O Globo
Jair Bolsonaro convocou sua tropa para
mostrar força e tentar barganhar uma anistia. Três dias depois de silenciar na
Polícia Federal, o capitão abriu o bico na Avenida Paulista.
Seu apelo foi explícito: “O que eu busco é a
pacificação. É passar uma borracha no passado. É buscar maneiras de nós
vivermos em paz. É não continuarmos sobressaltados”.
De volta ao palanque, o ex-presidente falou
em “conciliação” e “anistia para aqueles pobres coitados que estão presos”. Na
prática, quer um acordão para proteger aliados e salvar a própria pele.
O comício de domingo provou que Bolsonaro ainda tem capacidade de mobilização. Derrotado nas urnas e declarado inelegível, ele mantém a condição de líder inconteste da direita.
Isso explica a presença dos governadores de
São Paulo, Minas e Goiás, todos interessados em herdar seus votos em 2026. O
governador do Rio, mais preocupado em fugir da polícia, escapuliu para
Portugal.
O capitão conseguiu a foto que buscava. Para
seu azar, a imagem não deve comover os ministros do Supremo. Na tentativa de se
defender, ele ainda se complicou ao citar a minuta de golpe que escondia na
gaveta.
Alegou que o estado de sítio está previsto na
Constituição, o que é uma meia-verdade. A Carta só autoriza a medida em casos
extremos: declaração de guerra, agressão armada estrangeira ou “comoção grave
de repercussão nacional”. O presidente não pode fechar o regime porque o povo
resolveu votar em outro candidato.
Ao clamar por anistia, Bolsonaro deixou claro
que não tem muita esperança de ser absolvido. Quer que a Justiça ignore os
autos e esqueça o que ele fez. “Nós já anistiamos no passado quem fez
barbaridade no Brasil”, afirmou.
Desde a proclamação da República, o país se
especializou em perdoar militares que se envolveram em quarteladas. O professor
Paulo Ribeiro da Cunha contabilizou 48 anistias a partir de 1895, quando o
presidente Prudente de Morais indultou os rebeldes da Revolução Federalista.
Em nome da conciliação, estimulou-se a
permanência do golpismo na caserna. Ao pregar a “borracha no passado”, o
capitão tenta restaurar essa cultura de impunidade fardada. Em causa própria.
Bolsonaro tchutchuca... O que o canalha não faz pra enganar o povo!
ResponderExcluirExatamente.
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