domingo, 16 de abril de 2023

Bernardo Mello Franco - Inelegibilidade é pouco para crimes de Bolsonaro

O Globo

Se for punido apenas pelo TSE, ex-presidente prolongará as férias até 2031

Até a tropa do PL já admite: Jair Bolsonaro deve ser condenado no processo que apura seus ataques ao sistema eleitoral. Se a previsão se confirmar, o TSE impedirá o ex-presidente de disputar eleições por oito anos. É muito pouco para a coleção de crimes que ele cometeu.

A Procuradoria pediu que Bolsonaro seja punido por abuso de autoridade e de poder político, desvio de finalidade e uso indevido dos meios de comunicação. O processo trata da reunião com embaixadores em julho de 2022, a menos de três meses do primeiro turno.

O capitão convocou o corpo diplomático para mentir sobre a urna eletrônica e atacar o candidato da oposição. O discurso foi transmitido na TV Brasil e nas redes do governo, inflamando extremistas que já ensaiavam um levante contra a democracia.

Se for declarado inelegível, Bolsonaro prolongará as férias até 2031. Ganhará mais tempo para curtir o ócio com os amigos endinheirados. No último feriadão, ele usou o jatinho de Nelson Piquet para passear em Angra dos Reis.

Como nem tudo é festa, o capitão ainda deve ser obrigado a lidar com alguns contratempos. No início do mês, ele precisou se explicar à Polícia Federal sobre o escândalo das joias. Nos próximos dias, será ouvido sobre os atos golpistas de 8 de janeiro.

O inquérito sobre o quebra-quebra contém uma novidade. O procurador Augusto Aras, que prestou longos serviços a Bolsonaro, parece ter perdido o interesse em protegê-lo. Foi o Ministério Público Federal quem pediu, ainda em janeiro, que o ex-presidente fosse incluído entre os investigados. Ele produziu prova contra si mesmo na madrugada do dia 11, quando divulgou novas mentiras contra o voto eletrônico.

Para a Procuradoria, a publicação configurou uma “forma grave de incitação” a “crimes de dano, de tentativa de homicídio e de tentativa violenta de abolição do Estado de Direito”. O ex-presidente estava na Flórida, mas continuava a comandar seus radicais à distância.

No depoimento sobre os diamantes, Bolsonaro contou uma história da carochinha. Disse que só ficou sabendo do “presente” no fim do mandato e alegou não se lembrar de quem o avisou. A conversa é duplamente inverossímil. As tentativas de desembaraçar as pedras começaram em 2021, e ninguém se esqueceria do portador de uma notícia tão valiosa.

Se a polícia ligar os pontos e a Justiça cumprir seu papel, Bolsonaro pode pegar uma cana muito mais longa que os oito anos de inelegibilidade. E isso sem incluir um só dia de cadeia pela gestão criminosa da pandemia, que matou mais de 700 mil brasileiros.

O bloco de Lira

Se quiser aprovar o marco fiscal, o governo terá que “melhorar a sua engrenagem política”, avisou Arthur Lira na GloboNews.

Para aumentar seu poder de barganha, o chefão da Câmara acaba de montar um “superbloco” com 173 parlamentares.

“Não farei nenhum movimento para atrapalhar a governabilidade do meu país”, acrescentou, na mesma entrevista. Ah, bom!

 

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