Folha de S. Paulo
Presidente blinda despesas, fala em ampliar
inaugurações e reconhece algum marasmo no primeiro ano
Faltam dois meses para o fim do ano,
mas Lula está
inquieto com 2024. A tentativa de afrouxar a meta fiscal e blindar os gastos do
governo aponta para o que o petista trata como um ajuste de rota. "No ano
que vem, se preparem, porque eu vou viajar para cada estado. Eu quero inaugurar
muitas escolas, muitas universidades", afirmou o presidente.
Em 30 minutos de entrevista ao canal do governo, nesta terça (31), Lula falou três vezes em promessas para o próximo ano. Nas três vezes, misturou um balanço positivo de 2023 com um sutil reconhecimento de frustrações do eleitor. "Obviamente, quando você planta um pé de fruta, não vai dar fruta no mesmo ano", disse. "Às vezes, demora um pouco."
Dentro do governo, a avaliação é que a agenda
internacional de Lula e a recuperação de programas antigos, como o Bolsa
Família, permitiram uma decolagem suave de seu terceiro mandato. Ao
mesmo tempo, essas escolhas submeteram o presidente a um teto de popularidade
neste primeiro ano, a partir de uma certa percepção de marasmo.
Lula quer cada centavo disponível para tentar
mudar o quadro. O plano é multiplicar palanques para a inauguração de obras
públicas em 2024. Ele deixou esse objetivo claro quando admitiu um déficit nas
contas para evitar cortes em investimentos e quando avisou
a parlamentares que não congelará gastos, principalmente no PAC e em
programas sociais.
A reunião do
presidente com líderes da base aliada, nesta terça, serviu para
firmar um pacto nessa direção. Lula cobrou apoio a medidas que aumentem a
arrecadação, mas sinalizou que manterá os gastos previstos para o ano que vem,
mesmo que elas não sejam aprovadas.
Como o centrão tem acesso privilegiado aos
cofres do governo, não é difícil apontar o lado para o qual essa balança vai
pender. Ao preservar despesas, os partidos protegem também o dinheiro que vai
para suas bases eleitorais na forma de emendas e pelo orçamento dos ministérios
que comanda. Lula pode rachar a conta do déficit com o centrão.
Pode ser.
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