O Globo
Primeiro teste foi bem-sucedido para
Haddad, mas etapas da aprovação e da execução da proposta serão bem mais
complicadas para o governo
Fernando
Haddad se saiu bem no primeiro ato de dar à luz a nova regra
fiscal, marco inicial do governo Lula 3,
pois vai ditar sua capacidade de cumprir promessas eleitorais sem estourar o
caixa. Em resumo, seu sucesso ou fracasso.
Esse primeiro teste já envolvia alguns
desafios bem significativos: que a proposta fosse aceita pelo famigerado
mercado, que não fosse detonada nas redes sociais pelo PT,
que fosse bem recebida na primeira reação pelos líderes no Congresso e que
arrancasse uma piscadela do Banco Central.
Tudo se concretizou e, como bônus, a sua
apresentação ainda teve o condão de tirar os holofotes da volta de Jair
Bolsonaro, tratada com exagerada atenção inclusive por parte da imprensa.
Bingo, cartela cheia.
Escrevi sobre os aspectos, por assim dizer,
políticos, da apresentação da nova âncora fiscal no blog ainda nesta
quinta-feira.
O problema, para Haddad, é que tudo isso
foi apenas o ensaio geral, e os verdadeiros testes para a proposta e para ele
ainda nem começaram.
A começar do fato de que o projeto de lei complementar ainda não foi redigido. Portanto, as boas intenção, quando colocadas preto no branco ainda podem conter inconsistências não detectadas na primeira audição.
Não bastasse isso, essa proposta será
virada de ponta cabeça e feita de gato e sapato quando chegar no Congresso. Dos
lobbies poderosos dos tais setores que ainda não pagam impostos e, segundo a
Fazenda, passarão a pagar a ponto de propiciar o espetáculo do crescimento da
arrecadação à ideia que sempre acompanha deputados e senadores de vender
dificuldades na discussão de matérias para colher facilidades na forma de
concessões de emendas, cargos e outras benesses.
Passos como a definição do relator vão
ditar a maior ou menor dificuldade nesse tortuoso tráfego da proposta pelo
Legislativo. Antes de se lançar a ele, aliás, convém ao governo usar outras
matérias menos capitais para fazer o que o líder do governo no Congresso,
senador Randolfe Rodrigues, chama com propriedade de “teste de painel”. Ou
seja: saber se o governo dispõe ou não de maioria, uma base para chamar de sua.
Digamos que Haddad, como num videogame,
passe também por essa “fase”, com o auxílio, e não boicote, de seu partido, dos
demais partidos aliados, e da ala política do governo. Nesse caso, o arcabouço
será uma realidade e passará a ser executado, o que traz, de todos, o maior
desafio.
São muitos os pontos de atenção
apresentados nesse primeiro momento, a despeito da enorme boa vontade geral na
acolhida da ideia de Haddad de que o governo será fiscalmente responsável, mas
vai cumprir a plataforma de campanha de Lula de promover a redução da
desigualdade social e o crescimento mais robusto da economia.
Um dos principais sinais de incerteza é
quanto à ideia de que será possível mesmo se gastar menos do que se arrecada
sem que fique claro de onde virá essa explosão de receita. E tendo tantos
gastos fora de tetos e outros que crescerão exponencialmente, como aqueles com
a Previdência.
Os próximos dias serão tensos para a equipe
econômica, porque surgirão os cálculos mais detalhados a partir do que foi
apresentado, a negociação com o Congresso ganhará sua dinâmica própria e sempre
intensa, e os setores interessados começarão a se mobilizar para não arcar com
a conta da expansão de gastos sociais e investimentos.
Haddad parece contar com um trunfo que será
crucial e que chegou a ser colocado em dúvida nos últimos meses em que ele
ficou sob fogo amigo: o aval de Lula. Ao liberar a proposta para a divulgação
pública, depois de diluir no tempo a promessa de superávit primário, o
presidente finalmente arbitrou a disputa interna em favor da equipe econômica.
Mas nada assegura que ele não vá promover
novos rounds de disputa pública nas próximas etapas da matéria rumo à aprovação
final. Esta quinta-feira funcionou como um bom teste de resiliência para o
ministro, mas os mais difíceis ainda virão nos próximos capítulos.
Vai precisar muito que a parte 'saudável' da grande imprensa e de colunistas respeitáveis e respeitados mostrem e denunciem as mamatas e os mamantes poderosos q usufruem dos 'de$mando$ legai$'
ResponderExcluirGoverno de ladrão só pode dar mal feito uma vergonha um condenado por corrupção ser presidente da república
ResponderExcluirVeremos!
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