Folha de S. Paulo
Pacote foi contaminado por briga pelo comando
do Senado e pelo temor de uma aliança entre o tribunal e Lula
A ideia de restringir a atuação de ministros
do STF está
longe de ser um tabu. O tribunal deu um passo nessa direção no ano passado,
quando estabeleceu
prazos para pedidos de vista e decisões individuais. Em 42 segundos,
o Senado conseguiu
impregnar uma discussão limpa com um mau cheiro inconfundível.
A Comissão de Constituição e Justiça aprovou em votação relâmpago uma proposta para limitar decisões monocráticas e determinar que pedidos de vista não podem ser feitos por um único ministro. Os parlamentares tiveram pressa porque estão mais interessados em passar recados do que em aprimorar o tribunal.
O atropelo se soma a investidas que propõem
mandatos para integrantes do Supremo e a
possibilidade de revisão das decisões da corte. A maneira como o
pacote foi embrulhado reflete uma disputa de poder contaminada por interesses
diversos.
O primeiro passo foi dado por Rodrigo Pacheco
em sua campanha à reeleição. Para conquistar o apoio de bolsonaristas furiosos
com o STF, o presidente do Senado se
comprometeu a discutir limites para o tribunal.
O mesmo cálculo foi feito por Davi
Alcolumbre, presidente da CCJ e candidato à sucessão de Pacheco. O
senador abraçou a pauta e comandou a votação a jato na comissão para desidratar
uma candidatura oposicionista ao controle da Casa em 2025.
A direita populista agarrou a oportunidade,
mas a cólera desse grupo e os projetos individuais de Pacheco e Alcolumbre não
são os únicos elementos da briga. O corporativismo une muitos cardeais do
Congresso que se sentem rebaixados pelo poder exercido pelo STF e temem ficar
isolados diante de uma potencial aliança entre o tribunal e Lula.
Não é discreto o incômodo na Câmara e no
Senado com o que é visto como uma dobradinha entre o Palácio do Planalto e o
Supremo. Alguns desses parlamentares apontam que perderam influência para Gilmar Mendes e Alexandre de
Moraes até mesmo em discussões como a escolha do próximo procurador-geral
e do novo ministro do STF.
Sei.
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