O Estado de S. Paulo
Torres se dedicava ao golpe e Cid, a tarefas ‘pontuais’: joias, caixa 2, vacinas falsas
O ex-presidente Jair Bolsonaro tem não só
mais um escândalo, mas também mais um homem bomba contra ele: o tenente-coronel
da ativa Mauro Cid, preso desde a quarta-feira, que se une ao delegado da
Polícia Federal Anderson Torres, preso desde janeiro. Os dois sabem de tudo e
participaram de tudo que hoje ameaça levar Bolsonaro a lhes fazer companhia na
prisão.
Torres se dedicava ao golpe, mapeando onde o agora presidente Lula venceu no primeiro turno, orientando a PRF contra eleitores petistas e guardando uma minuta para implodir o TSE e anular as eleições. Saiu da Justiça direto para a Secretaria de Segurança do DF, onde deixou tudo pronto, ou nada pronto, para o 8 de janeiro e se mandou para os EUA.
Já Mauro Cid tinha tarefas mais pontuais,
usar avião da FAB para “recuperar” os tesouros da Arábia Saudita que jamais
seriam de Bolsonaro, até providenciar atestados fraudulentos de vacina da covid
para Bolsonaro e a filha, ser o “caixa 2” da família presidencial. Coisa feia.
E mais: criminosa.
Nada disso é função de ajudantes de ordens
de presidentes, como deve saber o comandante do Exército, general Tomás Paiva,
que ocupou a função exemplarmente em dois governos, de Itamar Franco e de
Fernando Henrique, com quem conversa há anos sobre o Brasil e o mundo.
Bolsonaro envolveu militares na guerra
contra vacinas, urnas eletrônicas e instituições, e em operações porcas como as
das joias e dos atestados de vacinação. Dos seis presos pela PF, cinco são ou
foram militares. E Cid e Torres foram tragados para o fundo do poço, com os
generais Braga Netto, Augusto Heleno e Luiz Eduardo Ramos, na lista da CPI do
golpe, mais Paulo Sérgio, com a imagem arranhada, e Eduardo Pazuello, que
dispensa comentários.
A queda e os vídeos da inércia do general
G. Dias no 8/1 foram divulgados no Dia do Exército, após confraternização de
Lula com a cúpula militar. E quis o destino (será?) que a prisão do coronel Cid
fosse no dia do primeiro almoço de Lula com o Alto-Comando do Exército. Há
incômodo entre colegas de farda com a sabujice de Pazuellos, Paulos
Sérgios e Mauros Cids diante de Bolsonaro,
com o consenso de que não dá para passar pano. Mas, de outro lado, há
desconforto com a prisão, considerada “desnecessária”.
Lula, o comandante Tomás e o ministro da
Defesa, José Múcio, têm a mesma posição pública: isso é problema da Justiça.
Mas é também uma questão política, que mobiliza os bolsonaristas e empurra os
mais radicais contra as Forças Armadas nas redes sociais, o que pode dificultar
a pacificação entre os militares e Lula. Tomara que não.
Todo mundo que se aproximou de Bolsonaro está caindo,o último a cair será o chefe.
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