Folha de S. Paulo
Presidente deu aval para esvaziar ministra
em embates sobre Petrobras e atribuições de ministério
Lula deixou
impressões digitais na artilharia contra Marina Silva.
Com autorização do chefe, o Planalto deu aval ao Congresso para desidratar o
Ministério do Meio Ambiente. Na briga pela exploração de petróleo na
foz do rio Amazonas, o presidente ofereceu sobrevida a um projeto que a
ministra trabalhava para enterrar.
O petista entrega alguns anéis de Marina para preservar outras áreas. Na negociação da medida provisória que muda a estrutura do governo, Lula aceitou que a Câmara tirasse da ministra a Agência Nacional de Águas e o Cadastro Ambiental Rural.
Sem força suficiente para enfrentar uma investida
de deputados por mais influência no governo, o Planalto rifou parte
do Ministério do Meio Ambiente. A capitulação foi assinada na segunda (22)
durante um jantar do relator da MP com os ministros Alexandre Padilha e Rui
Costa. Este último negociou a preservação de seu próprio poder da Casa Civil.
A cúpula do governo também atropelou o
esforço de Marina para bloquear de vez a extração de petróleo no litoral norte.
Lula deu uma segunda chance à Petrobras ao questionar os riscos ambientais e
determinar que os estudos fossem refeitos.
Na terça (23), Marina deixou uma reunião no
Planalto com a sentença de que a decisão do Ibama contra a exploração seria
"cumprida e respeitada". Na manhã seguinte, a Petrobras seguiu o
incentivo de Lula e anunciou que insistiria no projeto.
A ministra reconheceu o golpe e denunciou o
fogo amigo. Primeiro, comparou os
planos da Petrobras a uma profanação. Depois, disse que tirar
atribuições de seu ministério seria o mesmo que "implementar
o governo Bolsonaro no governo Lula".
Na prática, Marina enfrenta uma guerra fria
com o presidente. Lula prometeu à ministra influência sobre diversas áreas e
extraiu dividendos da importância dada à agenda ambiental. Agora, ele usa
batalhas internas para emitir sinais de que Marina não tem autoridade absoluta.
A ministra, em poucas palavras, usa como arma o perigo da saída precoce
de um símbolo do
governo.
Que pena!
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