Folha de S. Paulo
Bolsonaristas querem fraudar os fatos para
proteger autores e patrocinadores de ato golpista
A tropa de choque bolsonarista ensaiou mais
um golpe na abertura da CPI
do 8 de janeiro. Em minoria, os oposicionistas mostraram que pretendem
fraudar até os fatos mais cristalinos daquele domingo e reescrever a história
para proteger autores e patrocinadores dos ataques.
Os bolsonaristas se inspiraram na CPI da Covid e
recorreram ao negacionismo. A primeira arma dos aliados do ex-presidente foi
alegar que não houve nenhuma tentativa de golpe. Um senador chegou a dizer que
a relatora Eliziane Gama (PSD) fazia "um prejulgamento" ao descrever
os acontecimentos daquela maneira.
Os golpistas do 8 de janeiro podem ser descritos como lunáticos que não tinham força para derrubar um governo. Mas será preciso mais que uma lavagem cerebral para fazer com que o país esqueça que aquela turma marchou sob o lema da "tomada do poder", o financiamento de grupos organizados e o incentivo de políticos que difundiam a enganação de uma eleição roubada.
A manobra da oposição na CPI seria só uma
tentativa isolada de tumulto não fosse o respaldo oferecido pelo presidente
do colegiado. O deputado Arthur Maia (União Brasil) deixou a porta aberta
para os bolsonaristas e disse que o papel da comissão é "identificar se de
fato aconteceu uma tentativa de golpe de Estado".
Escolhido com a bênção de Arthur Lira
(PP), o presidente da CPI indicou que, em nome de uma "participação
plural", dará voz a teses alinhadas ao golpismo. A primeira medida foi a
criação de um cargo de segundo vice-presidente para Magno Malta (PL) —senador
que, após a derrota de Bolsonaro, cobrava uma "ação dura" para
"salvar o país".
O negacionismo bolsonarista imita uma
conspiração tramada por aliados de Donald Trump nas investigações
sobre a invasão do Capitólio. Em março, políticos republicanos passaram a usar
imagens editadas para minimizar atos de violência, descartar o enquadramento do
ataque como tentativa de golpe e argumentar que os manifestantes eram só
turistas frustrados com a eleição.
Sei.
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