Folha de S. Paulo
Após resistência no ano de campanha, petistas
tentam disputa nos campos da fé e dos cofres do governo
Nas últimas semanas, Lula fez duas
referências aos evangélicos. Num ato do PT, o presidente
reconheceu que a sigla tem dificuldade em se comunicar com o grupo. Depois, num
evento do governo, ele
reclamou dos ataques da campanha e emendou: "Se tem um cara neste
país que acredita em Deus, é este que está vos falando".
Conselheiros influentes de Lula sempre
resistiram à ideia de disputar o eleitor evangélico no
campo da fé. O argumento era que a esquerda jamais empunharia certas bandeiras
conservadoras. Entrar nessa briga, portanto, evidenciaria uma diferença brutal
de valores. O melhor, segundo esses auxiliares, seria fisgar o segmento pelo
bolso.
O vínculo cristalizado desse eleitor com o bolsonarismo sugere que talvez não seja suficiente contar com uma melhora da economia. Há uma barreira anterior, ligada a um senso de pertencimento, que faz com que muitos evangélicos ainda vejam a esquerda como adversária.
Se Lula disser uma ou duas vezes que acredita
em Deus, pouca coisa vai mudar. Mas a mensagem indica que o presidente busca um
caminho diferente para falar com aquele eleitor. Também nas últimas semanas, o
governo incluiu numa campanha publicitária um cantor gospel e uma personagem
que dá "glória a Deus" quando recebe o Bolsa Família.
Outra iniciativa tem o objetivo de amenizar o
domínio dos templos evangélicos nas periferias. O Ministério do Desenvolvimento
Social passou a oferecer financiamento a projetos de combate à fome tocados
pelas igrejas e começou a treinar seus integrantes para cadastrar beneficiários
de programas sociais.
O governo quer evitar que a identificação dos
evangélicos com a direita se torne definitiva. Pode haver espaço para reverter
uma parte desse quadro. Uma pesquisa recente do PoderData mostra que 52% dos
evangélicos acha que o governo Lula é pior que o governo Bolsonaro, enquanto
30% consideram o petista melhor, e 15% veem os dois da mesma maneira. Em 2022,
Bolsonaro teve 69% dos votos válidos no grupo.
O grupo evangélico é o menos escolarizado,entre as religiões,se bem que isso não define muita coisa.
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