Folha de S. Paulo
Esquerda ignorou a ética, e agora condena
Zanin por sua matriz conservadora já conhecida
Parte estridente da esquerda cancela Cristiano
Zanin por delito de ação e pensamento no exercício de sua ainda
iniciante função de ministro do Supremo Tribunal
Federal. Isso depois de não ter visto nada demais na indicação
do advogado pessoal do presidente da República para a corte
constitucional.
Este sim seria um princípio ético consistente para críticas, mas foi ignorado. E aqui não só pelos apoiadores de Lula com voz na sociedade, mas também e principalmente no STF e no Congresso. Já os ataques ora em tela nas redes sociais carecem de lógica e fundamento fático.
Primeiro, porque Zanin
não enganou ninguém. Em seu périplo que antecedeu à sabatina no Senado
definiu-se com todos os efes e erres como um conservador. Segundo, porque
ministros do Supremo só devem satisfações à Constituição tendo como guia para
interpretações as respectivas convicções aplicadas mediante embasamento
jurídico.
Cristiano Zanin não
fugiu do preceito nos quatro julgamentos nos quais contrariou a pauta
progressista. Votou como achou que deveria contra a descriminalização da posse
de maconha e na ação por medidas de proteção à comunidade indígena alvo de
violência policial em Mato Grosso do Sul. Tampouco aceitou incluir ofensas a
pessoas trans no crime de injúria racial e manteve a condenação de dois homens por furto de valor inferior
a R$ 100.
Pode-se discordar dessas decisões e de
outras que estão por vir em que Zanin deverá reafirmar sua matriz conservadora,
como o aborto.
Isso não altera o fato de que a prerrogativa é do julgador.
Os críticos de agora, lenientes na
preliminar de natureza moral, queriam o quê? Aceitaram que pudesse favorecer
Lula, blindar o governo, e pelo jeito esperavam que ele fosse se aliar ao
pensamento dos que apoiam o presidente. Contra isso se revoltam, e por isso
questionam a autonomia do ministro que vem de sapecar à nação um solene
conservador sim, e daí?
E daí que ele está errado,simples assim.
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