia mencionar a Era das Revoluções de Eric Hobsbawm para um leigo melhor se situar nesse período. A referência a Lenin foi um pouco exagerada. O Movimento Cartista não era um Partido e, sim, um movimento social. O texto sugere que marxistas não foram críticos ao stalinismo. Por fim, os textos indicados aos leitores no último parágrafo exigem muita contextualização. Eu acrescentaria O 18 Brumário de Marx. E Duas Táticas de Lênin.
ResponderExcluirTenho prá mim que houve Comunas em 1848 e em 1871, não?
ResponderExcluirO penúltimo parágrafo acumulou muitos acontecimentos que não foram explorados, o autor tentou resumi-los, mas comprometeu muito o entendimento dos leitores.
ResponderExcluirEu pensava que no regime comunista o estado tomaria conta dos meios de produção e demais setores,não é;isto posto,nunca houve regime comunista de fato em lugar nenhum do mundo.
ResponderExcluir