Folha de S. Paulo
Cabo de guerra na Câmara expõe luta por
poder e dinheiro
O revogaço, estratégia de Lula em seus primeiros dias na Presidência, parou na Foz do Amazonas.
A política de desfazer o tanto de errado que Bolsonaro fez ao longo de quatro anos ganhou maior visibilidade na segurança pública, com a suspensão de registros para caçadores, atiradores e colecionadores. O plano é elaborar uma nova regularização para o Estatuto do Desarmamento, promessa de campanha. Entre 2019 e 2022, a quantidade de armas de fogo em acervos particulares de civis e militares mais que dobrou, chegando a quase 3 milhões. Muitas dessas armas acabaram desviadas para mãos de traficantes e milicianos.
Enquanto prosseguia o desmonte doméstico
—foi extinto um suspeitíssimo gabinete no Rio, criado no segundo dia do
governo Bolsonaro, com gastos de R$ 2,3 milhões em salários para servidores,
mas que na realidade jamais funcionou—, o presidente rodou o mundo e manteve
uma infinidade de encontros com chefes de Estado. Além de viabilizar parcerias
na área econômica, a ideia era apagar a imagem do Brasil como pária
internacional. Lula aproveitou para dar uma de suas pisadas na bola clássicas,
mentindo sobre a Venezuela de Maduro e mais desunindo que unindo o bloco
sul-americano.
Veio o caso da exploração de petróleo em
águas profundas do Amapá, que põe em xeque a política ambiental do país. Mesmo
pressionado pela Petrobras, o Ibama negou a licença —o que já havia ocorrido na
gestão Temer.
Sem boa vida no Congresso e sujeito às ciladas de Arthur Lira, o governo conseguiu aprovar no limite do prazo a MP que reestrutura a Esplanada —com as pastas do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas desidratadas— e foi atropelado por um trator na votação do marco temporal, em mais um duro golpe contra o meio ambiente. Aos olhos do mundo, o Brasil volta à condição de pária, com a bancada ruralista substituindo Bolsonaro para que o trabalho de destruição avance.
Pois é.
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