Folha de S. Paulo
Vigarice rasteira das joias reproduziu
apetite por transformar dinheiro público em vantagens particulares
Perto das 9h da manhã de 30 de
dezembro, Mauro Cid fez
uma tentativa final de pôr as mãos num conjunto de
joias apreendido pela Receita Federal. O auxiliar de Jair
Bolsonaro ligou para um servidor do Planalto e pediu um
documento que poderia ser usado para liberar o presente do governo saudita. Não
conseguiu.
O coronel tinha pressa. Às 14h02, ele decolaria para a Flórida num avião da FAB ao lado do então presidente. No bagageiro, estavam itens dados a Bolsonaro por autoridades estrangeiras ao longo do mandato e que, segundo a Polícia Federal, seriam vendidos nos EUA. Faltou o kit retido no aeroporto de Guarulhos.
O desespero da tropa da muamba para liberar
as joias sugere que Bolsonaro queria tirar uma última casquinha dos anos no
poder. Ninguém precisava de um Rolex no
braço para lembrar que, horas depois, o então presidente
estaria sem cargo político pela primeira vez em três décadas.
Bolsonaro deixou um rastro de suspeitas
sobre seu interesse em transformar dinheiro público em vantagens particulares.
Não à toa, ele chegou à Presidência com o fantasma das investigações da
rachadinha, que apurava o desvio de salários de assessores para abastecer sua
família.
O apetite poderia parecer miúdo, como no
famoso caso Wal do Açaí. Ela recebia R$ 1.351 por mês da Câmara, mas
trabalhava numa loja em Angra dos Reis no horário em que deveria dar expediente
para o gabinete de Bolsonaro. Vizinhos diziam que, na verdade, o marido dela
fazia serviços na casa do então deputado.
Na mesma época, Bolsonaro embolsava R$
3.083 por mês de auxílio-moradia, apesar de viver num imóvel próprio em
Brasília. Como se o dinheiro fosse dele para fazer o que bem entendesse, disse que
aproveitava a verba "pra comer gente".
Com a vigarice rasteira, o ex-presidente
fez da política um negócio. A PF frustrou o esquema das joias, mas Bolsonaro
deixou o poder com uma aposentadoria parlamentar de R$ 35 mil e um salário de
R$ 40 mil do PL, além de R$ 17 milhões
como prêmio de seus eleitores.
Este é o "mito" dos patriotários que acampavam ou se reuniam na frente dos quartéis de todo o país pedindo "intervenção militar" pra evitar a posse do novo presidente democraticamente eleito! Como fazia um dos papagaios que frequentava este blog e jurava que Lula NÃO TOMARIA POSSE...
ResponderExcluirPara os padrões brasileiro,é dinheiro que não acaba mais.
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