O Estado de S. Paulo
Lulismo quer reescrever capítulo corrupção, retomar controle das estatais e conter a imprensa
O verdadeiro plano do lulismo tem três
frentes complementares: 1) Reescrever o capítulo corrupção; 2) Retomar controle
das estatais; 3) Controlar imprensa e redes sociais.
O método da frente 1 é demonizar juízes e procuradores para emplacar a tese da “criminalização da política”, desviando para questões processuais o foco das relações financeiras e imobiliárias de Lula e seus pares com empresas que, em seus governos, receberam contratos públicos e praticaram suborno.
Apesar de decisões judiciais favoráveis a
petistas (à exceção, por enquanto, de José Dirceu, condenado em três instâncias
por corrupção na Petrobras) e aliados (até Sérgio Cabral teve anulada pelo juiz
Eduardo Appio, o “LUL22”, uma condenação imposta por Sergio Moro), a frente 1
busca consolidar narrativas de Lula na sociedade, pois, como ele ouviu de uma
jornalista americana, “metade do Brasil o despreza”. Essa metade põe em risco
futuras eleições e pressiona o Congresso contra as frentes 2 e 3.
A frente 2 busca: a) Afrouxamento da Lei
das Estatais, aprovado na Câmara, mas, diante da repercussão negativa,
pendurado no Senado e no STF. Lá, porém, a liminar de Ricardo Lewandowski pelo
fim da quarentena para indicações político-partidárias, seguida em julgamento por
pedido de vista de Dias Toffoli garante que o governo vá nomeando políticos
para empresas públicas, o que dificulta impedimento futuro em caso de definição
contrária.
b) Alterações no Marco do Saneamento, para
garantir vantagens a estatais em contratos. Os decretos do governo, no entanto,
foram derrubados na Câmara por motivos bons (pressão de opinião pública e
iniciativa privada; repúdio a mudanças sem projeto de lei) e ruins
(insatisfação com ‘toma lá, dá cá’).
c) Retomada do controle da Eletrobras, por
ação da AGU no STF para derrubar termos que limitaram influência da União; e
pressão de Lula, que se recusa a negociar enquanto não forem substituídos
executivos atuantes na privatização.
A frente 3 inclui de recusas similares a
quem emprega jornalistas incômodos a escambos com verbas de publicidade e itens
de interesse de veículos em projetos de lei, como a remuneração para conteúdo
jornalístico prevista no PL 2630. Em relação às redes, a frente 3 apresentou
regras convenientes, tentou garantir o controle do órgão fiscalizador, reagiu à
posição do Google via Senacon e Cade, e celebrou sua remoção por Alexandre de
Moraes. Mas perdeu, por ora, com o adiamento da votação.
O autoritarismo lulista está aí – só não vê
a metade do país que não quer.
Que exagero!
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