Folha de S. Paulo
Bolsonaro pode acabar enredado pelas tramas
que tece cheias de vaivéns
Os advogados de Jair
Bolsonaro são por vezes injustiçados na avaliação de colegas de
profissão pela ginástica que são obrigados a fazer para adaptar as falas do
"paciente" às necessidades jurídicas dele.
O defeito não está nos defensores. Está no
defendido, que durante quatro anos ateou fogo às próprias vestes e, por isso,
tornou-se indefensável. Para ilustrar nem vamos ao conjunto completo da obra;
bastam os casos
das joias sauditas e do post
"acidental" sobre fraude nas eleições.
Os sofridos causídicos ainda têm uma estrada longa e acidentada (e ponham acidentada nisso) pela frente tal a quantidade de enroscos judiciais a serem enfrentados em nome do cliente.
Não faço a mais pálida ideia de como farão
para convencer o Tribunal
Superior Eleitoral de que o então candidato à reeleição não abusou do
poder na campanha de 2022. Vão precisar de sorte e da ajuda divina.
Auxílio assaz indispensável a uma banca
obrigada a recorrer a argumentos pouco críveis. Sobre a postagem, restou alegar
que o ex-presidente estava fora de si ao acusar tramoia no pleito 48 horas
depois da tentativa de golpe sob a mesma alegação. Na primeira manifestação a
respeito não
se falou em medicação, só em inépcia digital.
Ao se perceber a difícil digestão da tese,
os remédios entraram na cena. Se é verdade, por que não foi dito isso logo? E
outra: não consta que o presidente estava sob efeito de morfina nas inúmeras
vezes em que difamou a lisura das urnas eletrônicas.
No episódio das preciosas das arábias, além
das nebulosas justificativas diante de fatos muito claros, surgiu a versão de
que um dos kits de maravilhas ficou dois dias esquecido na cozinha do Alvorada,
tal o desconhecimento sobre o conteúdo por parte dos ocupantes do Palácio do
Planalto.
São tramas cheias de vaivéns cujo autor
tece uma teia em vários capítulos e, no epílogo, termina enredado por ela.
Pois é,a aranha vive do que tece.
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