Correio Braziliense
Israel vive um drama existencial: continuar
sendo um Estado judeu e deixar de ser uma democracia liberal, ou se tornar uma
democracia multiétnica e deixar de seu um Estado judeu
A coisa mais tenebrosa que conheci foram os campos de concentração de Auschwitz e Birkenau, na Polônia, designados pelo regime nazista de Adolph Hitler como o lugar para a “Solução Final” para os judeus. Entre o começo de 1942 e o fim de 1944, homens, mulheres, crianças e anciãos de toda a Europa foram transportados em trens para serem eliminados em câmaras de gás e crematórios naquele complexo macabro. Cerca de 1,3 milhão e 3 milhões de prisioneiros foram ali exterminados, sendo 90% judeus. Aproximadamente 150 mil poloneses, 23 mil ciganos, 15 mil soldados soviéticos e 400 testemunhas de Jeová também foram executados, morreram de fome, doenças ou em experiências médicas.
Tudo o que já havia visto sobre o Holocausto,
em fotos, vídeos e filmes, nem se compara à experiência tenebrosa da visita ao
local. O maior espanto é constatar como a racionalidade humana é capaz de
banalizar o mal. Por isso mesmo, não estranhei a reação de Dani Dayan,
presidente do Centro para a Memória do Holocausto de Israel, ao criticar o uso
da Estrela Amarela pelos diplomatas de seu país na reunião do Conselho de
Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), na segunda-feira: “O emblema
amarelo simboliza o desamparo do povo judeu. Hoje, temos um país independente e
um exército forte, somos mestres do nosso próprio destino. Hoje, deveríamos
colocar um botton de bandeira branca na lapela, não um emblema amarelo”, disse,
sobre o uso indevido da Estrela de Davi.
Ao ostentar a estrela amarela na lapela com o
slogan “Nunca Mais”, o embaixador de Israel na ONU, Gilad Erdan, afirmara que
era um símbolo de orgulho e uma forma de lembrar que juraram se defender, e que
o antissemitismo e o ódio aos judeus estão crescendo pelo mundo. No regime
nazista na Alemanha e nos países ocupados na II Guerra Mundial, todos os judeus
foram obrigados a usar uma estrela amarela costurada na roupa para serem
identificados. Depois, nos campos de concentração, foram numerados com uma tatuagem
no braço.
O uso da estrela amarela pelos diplomatas era
uma remissão ao Holocausto, por causa do ataque terrorista do Hamas de 7 de
outubro, no qual 1.400 pessoas foram assassinadas e 250 foram sequestradas em
Israel. A retaliação de Israel é legitimada perante a opinião pública mundial
não somente com a narrativa da luta contra o terrorismo, mas, também, com a
memória dos fatos que mais mexem com corações e mentes dos judeus de todo o
mundo, inclusive no Brasil: os campos de extermínio nazistas.
Lideranças incompetentes
Em contrapartida, o repúdio ao massacre de
crianças, mulheres e idosos em Gaza, que somam aproximadamente 75% dos 8,5 mil
palestinos mortos pelo exército de Israel, extrapola o mundo árabe e mobiliza
todo o Oriente muçulmano. Tornou-se o epicentro da nova “guerra fria” entre
Estados Unidos e a Rússia, em lugar do conflito da Ucrânia. Não há o menor
sinal de paz no horizonte. Nem mesmo um cessar-fogo humanitário, a não ser que
seja aprovada alguma resolução no Conselho de Segurança da ONU, que vive seu maior
impasse. A China, que hoje assume a presidência do colegiado, até agora foi
espectadora privilegiada. Veremos qual será seu papel.
As notícias são desanimadoras. Há 240 reféns
de Israel nas mãos do Hamas. O número de funcionários das Nações Unidas mortos
na Faixa de Gaza aumentou para 67, segundo informação divulgada pela Agência
das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo
Oriente. Um bombardeio no campo para refugiados na cidade de Jabalia, no norte
de Gaza, deixou 50 mortos e mais de 300 feridos.
O coronel Richard Hecht, porta-voz do
exército de Israel, confirmou que as forças armadas do país atacaram o campo
para matar um dos comandantes do Hamas. Os rebeldes Houthis do Iêmen também
entraram na guerra, que acontece a mais de 1.600km de sua sede em Sanaa, e
lançaram drones e mísseis contra Israel. Continuam as escaramuças entre o
Hezbollah e o exército israelense, na fronteira com o Líbano. Na Cisjordânia
ocupada, os conflitos de rua com os soldados israelenses se intensificam.
Em 2009, o historiador britânico-judeu Tony
Judt, que faleceu no ano seguinte, num antigo intitulado O que fazer?,
vaticinou que a opção de deixar “mediocridades incompetentes” à frente de
Israel e da Autoridade Palestina teria consequências catastróficas. “Graças ao
tratamento abusivo dos palestinos pelo ‘Estado judeu’, o imbróglio
israelense-palestino é o motivo mais iminente para o ressurgimento do
antissemitismo em todo o mundo. É o fator mais eficiente no recrutamento de
agentes para os movimentos islâmicos radicais. E priva de um sentindo as
políticas externas dos Estados Unidos e da União Europeia para uma das regiões
mais delicadas e instáveis do mundo. Algo diferente precisa ser feito.”
Para Judt, Israel vivia um drama existencial:
continuar sendo um Estado judeu e deixar de ser uma democracia liberal, como
propõe o premiê Benjamin Netanyahu, ou se tornar uma democracia multiétnica e
deixar de ser um Estado judeu, com a anexação dos territórios palestinos
ocupados. A terceira opção é empurrar os palestinos de Gaza para o deserto do
Sinai e promover uma limpeza étnica nos territórios ocupados da Cisjordânia.
Mais de 8 mil CIVIS palestinos já foram ASSASSINADOS pelos ataques israelenses ordenados pelo CRIMINOSO Netanyahu e seus ministros, incluindo mais de 2 MIL CRIANÇAS e 67 funcionários da ONU. O embaixador de Israel na ONU atacou o secretário-geral da ONU, mostrando o extremismo do governo judeu e a sua total insensibilidade.
ResponderExcluirOs CRIMES DE GUERRA de Israel são reconhecidos e criticados por manifestações públicas no mundo todo, incluindo muitas cidades dos EUA e quase todas as capitais europeias. Os governos europeus tinham proibido manifestações contrárias a Israel na semana passada, mas agora tais proibições já foram totalmente superadas pela pressão da opinião pública europeia. Até parcela dos israelenses e mesmo familiares dos reféns judeus já percebem que os ataques israelenses contra CIVIS PALESTINOS em nada ajudam na liberação dos reféns pelos guerrilheiros do Hamas.
Israel não respeita hospitais, campos de refugiados, instalações da ONU - os CRIMES DE GUERRA de Israel não têm fim! Espalham o terror por toda a Faixa de Gaza, aterrorizando mais de 2 milhões de palestinos.
ResponderExcluirMisericórdia!
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