Folha de S. Paulo
Trump avança na disputa para obter indicação
dos republicanos, mas enfrentará obstáculos na eleição
A esperança é a última que morre, mas acho que, a essa altura, nem Nikki Haley acredita muito em suas chances de tirar de Donald Trump a indicação do Partido Republicano para concorrer à Presidência em novembro. Se havia um estado em que um republicano anti-Trump tinha condições de vencer as primárias, era New Hampshire, mas ela não conseguiu. Perdeu por 54% a 43%. Ao que parece, teremos mesmo um repeteco da disputa Biden-Trump.
É preocupante. Como já coloquei aqui, há chances
reais de Trump voltar ao poder, o que seria péssimo para o planeta. O
mundo de 2024, com guerras na
Ucrânia, no Oriente Médio e o problema climático agravado, é um mundo mais
complicado do que o de 2016, que Trump já contribuiu bastante para bagunçar.
Ter uma figura errática, divisiva e com sede de vingança no comando da maior
potência do planeta não parece uma boa ideia. O sistema eleitoral americano,
que na prática reduz a disputa presidencial a algumas poucas corridas
eleitorais em swing states (estados-pêndulo), tampouco ajuda.
Ainda assim, ao contrário do que sugerem
algumas pesquisas eleitorais, creio que Biden é o favorito. Em primeiro lugar,
ele é o atual presidente, e presidentes que disputam a reeleição fazem-no em
condições muito vantajosas. Em segundo lugar, a economia americana vai bem. Se
continuar assim nos próximos meses, dará mais um trunfo a Biden, ainda que os
eleitores relutem em reconhecer que votam com o bolso.
No front anti-Trump, é bastante possível que
o ex-mandatário sofra uma derrota judicial em algum dos muitos processos a que
responde. Isso não vai incomodar o eleitor trumpista convicto, mas poderá
afastar independentes. Os números de New Hampshire, comparecimento e
resultados, também são sugestivos de que haverá significativa mobilização de
independentes contra Trump.
O mundo tem ficado mais maluco, mas daí não se segue que tenha perdido inteiramente o juízo.
Tomara.
ResponderExcluir