“Deve-se sublinhar a importância e o
significado que têm os partidos políticos, no mundo moderno, na elaboração e
difusão das concepções do mundo, na medida em que elaboram essencialmente a
ética e a política adequadas a elas, isto é, em que funcionam quase como
“experimentadores” históricos de tais concepções. Os partidos selecionam
individualmente a massa atuante, e esta seleção opera-se simultaneamente nos
campos prático e teórico, com uma relação tão mais estreita entre teoria e
prática quanto mais seja a concepção vitalmente e radicalmente inovadora e
antagônica aos antigos modos de pensar. Por isso, pode-se dizer que os partidos
são os elaboradores das novas intelectualidades integrais e unitárias, isto é,
o crisol da unificação de teoria e prática entendida como processo histórico
real; e compreende-se, assim, como seja necessária que a sua formação se
realize através da adesão individual e não ao modo “laborista”, já que — se se
trata de dirigir organicamente “toda a massa economicamente ativa” — deve-se
dirigi-la não segundo velhos esquemas, mas inovando; e esta inovação só pode
tornar-se de massa, em seus primeiros estágios, por intermédio de uma elite na
qual a concepção implícita na atividade humana já se tenha tornado, em certa
medida, consciência atual coerente e sistemática e vontade precisa e decidida.”
*Antonio Gramsci (1891-1937). Cadernos do Cárcere, v.1. p. 105.
Civilização Brasileira, 2006.
No Brasil há tanto partido tomando partido que virou farra.
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