O Estado de S. Paulo
Enquanto PF e Coaf abrem os podres do bolsonarismo, Lula reúne cúpula militar em torno da piscina
Tão perseguidos e asfixiados nos últimos
quatro anos, a Polícia Federal, que teve quatro diretores, e o Conselho de
Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que pulou de galho em galho,
recuperaram prestígio e estão trabalhando a todo o vapor, de forma firme,
discreta e com uma eficiência poucas vezes vista. Além de se abastecerem
mutuamente, também fornecem dados fundamentais e luzes para a CPMI do Golpe.
São dois caminhos, que passam por militares
da ativa e da reserva, tipos condenados e presos, advogado apelidado de
“cleaner” (que limpa a “sujeira”)
e chegam diretamente ao ex-presidente Jair Bolsonaro e ao Planalto durante o seu governo. Um é o do golpe, o outro é o das joias e contas, lembrando que “só” as joias, por mais diamantes que tenham, não justificam a movimentação financeira astronômica identificada pelo Coaf no entorno de Bolsonaro.
Ainda no início do governo do capitão
insubordinado, que passou décadas no Congresso sem fazer nada, foi o Coaf que
trouxe à luz Fabrício Queiroz, pivô das rachadinhas nos gabinete parlamentares
da família Bolsonaro, e, agora, as contas impressionantes do tenente-coronel
Mauro Cid, ajudante de ordens e faz-tudo do então presidente Bolsonaro.
Juntando as revelações do Coaf sobre contas e da PF sobre venda de joias, os
investigadores chegaram à suspeita de uma “organização criminosa” no Planalto.
Também graças à PF, pululam os nomes envolvidos
em golpe, joias, contas, atestados falsos de vacina, alguns em várias dessas
frentes e o tenente-coronel Cid em exatamente todas elas. E a PF já descobriu
como entrar nos quatro celulares do “cleaner” Frederick Wassef, devassa o do
general Lourena Cid, pai de Mauro Cid, e já tem a cooperação do FBI para as
traquinagens nos EUA. Além, claro, da quebra de sigilos bancário e fiscal de
Jair e Michelle Bolsonaro.
Tudo isso, mais a prisão de toda a cúpula
da PM-DF, não só por omissão, mas por participação ativa no golpe, cria
“inquietação” nas Forças Armadas, mas tem pelo menos um lado positivo: aproxima
Lula dos atuais comandantes de Exército, Marinha e Aeronáutica, com quem “bateu
um papo amistoso” no sábado, em volta da piscina do Alvorada, para amenizar as
desconfianças mútuas.
Isso leva tempo. Muita coisa ainda vai
aparecer e o hacker Walter Delgatti é um novo tipo de fantasma: o que assombra
Bolsonaro, militares e a própria Defesa. Por ora, o compromisso dos comandos
militares é que oficiais culpados serão duramente punidos e o de Lula é abrir
os cofres para as Forças Armadas, que começam a ter noção da extensão da bomba
que Bolsonaro jogou sobre elas.
Pois é.
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