O Globo
Grupo de Arthur Lira quer comandar setor de
apostas e acelerar liberação de bingos e cassinos
O Ministério do Esporte informa: sai uma
campeã do vôlei, entra um especialista em outro tipo de saque. A troca de Ana
Moser por André Fufuca marca a capitulação do governo Lula à chantagem
parlamentar do Centrão. E pode tomar contornos ainda piores, a depender do novo
desenho da pasta.
Para selar o acordo, a turma de Arthur Lira
exigiu que o ministério fosse turbinado com mais verbas e atribuições. Seu
sonho de consumo é a secretaria que cuidará das apostas esportivas, um negócio
com muito dinheiro e nenhuma transparência.
A atividade foi legalizada em dezembro de
2018, no apagar das luzes do governo Michel Temer. Desde então, cresce numa
zona de penumbra, sem regulamentação e sem recolhimento de impostos.
Nos últimos meses, servidores do Ministério da Fazenda se dedicaram a modelar uma secretaria especial para o setor. Antes de sair do papel, o órgão pode cair no colo de Fufuca e companhia. Seria uma derrota para o ministro Fernando Haddad, que diz não ver motivos para a mudança de pasta.
A nova secretaria terá poderes para
autorizar o funcionamento de sites de apostas e gerir a arrecadação de
tributos. Para os atletas do Centrão, duas modalidades com alto potencial de
lucro.
Pelos planos da Fazenda, cada bet teria que
pagar R$ 30 milhões pela licença, chamada de outorga. A taxação das apostas
ficaria em 15%, o que poderia gerar uma receita de até R$ 12 bilhões por ano.
Na ausência de critérios objetivos para
definir se uma plataforma de apostas merece ou não funcionar, abre-se uma
avenida para o tráfico de influência e a cobrança de pedágio.
Um político que conhece as regras do jogo
aponta outra ameaça à espreita. Se não houver rigor nas licenças, o setor
arrisca ser tomado por empresas de fachada, destinadas à lavagem de dinheiro.
Seria uma brecha valiosa para legalizar ganhos do crime organizado.
Operando nas sombras, as bets já
protagonizaram um escândalo graúdo. Em maio, o Ministério Público goiano
denunciou 16 pessoas pela manipulação de resultados. O caso veio à tona quando
o presidente do Vila Nova descobriu que um volante receberia R$ 150 mil para
cometer um pênalti. Clubes maiores, como Fluminense, Santos e Athletico-PR,
também afastaram jogadores suspeitos de integrar o esquema.
A CPI que deveria investigar o setor caiu
rapidamente em descrédito. A Folha de S.Paulo revelou que o relator Filipe
Carreras, outro deputado próximo de Lira, é sócio de uma produtora que recebe
patrocínio de sites de apostas.
Se depender do chefão da Câmara, a farra
vai ainda mais longe. O padrinho de Fufuca quer aproveitar a regulamentação das
apostas para aprovar um jabuti bilionário: a liberação de bingos, de cassinos
eletrônicos e até do jogo do bicho. Entregue ao Centrão, o Ministério do
Esporte arrisca se transformar no Ministério da Jogatina.
Triste fim.
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