Folha de S. Paulo
Difícil aceitar que a tão rigorosa Justiça
Eleitoral assista inerte à PEC da anistia
Mil perdões pelo cacófato do título, mas é
a imagem que me ocorre ante a união partidária em favor da impostura da anistia a
graves transgressões de legendas alimentadas com dinheiro público —R$ 6
bilhões, na última contabilidade.
Tenho dificuldade de embarcar na versão de
que ministros do Tribunal
Superior Eleitoral, de Alexandre de Moraes a Nunes Marques, passando
por Cármen Lúcia, sejam partícipes de conspirata vingativa contra Deltan
Dallagnol.
Tenho ainda mais dificuldade de aceitar que tão rigorosa Justiça Eleitoral assista inerte à urdidura do Congresso contra lei que cabe ao TSE fazer cumprir —e nada diga sobre ela.
O governo, diligente no uso abusivo de
publicidade oficial para difundir deboches à
cassação do ex-coordenador da força-tarefa da Lava Jato,
mostra-se negligente quanto ao indulto em via de ser perpetrado pelo
Legislativo.
Cala e assim consente que o partido do
presidente participe da nefasta aliança. Isso além de começar por ignorar
conselho de 50 integrantes do Conselhão para que Lula se posicionasse contra.
Os dois maiores antagonistas da cena
política atual, PL e PT, estiveram, e estão, irmanados nessa ação que o
deputado Chico Alencar (PSOL-RJ)
qualifica como "a maior autobenevolência do Congresso na história recente,
que só leva água (suja) para o moinho da desqualificação do Parlamento".
Uma autêntica "malversação
legislativa", nas palavras dele, um dos que votaram contra no placar de 45
a 10 na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. Essa emenda que desfigura
o soneto vai à comissão especial e depois ao plenário, onde, tudo indica, será
aprovada com apoio das grandes e médias legendas.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, alega
que as multas (R$ 40 milhões) são "abusivas". Numa interpretação
literal, contribuintes poderiam alegar cobrança abusiva para sonegar. O diabo é
que não têm poder para legislar em causa própria.
Vergonhoso!
ResponderExcluirPerfeito.
ResponderExcluirMAM