O Estado de S. Paulo
Assim como em Roma, as imagens podem definir se a polícia agiu dentro da lei no Guarujá
A vingança é uma licença para castigar o
mau, o celerado e o injusto. Ela libera a violência do algoz e isenta o seu
autor de toda condenação que julga moralmente válida. A vontade satisfeita pela
brutalidade vê afastar de si a impotência diante da ofensa.
A vingança não respeita proporção. Não tem
medida. Ou limite. Não se apazigua a perda da visão com a cegueira imposta ao
agressor. Nada pode detê-la, exceto a natureza: Macbeth não tem filhos, daí
porque a vingança de Macduff é impossível.
Quando o bando de Joãozinho Bem-Bem é atacado em um povoado, o líder dos jagunços quer se vingar da família do agressor. Exige matar um dos irmãos do assassino de Juruminho e estuprar as suas irmãs. Só não consuma o crime porque Nhô Augusto o detém, pois a sentença do Bem-Bem era “coisa que nem Deus manda, nem o diabo faz!” No conto de Guimarães Rosa, todo mundo tem a sua hora e a sua vez.
Nas sociedades modernas, a cidadania pôs a
vingança além do juízo de indivíduos e grupos.
E também de magistrados e policiais. É por
isso que só quando as leis e as regras são suspensas essa licença pode de novo
se manifestar entre os homens.
Quando a PF bateu na porta do empresário
que atacou Alexandre de Moraes em Roma, era possível associar o peso da toga do
ministro do Supremo à pronta reação policial. A diferença entre a medida e a
desmedida, entre a acusação do ministro e a versão do acusado, estava em uma
prova nas mãos das autoridades italianas: as imagens das câmeras do aeroporto
de Fiumicino. A jornalista Eliane Cantanhêde mostrou que elas dão razão ao
ministro sobre a agressão. Resta saber se a ofensa teve uma resposta
proporcional.
Na semana passada, o soldado Patrick Bastos
Reis foi assassinado por um facínora no Guarujá. A anomia há muito tomou conta
das comunidades carentes do País, entregues à tirania da criminalidade
organizada. A reação que se seguiu da polícia – patrocinada pelo secretário da
Segurança, Guilherme Derrite – deixou 14 mortos. Há denúncias de abusos,
torturas e execuções.
O governador Tarcísio de Freitas garantiu
que tudo ocorreu dentro da lei.
Como em Roma, aqui também imagens de
câmeras podem demonstrar quem está com a razão. Por mais que se odeie um
criminoso, ao Estado não é dado o direito de agir como Joãozinho BemBem. Desde
2021, os policiais da Rota carregam bodycams. Tarcísio era contra o
equipamento, mas o manteve.
A Corregedoria da PM e o Ministério Público
vão verificar o que foi gravado. Se as câmeras estavam ligadas e usadas
corretamente, vão mostrar as ações. Se Tarcísio estiver certo, tudo irá para o
arquivo. Caso contrário, os autores de abusos vão conhecer a sua hora e a sua
vez.
COMO DIZIA BENTO CARNEIRO, VAMPIRO BRASILEIRO, 'A VINGANÇA SERÁ MALÍGRINA!'
ResponderExcluirA DO GOVERNADOR QUE ESCOLHERAM: 14x1
Realmente; estes governantes precisam orientar as polícias para uma segurança mais cidadã :
ResponderExcluir▪As polícias dos estados de São Paulo e da Bahia, principalmente, mas não só, estão trucidando gente em suas operações.
Dos 1°s governos Lula para cá a legislação foi direcionada ainda mais para a punição e as polícias só têm prendido, prendido, prendido e, em n° muito maior que efeitos secundários inevitáveis em operações de segurança,...matado!