domingo, 10 de dezembro de 2023

Aylê-Salassié Filgueiras Quintão* - E o Pirara vai para!... Procure saber o que é isso.

...um peixe, uma montanha, um rio, um grupo indígena?

- "Não acredito que o Brasil não tem interesse no Pirara",, perdido para os ingleses em uma arbitragem internacional duvidosa há mais de cem anos, e, mais tarde, incorporado ao território da Guiana", ao surgir como país em 1966. Com essa agulhada, Nicholas Maduro, presidente da Venezuela, fez uma tentativa de conseguir a conivência brasileira para uma pretensa invasão da Guiana, com o fim de apropriar-se do território de Essequibo, que se diz e ter uma reserva de 11 bilhões de barris de petróleo que, para Maduro, pertence aos venezuelanos.  

Pirara, um sub território que já foi do Brasil, está dentro da região do Essequibo, pretendida por Maduro, e que correspondente a dois terços do território da Guiana. Se o ditador venezuelano conseguir realizar seu sonho, mais que eleitoreiro, o Brasil poderá, enfrentar, com ele, outro problema: discutir a reincorporação do Pirara ao estado brasileiro.

Maduro trabalha em duas frentes: uma para tirar Venezuela do fundo do poço econômico, colocado por Chavez e ele; e usando a ameaça de invasão para respaldar sua campanha política de reeleição em 2024, despertando ânimos nacionalistas. Nos tempos atuais todos os candidatos à reeleição para presidência da República, nos respectivos países, tenta levantar os brios nacionais propondo “guerras justas" - E absurdas! -  como propaganda para afirmar sua autoridade e liderança. Nos Estados Unidos, Donald Trump fez assim. Na Rússia, Wladimir Putin agiu do mesmo jeito, e até pior. O general Leopold Galtiére, da Argentina, invadiu as ilhas Malvinas (território inglês), e se deu mal.  Saddam Hussein, do Iaque, tomou o Kuwait à força, e pagou caro. Milosevic, na Sérvia, desapareceu do mapa.  Agora vem a Venezuela querendo fazer a mesma coisa na Guiana, que tem uma pequena força militar, mas atrás de si está os Estados Unidos, a Inglaterra e a para proteger a Guiana Francesa, também a França.

Essas iniciativas bélicas insensatas pretendem sempre a conivência de alguém, além de buscar   visibilidade num espaço entre as chamadas "potências mundiais”. No caso da Venezuela, que tem mesmo uma questão de território e fronteiriço contencioso, já resolvido em arbitragens internacionais, há mais de 100 anos, o ditador Nicholas Maduro, em tempos de eleição, deve ter ficado com inveja da Guiana, hoje um dos países que mais crescem no mundo, e que acaba de descobrir petróleo, justamente na área do Essequibo. Inspirou-se, provavelmente em Putin, o invasor da Ucrânia, da Geórgia, a Chechênia e outros - com quem Maduro esteve recentemente; e, acredita contar com o apoio do Brasil para invadir o país vizinho, também amigo dos brasileiros.

Recebido como chefe de Estado na posse Lula, no início deste ano, no Palácio do Planalto, Maduro sentiu-se à vontade para tomar a decisão de se apropriar do território guianense. Lula já sabia do processo do Essequibo, por meio de Celso Amorim, chanceler do Brasil nos mandados anteriores, ao mesmo tempo em que Maduro foi chanceler de Hugo Chavez. São, portanto, conhecidos antigos, senão amigos. Amorim esteve recentemente na Venezuela trocando ideias com Maduro. Divulgou-se que era para dissuadi-lo de invadir a Guiana.

- "Não acredito que o Brasil não tem interesse no território de Pirara" provocou   Maduro, em declaração perigosa e atrevida para a imprensa. Aliás, ele já esteve no Brasil uma ou duas vezes meio clandestino sem consultar ou pedir autorização. O Brasil não respondeu. Enviou logo um pequeno contingente militar brasileiro para a fronteira. Para invadir a Guiana por terra, Maduro precisa pedir autorização, que não terá, para passar pelo território Brasileiro, único acesso por terra que sobrou. Restará para ele o espaço aéreo e marítimo, onde ele vai encontrar os norte-americanos e, provavelmente, os ingleses.

No entender de alguns estudiosos trata-se de uma encenação (boquirrota)para melhorar a sua imagem interna.  Mas, o Brasil não está lá para proteger o território de Roraima - que também é reclamado como venezuelano - contra uma improvável invasão pela Venezuela, caminho para chegar a Guiana. Se ele conseguir tomar o Essequibo, a área de Pirara, onde vivem hoje alguns ingleses e sobretudo populações indígenas ali dentro está o Pirara.

Os holandeses foram os primeiros europeus a estabelecer colônias na região, (1598) que envolvia (1815) as colônias de Essequiba, Demerara e Berbice, entregues à Portugal no Congresso de Viena em 1796 e, repassados oficialmente, aos ingleses em 1814, e que veio a se tornar a Guiana Britânica, colonial, e, enfim, em 1966, apenas Guiana, independente.

Antes da chegada dos europeus, a região, hoje conhecida como Guiana, era a Guiana Britânica, habitada por tribos indígenas como: os waiwai, macuxi, patamona, galibis, uapixanas, pemon, capons e waraos. Os índios foram contratados para trabalhar na agricultura a partir de 1838, após a libertação dos escravos. Por sua vez, desde que conquistou sua independência, em 1824, a Venezuela reivindica para si a área de terra a oeste do rio Essequibo.

Mas, lá dentro está o Essequibo Brasileiro (o Pirara), apropriado no passado pela Gran Bretanha. É parte do território que Maduro quer anexar à Venezuela. No fundo, o ditador venezuelano deseja tomar tudo. Seria um oportunidade - quem sabe até negociada entre   Brasil e Venezuela - para projetar ambos como potências militares na América Latina. No início deste ano, o primeiro ministro chinês, Ji Pinging, da China, comentando o militarismo na América Latina, ridicularizou a capacidade militar do Brasil. Não se sabe se foi uma provocação ou uma tentativa de induzir o governo brasileiro a aperfeiçoar suas forças armadas para apresentar-se como líder militar continental, assim como fizeram os próprios chineses mesmos, e a Venezuela, (de linha chavista), apoiada pelos russos,.  "Por que non te callas!."

*Jornalista e professor

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