Folha de S. Paulo
O imbrochável parece que vai ter de engolir
a fraquejada; espero estar errada
Jair Bolsonaro continua o mesmo. A entrevista
concedida à jornalista Mônica Bergamo mostra que está mais em forma do
que nunca. Raso, vitimista, desclassificado, fala com naturalidade sobre a
hipótese de virar garoto-propaganda de imóveis nos Estados Unidos, avalia sua
popularidade pelo fato de que encheu uma hamburgueria e comeu de graça:
"Enchi a pança". Que pesadelo.
Como esse sujeito foi presidente do Brasil e quase se reelegeu para um segundo mandato? Não é uma pergunta retórica. A reportagem me rendeu um "meudeusdocéu" atrás do outro. Eu me pergunto como não perdemos a capacidade de nos chocar com tanta barbaridade, com tanta distopia. Talvez porque ele sempre conseguiu nos surpreender. Negativamente, claro.
Passei quatro anos chamando-o e a seu
governo de pesadelo. Não houve dia em que nós, cidadãos, não acordássemos aos
sobressaltos. Não tinha fim de semana, feriado, Natal, com um pouco de paz. E,
agora, prestes a se tornar inelegível, fala num tom de desdém sobre todo o
processo e seu futuro político.
Sobre o Brasil, sobre como poderia fazer
diferença se voltasse ao poder, sobre que planos teria para a população, nada.
Basicamente diz que não quer abandonar seu país porque aqui há clima para
"falar besteira" e "contar piada de tudo que possa
imaginar". É ou não um pesadelo?
A única coisa importante: Bolsonaro blefa.
Ele diz ter uma bala de prata para 2026, sem revelar qual. Não tem. A não ser
que se refira à Michelle, ideia que, segundo consta, o faz dar
"pulos" de contrariedade. Na entrevista, admitiu pela primeira vez,
se não estou equivocada, que, se ela quiser, pode, mas que a alertou sobre sua
falta de experiência. Como se ele tivesse alguma para ser presidente. Ora, por
que eles falam sobre essa possibilidade se ela não for uma? Porque o
imbrochável parece que terá de engolir a fraquejada. Podem me cobrar. Espero
estar muito errada.
Encheu a pança de graça!!!
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