Folha de S. Paulo
Democracia deve manter tentativa de entender o que aconteceu e o que precisa ser feito para que não aconteça
A libertação de Sergio Cabral e a suspensão do juiz Marcelo Bretas simbolizaram o fim de um ciclo de
quase nove anos em que o mundo político foi posto de ponta-cabeça e em que
ascendeu ao poder algo da qualidade de Jair Bolsonaro e do bolsonarismo.
Como foi possível o mais alto cargo da República ter sido ocupado por um grupo reconhecidamente limítrofe, preconceituoso, incompetente, ignorante de regras e de ideias, profícuo apenas em produzir bobagens e em se imiscuir em mutretas de gabinete?
Essa reflexão mereceria um tratamento
similar ao de um desastre aéreo, com o recolhimento de todos os cacos para
meticulosa compreensão dos motivos da desgraça e, sobretudo, daquilo que
precisa ser feito para que ela não se repita.
Mesmo não sendo a única causa, o
furor purificador da Lava Jato semeou o campo em que mais
tarde colheu-se Bolsonaro, a quem os próceres da operação se uniram depois, em
mais um capítulo histórico da hipocrisia udenista.
Enterrada a Lava Jato, muitos parecem
já ter se esquecido do que a possibilitou.
Proliferam-se picaretagenzinhas e
privilégios aqui e ali, sendo que em alguns casos os responsáveis desobrigam-se
até mesmo de dar explicações. O balcão de cargos e emendas está aberto e
operante. Em suma, voltam a adubar a terra em que ciclicamente a trombeta do
moralismo floresce.
O presidente Lula (PT) cogita indicar seu advogado para o Supremo Tribunal Federal e
já anunciou que irá copiar de Bolsonaro o desprezo pela eleição interna para escolha do chefe do
Ministério Público. Talvez com o propósito de enterrar de vez o
lavajatismo.
Lula governa faz só dois meses e não
há equivalência entre ele e Bolsonaro. Para quem acha que há, explicações de
nada adiantarão. O petista deveria, porém, distanciar decisões de tamanho
quilate de desejos privados de desforra ou de recompensa.
O bolsonarismo está por ora
derrotado, mas conta ainda com um assustador suporte popular. Não deveria haver
espaço para erros do passado.
Concordo com tudo, menos com o peso religioso que é dado a um grupo privado e corporativista como o Ministério Público em escolher dentre os seus aquele que será o PGR. Essa prerrogativa tem de ser do presidente, até para que conchavos internos e disputas de poder no grupo não sejam escadas diretas ao poder de modo que possam executar suas funções como seu estatuto ordena e não como caça recompensas.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAlguns políticos roubam sem qualquer limite, casos vem a público e ficam desmoralizados junto à opinião pública, alguns são condenados e ficam inelegíveis e a culpa é dos juízes e da justiça. E ainda temos que aguentar uns jornalistazinhos ignorantes, sabujos e enganadores tentando nos passar atestado de idiota.
ResponderExcluirA visão do autor sobre o bolsonarismo é extremamente INCORRETA!
ResponderExcluirSó um "grupo reconhecidamente limítrofe, preconceituoso, incompetente, ignorante de regras e de ideias, profícuo apenas em produzir bobagens e em se imiscuir em mutretas de gabinete"?
Se fosse assim, seria um governo QUASE normal...
Bolsonaro é psicopata, mentiroso contumaz, defensor da tortura e dos torturadores, que comemorava mortes de pessoas por policiais e queria justificar ações policiais irregulares ou criminosas e proteger quem as cometia! Este canalha se cercou de criminosos e marginais com tendências parecidas, sem qualquer preocupação com a Verdade ou com Valores Públicos que devem reger uma Administração Pública! Interferiu em todos os órgãos Públicos que poderiam regular ou fiscalizar a atuação de sua quadrilha, e foi bem sucedido em várias destes interferências criminosas.
Alguns destes CRIMES já foram denunciados e estão sendo investigados, outros ainda serão descobertos!
Muitas das supostas incompetências do DESgoverno Bolsonaro eram na verdade ações INTENCIONAIS ou MAL INTENCIONADAS e até criminosas!